Livro de memórias do imperador Hirohito vai a leilão
6 de dezembro de 2017
Manuscrito com recordações da época da Segunda Guerra Mundial revela impotência do monarca japonês para contestar decisões militares. Espera-se que a obra seja arrematada em Nova York por até 150 mil dólares.
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Um livro de memórias do imperador japonês Hirohito, com recordações da Segunda Guerra Mundial, será leiloado nesta quarta-feira (06/12) em Nova York. Espera-se que a obra seja arrematada por um valor entre 100 mil e 150 mil dólares.
O livro de 173 páginas foi ditado pelo imperador a ajudantes pouco depois do final da guerra, a pedido do general americano Douglas MacArthur. Este administrava o país após a rendição japonesa, em seguida aos ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki.
Também conhecido como o monólogo imperial, o livro cobre uma série de eventos, desde o assassinato do barão da droga manchu Zhang Zuolin, em 1928, até a rendição do imperador, em agosto de 1945.
O monólogo, registrado em dois volumes escritos à mão, é considerado por historiadores um texto cuidadosamente elaborado, com o objetivo de defender a responsabilidade do imperador caso fosse a julgamento após a guerra.
Nele, o imperador relata sua decisão de não se opor às decisões do governo da época, mesmo se discordasse. "Ele se deu conta de que se quisesse permanecer no poder, teria que fazer o que eles queriam", afirmou Tom Lamb, diretor para livros e manuscritos da casa Bonhams, onde o livro será leiloado. "No final dos anos 1930 e nos anos 1940, foram tomadas decisões militares que ele não podia contestar."
O conteúdo do documento causou sensação após ser divulgado pela primeira vez, em 1990, pouco depois da morte de Hirohito.
RC/lusa/rtr/ap
Os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki
Ataques às duas cidades japonesas em 1945 são os únicos casos de emprego de armas atômicas numa guerra.
Foto: Kazuhiro Nogi/AFP/Getty Images
O primeiro ataque
Em 6 de agosto de 1945, o avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba nuclear da história. A bomba carregava o inocente apelido de "Little Boy". A cidade tinha então 350 mil habitantes. Um em cada cinco morreu em questão de segundos. Hiroshima foi praticamente varrida do mapa.
Foto: Three Lions/Getty Images
O Enola Gay
O ataque a Hiroshima estava planejado para acontecer em 1 de agosto de 1945, mas teve que ser adiado devido a um tufão. Cinco dias depois, o Enola Gay partiu com 13 tripulantes a bordo. A tripulação só ficou sabendo durante o voo que lançariam uma bomba atômica.
Foto: gemeinfrei
O segundo ataque
Três dias depois do ataque a Hiroshima, os americanos lançaram uma segunda bomba, sobre Nagasaki. A cidade de Kokura era o alvo original do ataque, mas o tempo nublado fez com que os americanos mudassem seus planos. A bomba apelidada de "Fat Man" tinha uma potência de 22 mil toneladas de TNT. Estima-se que 70 mil pessoas morreram até dezembro de 1945.
Foto: Courtesy of the National Archives/Newsmakers
Alvo estratégico
Em 1945, Nagasaki era sede da Mitsubishi, então fábrica de armas responsável por desenvolver os torpedos usados no ataque a Pearl Harbor. No entanto, apenas alguns soldados japoneses estavam baseados na cidade. A má visibilidade não possibilitou um ataque direto contra os estaleiros da fábrica.
Foto: picture-alliance/dpa
As vítimas
Durante meses após os ataques, dezenas de milhares de pessoas morreram por causa dos efeitos das explosões. Somente em Hiroshima, até o fim de 1945, 60 mil pessoas morreram por conta da radiação, de queimaduras e outros ferimentos graves. Em cinco anos, o número estimado de vítimas dos dois bombardeios atômicos é de 230 mil pessoas.
Foto: Keystone/Getty Images
Terror no fim da guerra
Depois de Hiroshima e Nagasaki, muitos japoneses temeram um terceiro ataque, a Tóquio. O Japão declarou então sua rendição, pondo fim à Segunda Guerra também na Ásia. O então presidente americano, Harry Truman, ordenou os bombardeios. Ele estava convencido de que essa era a única maneira de acabar com a guerra rapidamente. Para muitos historiadores, no entanto, os ataques foram crimes de guerra.
Foto: AP
A reconstrução
Devastada, Hiroshima foi reconstruída do zero. Apenas uma ilha, no rio Ota, foi mantida e se tornou o Parque Memorial da Paz. Hoje, há uma série de memoriais: o Museu Memorial da Paz de Hiroshima; a Estátua das Crianças da Bomba Atômica; as Ruínas da Indústria e Comércio; e a Chama da Paz, que vai permanecer acesa até a última bomba atômica do planeta ser destruída.
Foto: Keystone/Getty Images
Contra o esquecimento
Desde 1955, o Museu da Bomba Atômica e o Parque da Paz de Nagasaki prestam homenagem às vítimas dos ataques. No Japão, a reverência às vítimas desempenha um grande papel na cultura e na identidade nacional. Hiroshima e Nagasaki se tornaram símbolos mundiais dos horrores das armas nucleares.
Foto: Getty Images
Dia para relembrar
Desde os ataques de agosto de 1945, as pessoas em todo o mundo lembram as vítimas dos bombardeios atômicos. Em Hiroshima, acontece anualmente um memorial. Sobreviventes, familiares, cidadãos e políticos se reúnem para um minuto de silêncio. Muitos japoneses estão engajados contra o desarmamento nuclear.