Lewandowski autoriza estados a vacinar adolescentes
22 de setembro de 2021
Ministro atendeu a pedido protocolado por partidos de oposição, que solicitaram a retomada da imunização após decisão do Ministério da Saúde de suspender a vacinação para essa faixa etária.
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski definiu nesta terça-feira (21/09) que estados, municípios e o Distrito Federal têm competência para decidir sobre a vacinação de adolescentes de 12 a 18 anos contra a covid-19.
Lewandowski destacou que a decisão sobre a inclusão ou a exclusão de adolescentes entre as pessoas a serem vacinadas deverá levar em consideração evidências científicas e análises estratégicas em saúde. Ele lembrou, ainda, a importância de que alunos e professores estejam vacinados para a retomada segura das aulas presenciais.
Para o ministro do STF, a decisão da pasta da Saúde não teve amparo em evidências acadêmicas e critérios estabelecidos por organizações e entidades internacionais e nacionais. Além disso, se mantida, "pode promover indesejáveis retrocessos no combate à covid -19", afirma Lewandowski.
Atualmente, o único imunizante autorizado para aplicação em adolescentes é o da Pfizer-BioNTech.
"A aprovação do uso da vacina Comirnaty do fabricante Pfizer/Wyeth em adolescentes entre 12 e 18 anos, tenham eles comorbidades ou não, pela Anvisa e por agências congêneres da União Europeia, dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Canadá e da Austrália, aliada às manifestações de importantes organizações da área médica, levam a crer que o Ministério da Saúde tomou uma decisão intempestiva e, aparentemente, equivocada, a qual, acaso mantida, pode promover indesejáveis retrocessos no combate à covid -19", escreveu o ministro.
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Suspensão da vacinação de adolescentes
Na quinta-feira da semana passada, o Ministério da Saúde voltou atrás de sua orientação anterior e confirmou que havia retirado os adolescentes de 12 a 17 anos sem comorbidades da lista de vacinação para a covid-19. A pasta recomendou que a vacina da Pfizer-BioNTech fosse aplicada apenas em adolescentes com comorbidades ou privados de liberdade.
A decisão foi detalhada numa entrevista à imprensa do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e amplamente criticada por epidemiologistas, que destacaram a importância de vacinar o maior número possível de pessoas para reduzir a circulação do vírus. Apesar de os adolescentes terem uma menor chance de desenvolverem sintomas graves da covid-19, eles podem contrair o vírus e contaminar adultos e idosos.
O anúncio também foi confrontado por diversos municípios e estados, que anunciaram que manteriam a vacinação de adolescentes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nota comunicando que mantinha a autorização do uso da vacina da Pfizer-BioNTech para essa faixa etária.
Motivos contestados
Durante a entrevista, Queiroga e outros servidores do Ministério da Saúde apresentaram argumentos para justificar a decisão que foram prontamente questionados por epidemiologistas.
O ministro afirmou, por exemplo, que a vacinação de crianças ou adolescentes não seria recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar de a entidade não ter posição contrária à imunização dessa faixa etária. Em vídeo publicado em junho, a organização disse apenas que, na ocasião, a vacinação de adolescentes não era prioritária.
No documento que justifica a decisão, a secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, afirmou que a vacinação nessa faixa etária também não seria necessária neste momento, pois a maioria dos adolescentes são assintomáticos ou apresentam poucos sintomas.
Contudo, muitos países já iniciaram a vacinação dessa faixa etária porque, apesar de a chance de eles terem manifestações graves da doença ser menor, eles ainda podem transmitir o vírus para adultos e idosos.
le (Agência Brasil, ots)
Vírus verbal: frases de Bolsonaro sobre a pandemia
"E daí?", "gripezinha", "não sou coveiro", "país de maricas": desde que o coronavírus chegou ao Brasil, presidente tratou publicamente com desdenho a crise. Enquanto a epidemia avança, suas falas causam ultraje.
Foto: Andre Borges/dpa/picture-alliance
"Superdimensionado"
Em 9 de março, em evento durante visita aos EUA, Bolsonaro disse que o "poder destruidor" do coronavírus estava sendo "superdimensionado". Até então, a epidemia havia matado mais de 3 mil pessoas no mundo. Após o retorno ao Brasil, mais de 20 membros de sua comitiva testaram positivo para covid-19.
