Liga Alemã de Futebol rejeita interromper temporada
24 de novembro de 2021
Organização descartou apelo de clube da segunda divisão para interromper jogos em meio ao aumento dramático de novos casos de covid-19 na Alemanha.
Torcedores em jogo do Union Berlin e Hertha BSCFoto: Andreas Gora/dpa/picture alliance
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A Liga Alemã de Futebol (Deutsche Fußball Liga, conhecida pela sigla DFL) rejeitou nesta quarta-feira (24/11) um apelo para interromper a atual temporada em meio a recordes consecutivos de casos de covid-19 no país.
A DFL, responsável pelas duas primeiras divisões do futebol alemão, fez a declaração em resposta a um pedido de Helge Leonhardt, presidente do clube de segunda divisão Erzgebirge Aue, da Saxônia, para que os jogos fossem interrompidos até dezembro.
Leonhardt havia afirmado que o futebol precisa servir de exemplo e colocar a segurança das pessoas em primeiro lugar. Ele também afirmou que a medida era necessária para ajudar a diminuir o risco de novas infecções e reduzir a pressão sobre o sistema de saúde alemão.
"A DFL registra os comentários do presidente do Erzgebirge Aue", disse a entidade em comunicado, acrescentando que quaisquer medidas futuras seguirão o conselho das autoridades estaduais de saúde da Alemanha. "A linha aprovada por todos os 36 clubes [nas duas primeiras divisões] desde o início da pandemia sempre foi agir com base em diretrizes das autoridades".
"Um lockdown generalizado autoimposto no sentido de uma interrupção da temporada está fora de questão", concluiu a DFL.
A Alemanha registrou um novo recorde de 66.884 novas infecções e 335 mortes adicionais por coronavírus nesta quarta-feira, o que elevou o total de óbitos para quase 99.768, segundo dados do Instituto Robert Koch de Doenças Infecciosas (RKI). A Alemanha deve atingir ainda nesta semana o total de 100 mil mortes registradas ao longo da crise sanitária.
A incidência de casos por 100 mil habitantes em sete dias no país europeu superou a marca de 400 pela primeira vez desde o início da pandemia, ficando em 404,5 nesta quarta. Há uma semana, a incidência de sete dias era de 319,5, e há um mês, de 106,3.
De acordo com dados do RKI, um total de 68,1% da população da Alemanha está totalmente imunizada contra a covid-19. A taxa está praticamente estagnada há semanas.
A baixa taxa de vacinação é considerada uma das razões para o avanço da quarta onda da pandemia, e autoridades afirmaram que o país vive uma "pandemia dos não vacinados". Especialistas dizem que, para controlar a pandemia de forma eficaz, é necessário um percentual de imunização superior a 75%.
A discussão sobre implementar a vacinação obrigatória contra a covid-19 vem ganhando força e, nesta semana, o ministro da Saúde, Jens Spahn, usou palavras drásticas para tentar motivar a parcela da população que ainda não foi imunizada a tomar a vacina.
"Possivelmente, ao fim deste inverno, praticamente todos aqui na Alemanha — isso às vezes é dito, de forma algo cínica — estarão vacinados, curados ou mortos. Mas de fato é assim", disse Spahn.
jps (Reuteres, DW, ots)
Futebol e política - 150 anos de histórias
O esporte mais popular do mundo comemora 150 anos de existência e, nesse espaço de tempo, teve momentos de conotação política e influência direta na humanidade, desde trégua em guerras à confraternização de etnias.
Foto: picture-alliance/dpa
A trégua de Natal
Véspera de Natal de 1914. A Europa estava em plena Primeira Guerra Mundial, mas soldados alemães e britânicos organizaram um cessar-fogo não oficial ao longo de toda a frente ocidental. O início da "Trégua de Natal" foi na região de Ypres, na Bélgica, onde as tropas adversárias decoraram as trincheiras, trocaram presentes e jogaram uma partida de futebol.
Foto: PD
O mártir do Wunderteam
No dia 3 de abril de 1938, a Alemanha enfrentou o "Wunderteam" da Áustria no famoso "Jogo da Anexação". Matthias Sindelar (esq. camisa escura) marcou um dos gols da vitória austríaca e comemorou efusivamente na frente dos políticos nazistas. Na Copa de 1938 ele se recusou a defender a Alemanha e, em janeiro de 1939, foi encontrado morto, asfixiado por monóxido de carbono na própria cama.
