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Liberdade de imprensa atinge pior nível em dez anos, diz ONG

GB/ap/afp29 de abril de 2015

Segundo organização Freedom House, violência e censura levaram à deterioração das condições de trabalho de jornalistas mundo afora. No Brasil, considerado "parcialmente livre", quatro jornalistas foram mortos em 2014.

Symbolbild Pressefreiheit
Foto: picture-alliance/dpa/I. Langsdon

Jornalistas estão na mira de terroristas e de governos autoritários, e alguns países estão endurecendo o controle sobre a mídia. Isso fez com que, em 2014, a liberdade de imprensa tenha alcançado os piores níveis em mais de uma década, indica o relatório anual da ONG Freedom House, divulgado nesta quarta-feira (29/04).

"Os governos usam a segurança ou as leis antiterrorismo como pretexto para silenciar a crítica. Grupos militantes e gangues usam, cada vez mais, táticas descaradas para intimidar jornalistas. Já os empresários da mídia tentam manipular o conteúdo das notícias para satisfazer seus interesses políticos e econômicos", disse Jennifer Dunham, que gerenciou o estudo.

Num ranking, o relatório classifica os países como "livres", "parcialmente livres" ou "não livres". Dos 199 países analisados em 2014, 63 foram considerados "livres", 71, "relativamente livres", e 65, "não livres". Isso significa que apenas uma em cada sete pessoas no mundo vive nos países "livres", caracterizados por forte cobertura de notícias políticas, garantia de segurança aos jornalistas e com baixa influência do Estado nas questões midiáticas.

O Brasil é classificado como "parcialmente livre", na 90ª posição do ranking. A mídia brasileira enfrenta "a ameaça constante de violência e impunidade, assim como censura judicial", destaca a Freedom House. A ONG lembra que quatro jornalistas foram mortos no país em 2014, e muitos outros foram atacados ao cobrir protestos.

Escandinavos na frente

Noruega, Suécia e Bélgica figuram entre os melhores colocados para o exercício da profissão de jornalista. Entre os piores, aparecem Belarus, Crimeia, Cuba, Guiné Equatorial, Eritreia, Irã, Coreia do Norte, Síria, Turcomenistão e Uzbequistão. Devido à forma como a polícia tratou os jornalistas nos protestos de Ferguson, no Missouri, os Estados Unidos caíram no ranking.

Outro país em que a situação para os jornalistas piorou foi a China, onde as autoridades intensificaram o controle sobre meios de comunicação liberais, segundo a Freedom House.

A Europa ainda é a região com a pontuação mais alta, mas a situação também se deteriorou nos últimos dez anos.

As condições de trabalho para jornalistas também ficaram mais duras na Rússia, Síria, Argélia, Nigéria e Etiópia, enquanto a Tunísia "registrou o melhor resultado entre os países árabes". Da população do Oriente Médio e do norte da África, apenas 2% vive num ambiente propício para o livre exercício do jornalismo.

O perigo da propaganda

A Freedom House afirma que uma das razões para o declínio da liberdade de imprensa em todo o mundo é a aplicação de leis restritivas, muitas vezes aprovadas por motivos de segurança nacional.

Segundo Dunham, um dos piores fatores do último ano foi o fato de os Estados democráticos terem que lidar com uma "investida propagandística" por parte de regimes autoritários e grupos paramilitares. "Há o perigo de que, em vez de encorajar a honestidade, o jornalismo objetivo e a liberdade de informação como antídoto, as democracias recorram à censura ou à própria propaganda", ressaltou.

GB/ap/afp

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