Foto: Reuters/T. Brenner
"Europa vai ser mais atingida que nós"
A declaração foi dada em 15 de março. Precisamente, ele afirmou: "A população da Europa é mais velha do que a nossa. Então mais gente vai ser atingida pelo vírus do que nós." Segundo a OMS, grupos de risco, como idosos, têm a mesma chance de contrair a doença que jovens. A diferença está na gravidade dos sintomas. O Brasil é hoje o segundo país mais atingido pela pandemia.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/GDA/O Globo
"Gripezinha" e "histórico de atleta"
Ao menos duas vezes, Bolsonaro se referiu à covid-19 como "gripezinha". Na primeira, em 24 de março, em pronunciamento em rede nacional, ele afirmou, que, por ter "histórico de atleta", "nada sentiria" se contraísse o novo coronavírus ou teria no máximo uma “gripezinha ou resfriadinho”. Dias depois, disse: "Para 90% da população, é gripezinha ou nada."
Foto: Youtube/TV BrasilGov
"Todos nós vamos morrer um dia"
Após visitar o comércio em Brasília, contrariando recomendações deu seu próprio Ministério da Saúde e da OMS, Bolsonaro disse, em 29 de março, que era necessário enfrentar o vírus "como homem". "O emprego é essencial, essa é a realidade. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós vamos morrer um dia."
Foto: Reuters/A. Machado
"A hidroxicloroquina tá dando certo"
Repetidamente, Bolsonaro defendeu a cloroquina para o tratamento de covid-19. Em 26 de março, quando disse que o medicamento para malária "está dando certo", já não havia qualquer embasamento científico para defender a substância. Em junho, a OMS interrompeu testes com a hidroxicloroquina, após evidências apontarem que o fármaco não reduz a mortalidade em pacientes internados com a doença.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/F. Taxeira
"Vírus está indo embora"
Em 10 de abril, o Brasil ultrapassou a marca de mil mortos por coronavírus. No mundo, já eram 100 mil óbitos. Dois dias depois, Bolsonaro afirmou que "parece que está começando a ir embora essa questão do vírus". O Brasil se tornaria, meses depois, um epicentro global da pandemia, com dezenas de milhares de mortos.
Foto: Reuters/A. Machado
"Eu não sou coveiro"
Assim o presidente reagiu, em frente ao Planalto, quando um jornalista formulava uma pergunta sobre os números da covid-19 no Brasil, que já registrava mais de 2 mil mortes e 40 mil casos. “Ô, ô, ô, cara. Quem fala de... eu não sou coveiro, tá?”, afirmou Bolsonaro em 20 de abril.
Foto: picture-alliance/AP Images/A. Borges
"E daí?"
Foi uma das declarações do presidente que mais causaram ultraje. Com mais de 5 mil mortes, o Brasil havia acabado de passar a China em número de óbitos. Era 28 de abril, e o presidente estava sendo novamente indagado sobre os números do vírus. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre...”
Foto: Getty Images/A. Anholete
"Vou fazer um churrasco"
Em 7 de maio, o Brasil já contava mais de 140 mil infectados e 9 mil mortes. Metrópoles como Rio e São Paulo estavam em quarentena. O presidente, então, anunciou que faria uma festinha. "Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha...". Dias depois, voltou atrás, dizendo que a notícia era "fake".
Foto: Reuters/A. Machado
"Tem medo do quê? Enfrenta!"
Em julho, o presidente anunciou que estava com covid-19. Disse que estava "curado" 19 dias depois. Fora do isolamento, passou a viajar. Ao longo da pandemia, ele já havia visitado o comércio e participado de atos pró-governo. Em Bagé (RS), em 31 de julho, sugeriu que a disseminação do vírus é inevitável. "Infelizmente, acho que quase todos vocês vão pegar um dia. Tem medo do quê? Enfrenta!”
Foto: Reuters/A. Machado
"País de maricas"
Em 10 de novembro, ao celebrar como vitória política a suspensão dos estudos, pelo Instituto Butantan, da vacina do laboratório chinês Sinovac após a morte de um voluntário da vacina, Bolsonaro afirmou que o Brasil deveria "deixar de ser um país de maricas" por causa da pandemia. "Mais uma que Bolsonaro ganha", comentou.
Foto: Andre Borges/NurPhoto/picture alliance
"Chega de frescura, de mimimi"
Em 4 de março de 2021, após o país registrar um novo recorde na contagem diária de mortes diárias por covid-19, Bolsonaro afirmou que era preciso parar de "frescura" e "mimimi" em meio à pandemia, e perguntou até quando as pessoas "vão ficar chorando". Ele ainda chamou de "idiotas" as pessoas que vêm pedindo que o governo seja mais ágil na compra de vacinas.