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Síria

28 de janeiro de 2012

Após semanas de tentativas de encontrar uma solução para os conflitos na Síria, observadores da Liga Árabe anunciam fim da missão no país. Violência aumenta, com mais de uma centena de mortos nos últimos dias.

Observador no sul da Síria: saída do país se aproxima
Observador no sul da Síria: saída do país se aproximaFoto: REUTERS

Segundo declarações do vice-secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Ben Heli, as delegações da Liga deverão deixar a Síria. Os observadores, segundo ele, suspenderam seus trabalhos e aguardam no momento em Damasco instruções de como proceder a seguir. O coordenador da missão, Mohammed al-Dabi, justificou a decisão pela escalada da violência no país nos últimos quatro dias. Somente na última sexta-feira (27/01), os conflitos na Síria deixaram mais de 100 mortos. Neste sábado, há registro de mais vítimas.

A presença dos observadores da Liga Árabe no país já não era vista, desde o início, com bons olhos pelos opositores do presidente Bashar al-Assad, já que a missão, na opinião destes, apenas retardaria uma intervenção externa para proteger a população do país.

Conselho de Segurança da ONU

O secretário-geral da Liga, Nabil al-Arabi, deverá debater nesta segunda-feira (30/01), perante o Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, um plano árabe de paz para o país, segundo o qual governo e oposição deverão formar, no prazo de dois meses, um governo comum. Assad rejeita a proposta, justificando que tal decisão desrespeita a soberania do país.

Conselho de Segurança da ONU: próximas decisões deverão ser tomadas em breveFoto: AP

A presença de al-Arabi na sede das Nações Unidas, ao lado do chefe de governo do Catar, o primeiro-ministro Hamad bin Jassim al-Thani, encarregado de assuntos ligados à Síria dentro da Liga Árabe, já estava previsto antes da decisão de interromper a missão no país. Há dois meses, a Liga ainda se opunha ao que chamava de "internacionalização" do conflito na Síria.

Bloqueio russo

O Conselho de Segurança das Nações Unidas já havia debatido a questão da Síria na noite da última quinta-feira (26/01). Um projeto de resolução europeu-árabe prevê para o país reformas políticas e um fim da violência na Síria. A Rússia permanece, todavia, como um dos poucos aliados de Assad.

Observadores da Liga Árabe na Síria: missão suspensaFoto: REUTERS

Moscou mantém-se avessa à resolução do Conselho de Segurança e defende novas negociações para a próxima segunda-feira. O projeto, encaminhado pelo Marrocos, ultrapassa "diversos limites", segundo Vitaly Churkin, embaixador russo na ONU. O embaixador acentuou a oposição de Moscou a quaisquer menções a sanções e embargo de armas para a Síria. "Precisamos nos concentrar na construção de um diálogo político", declarou Churkin.

"Processo decisivo"

O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, salientou que o projeto de resolução, baseado na recentes recomendações da Liga Árabe, não prevê sanções nem embargo de armas para a Síria. "Queremos, como os árabes, uma resolução unânime. Já está na hora de apoiarmos os esforços da Liga Árabe", disse Lyall Grant.

Peter Wittig, embaixador alemão na ONUFoto: picture-alliance/dpa

O embaixador francês na ONU, Gerard Araud, declarou que deverá, a partir da próxima quarta-feira, iniciar um "processo de negociações bastante decisivo" em esferas diplomáticas. O resultado, contudo ainda é incerto, uma vez o poder de veto da Rússia e da China já impediu, no segundo semestre do último ano, a efetuação da resolução preparada pelos europeus para o caso.

"A situação na Síria é terrível e fica pior a cada dia", disse Peter Wittig, o embaixador alemão nas Nações Unidas. Segundo ele, é possível que agora, com o apoio da Liga Árabe, as divergências dentro do Conselho de Segurança da ONU possam ser resolvidas. Este é, nas palavras de Wittig, "o momento da virada".

Escalada da violência

Os conflitos na Síria deixam um número cada vez maior de vítimas. Segundo estimativas das Nações Unidas, desde o início dos protestos no país, em meados de março último, foram mortas mais de 5.600 pessoas.

Homs: concentração de opositores e palco de muita violência no paísFoto: picture alliance/dpa

Ativistas da organização LCC relatam que tropas do governo atacaram diversos subúrbios da capital Damasco. Em Rastan, próxima a Homs, centro da oposição no país, houve conflitos violentos entre desertores e forças do governo, segundo informações fornecidas por ativistas dos direitos humanos.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, sediado em Londres, relatou a respeito de combates no leste do país. Em Koria, uma região rica em petróleo, a explosão de um oleoduto causou um incêndio.

O Conselho Nacional Sírio, formado por exilados sírios em Istambul, também deverá apelar ao Conselho de Segurança da ONU, pedindo ajuda ao país. Os opositores de Assad reivindicam há bastante tempo uma espécie de zona de proteção para ativistas e desertores das Forças Armadas Sírias na fronteira com a Turquia.

SV/dpa/dapd/rtr
Revisão: Carlos Albuquerque

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