Chuvas que trazem alívio para bombeiros australianos também causam inundações e novos problemas. Equipes ainda combatem em torno de 100 focos de incêndio na região. Chamas deixaram 29 mortos e 2,5 mil casas destruídas.
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Fortes tempestades continuam a castigar o leste da Austrália neste sábado (18/01), gerando novos problemas na região que vinha sendo devastada por incêndios florestais desde setembro do ano passado.
As chuvas trouxeram alívio para as equipes que combatem as chamas, mas também causaram enchentes repentinas e o bloqueio de estradas, enquanto bombeiros e voluntários ainda lutam contra quase 100 focos de incêndio. O fogo já deixou 29 mortos e destruiu mais de 2,5 mil casas.
Os estados de Nova Gales do Sul, Victoria e Queensland, os mais afetados pelos estragos causados pelas chamas, enfrentam agora os efeitos das fortes chuvas.
Em Queensland, que em apenas três noites teve a mesma média de chuvas de um mês inteiro, algumas das principais estradas tiveram de ser fechadas neste sábado. Partes de Nova Gales do Sul tiveram cortes no fornecimento de eletricidade, após uma noite de fortes tempestades.
"A ocorrência de chuvas fortes e intensas diminuiu, mas tempestades elétricas e pancadas de chuva ainda podem ocorrer durante o fim de semana", afirmou neste sábado o Serviço de Meteorologia de Queensland, que também alertou para inundações nas estradas. A polícia do estado recebeu mais de 50 relatos de rodovias bloqueadas por enchentes repentinas.
Em Victoria, onde ainda há mais de uma dezena de focos de incêndio, o serviço meteorológico também alertou para enchentes repentinas.
Equipes de bombeiros em Nova Gales do Sul combatem 75 focos de incêndio, 25 dos quais ainda não foram contidos. Eles comemoraram a chegada das chuvas. enquanto se esforçam para tirar o maior proveito possível das tempestades.
"As chuvas continuam a cair em uma série de locais incendiados, mas a costa do sul do estado e a região ao longo da divisa ainda não viram nenhuma umidade", disse o Serviço Rural de Incêndios através do Twitter.
Segundo relatos de moradores recebidos pelas autoridades do estado, cinzas e lama de locais incendiados foram transportadas pela chuva para rios em Nova Gales do Sul e causaram a morte de "centenas de milhares de peixes".
Temores de que a fumaça dos incêndios pudessem prejudicar o torneio Australian Open de tênis, que reúne na próxima semana a elite mundial do esporte na cidade de Melbourne, diminuíram neste sábado com a melhora da qualidade do ar, que progrediu de "muito ruim" para "moderada", segundo as autoridades locais.
Apesar do alívio trazido pelas chuvas, as autoridades alertam que a ameaça dos incêndios florestais ainda está longe de ser eliminada.
Austrália enfrenta a pior temporada de incêndios florestais de sua história, causando mortes e evacuações em massa. Também biodiversidade vegetal e animal estão ameaçadas.
Foto: AFP/P. Parks
Paredes de chamas
Com mais de 180 focos de incêndios em toda a Austrália, mais de 8 milhões de hectares já foram queimados. O estado de Nova Gales do Sul, na costa leste, é o mais atingido. Os incêndios em bosques e florestas não são incomuns no continente, mas desta vez sua intensidade foi extrema. A temporada de incêndios já começou em setembro e foi agravada por altas temperaturas, acima de 40ºC.
Foto: Reuters/AAP Image/D.
Desespero no campo
Com uma toalha, este garoto tenta abafar as chamas que se alastram pelo campo. Os agricultores lutam para continuar alimentando o gado, pois pastagens e gramados estão queimados. Muitos tiveram que sacrificar os animais devido a queimaduras ou estresse térmico.
Foto: AFP/W. West
Destruição
Mais de 1.800 casas foram queimadas, milhares de habitantes foram evacuados, e pelo menos 25 morreram. Segundo as autoridades, só no estado de Victoria, que inclui a cidade de Melbourne, nos últimos dias foram evacuadas 67 mil pessoas.