Foto: picture alliance/Schirner Sportfoto
A partida da morte
O FC Start é provavelmente o maior símbolo esportivo de resistência ao nazismo. Mesmo ciente das consequências, o time (de branco) se recusou a fazer a saudação nazista e ousou vencer - pela segunda vez - a Flakelf, equipe da Força Aérea alemã, no dia 9 de agosto de 1942. Pouco tempo depois, os jogadores foram levados para campos de concentração. A grande maioria morreu sob tortura.
Foto: PD
Capitalismo versus socialismo
Em plena Guerra Fria, no dia 25 de novembro de 1953, a melhor seleção da época, a Hungria, enfrentou a Inglaterra no Estádio de Wembley. O confronto tornou-se importante propaganda para as duas ideologias. Os socialistas, liderados por Ferenc Puskas (esq.), venceram os capitalistas por 6 a 3. Foi a primeira derrota inglesa em casa em 90 anos de futebol.
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"El Clásico"
Assim como o ditador Benito Mussolini sentenciou o "Vencer ou Morrer" para a seleção italiana na Copa de 1938, o general Franco também usou o futebol para enaltecer a Espanha que dirigia. E, em oposição aos catalães, ele usou o Real Madrid como ferramenta propagandista nos anos 50 e 60, originando uma das maiores rivalidades do futebol mundial.
Foto: picture-alliance/dpa
A Guerra das Cem Horas
O futebol é uma atividade de confraternização, mas em 1969 os jogos pelas Eliminatórias entre El Salvador e Honduras transbordaram na "Guerra das Cem Horas". Obviamente as razões do conflito foram de ordem econômica e política, mas a animosidade nos jogos foi o estopim para quatro dias sangrentos com seis mil mortos. No jogo decisivo, em campo neutro, El Salvador venceu e foi à Copa de 70.
Foto: picture-alliance/Sven Simon
A guerra parou para ver Pelé
Em excursão pela África em 1969, o Santos parou a Guerra de Biafra, na Nigéria. O governador da região nigeriana inclusive autorizou a liberação da ponte que ligava a cidade de Benin - local do jogo - e Sapele, para que todos pudessem ver o Rei Pelé (na foto com Eusébio). Assim que o Santos subiu no avião, a guerra recomeçou.
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Final de Copa perto de centro de tortura
Quando o general Jorge Videla assumiu o poder e instalou uma violenta ditadura militar, a Argentina já estava definida como anfitriã da Copa de 78. Houve diversas ameaças de boicote e protestos. Paul Breitner, campeão de 74, se recusou a ir à Argentina, e a seleção holandesa, vice-campeã, protagonizou um último gesto de repúdio ao governo militar, dando as costas a Videla .
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Winnie Mandela Futebol Clube
Durante o Apartheid, o futebol era um dos principais catalisadores na luta contra a segregação racial na África do Sul. Naquele período, o clube Winnie Mandela FC (nome da mulher de Nelson Mandela) servia como refúgio para líderes políticos e sindicais perseguidos pelo regime. Com o fim do Apartheid, em 1994, a seleção sul-africana se tornou um poderoso fator de coesão nacional.
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Drogba, o artilheiro pacificador
Já eram quase cinco anos de conflito entre os rebeldes do norte e o governo na Costa do Marfim, em 2007, quando Didier Drogba propôs que a partida contra Madagascar fosse disputada em Bouaké, a capital dos rebeldes. Armas e diferenças foram colocadas de lado para celebrar a vitória por 5 a 0, um gol para cada ano da guerra que ali cessaria.
Foto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images
Os eleitos de Alá contra o Grande Satã
Na Copa de 98, dois países de relação politicamente marcada pela animosidade se enfrentaram sob suspense em Lyon: Estados Unidos e Irã. Com a pregação antiamericana, os aiatolás tentaram capitalizar o confronto e o trataram como o duelo entre os "eleitos de Alá" e o "Grande Satã". Antes do jogo, porém, iranianos entregaram flores e posaram abraçados com os jogadores dos EUA.
Foto: Stu Forster/Allsport
Afeganistão recupera identidade na bola
Devido à invasão russa, a guerras civis e ao regime talibã, o futebol deixou de ser praticado no Afeganistão entre 1984 e 2002. A primeira partida oficial em território afegão ocorreu apenas no dia 20 de agosto de 2013. Três semanas depois, os afegãos conquistaram seu primeiro título internacional, a Copa da Federação do Sul da Ásia, recuperando um pouco de sua identidade.
Foto: Prakash Mathema/AFP/Getty Images
Futebol como unificador de povos
Com o colapso da Iugoslávia, cresceram as tensões étnicas na região - que o futebol, mesmo que por um instante, conseguiu apaziguar. Com a inédita classificação da Bósnia para a Copa de 2014, sérvios, croatas e muçulmanos foram às ruas festejar. Unidos.