Foto: Getty Images/AFP/S. Khan
Trabalho nas chamas
Longe dos grandes centros ou no litoral, a densidade populacional da Austrália é baixa. Lá os bombeiros voluntários são ainda mais importantes. Devido à extraordinariamente violenta temporada de incêndios, este ano eles serão pagos a partir de um fundo especial: quem estiver envolvido no trabalho de extinção do fogo por pelo menos dez dias receberá uma diária equivalente a 190 euros.
Foto: AFP/S. Khan
Ajuda do Exército
As Forças Armadas da Austrália ajudam a evacuar os residentes por via aérea ou de navio. Três mil reservistas foram chamados para ajudar os bombeiros a combaterem incêndios. Helicópteros militares da Nova Zelândia devem chegar nos próximos dias para dar apoio.
Foto: AFP/AUSTRALIAN DEPARTMENT OF DEFENCE/N. Dorrett
Ar poluído
Este homem em frente ao Parlamento australiano em Camberra tem uma mangueira, mas não faz nada contra as chamas. Do ponto de vista de muitos australianos, poderia ser um símbolo das poucas medidas tomadas pelos políticos em relação à dimensão dos incêndios. O ar na capital australiana está tão poluído, que os moradores foram instados a ficar em casa.
Foto: Imago-Images/AAP/L. Coch
Acusações contra Scott Morrison
O primeiro-ministro é alvo de críticas porque, mesmo quando os incêndios já haviam começado, viajou de férias com a família para o Havaí. Hoje, ele não nega mais a influência humana nas mudanças climáticas, mas continua do lado da indústria do carvão. Em fotos nas redes sociais, há muitos se negam a apertar a mão de Scott Morrison, manifestando sua insatisfação com a gestão da crise.
Foto: AFP/J. Ross
Homenagem póstuma
O trabalho dos bombeiros é perigoso. Geoffrey Keaton morreu numa missão. Quando foi enterrado, em 2 de janeiro, seu filho recebeu uma Ordem de Mérito em nome do pai. Três bombeiros já morreram na temporada de incêndios deste ano.
Foto: Reuters/NSW RURAL FIRE SERVICE
Animais são vítimas
Esse coala foi salvo, mas muitos outros animais, não. Para os coalas, os incêndios são particularmente arrasadores porque instintivamente eles se escondem dentro das árvores e fogos rasteiros não os atingem. Mas os atuais incêndios violentos chegam até as copas das árvores e os matam. Numa área em que sua população é monitorada há bastante tempo, dois terços dos coalas morreram.
Foto: Reuters/P. Sudmals
Procura por comida
Os animais selvagens que sobreviveram ao fogo no Parque Nacional Wollemi, em Sydney, saem em busca de comida. Mas muitas vezes as chamas deixam apenas troncos carbonizados, como em Old Bar, Nova Gales do Sul. Os aborígines costumavam queimar a vegetação rasteira para conter incêndios provocados pelas intempéries de verão. Muitos australianos querem agora que essa prática seja revivida.
Foto: Imago Images/AAP/J. Piper
Ajuda a quem perdeu tudo
O governo australiano anunciou a criação de uma agência nacional para ajudar os afetados pela catástrofe. O equivalente a 1,2 bilhão de euros será distribuído ao longo de dois anos para agricultores, pequenas empresas e moradores. Milhares perderam suas casas no incêndio, como este homem de Nabiac, situada 350 quilômetros ao norte de Sydney.
Foto: AFP/W. West
Consequências na América do Sul
Uma cortina de fumaça cobre as regiões em fogo, como estas montanhas em East Gippsland, no estado de Victoria. Uma nuvem de fumaça percorreu mais de 12 mil quilômetros e chegou à América do Sul, sendo vista em 6 de janeiro sobre o Chile e a Argentina, e devendo chegar ao Rio Grande do Sul. Segundo o Departamento Meteorológico de Santiago, a fumaça não oferece risco à saúde da população.