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Livro retrata Trump como pai ausente e marido distante

Elizabeth Schumacher lpf
6 de janeiro de 2018

Polêmico “Fogo e fúria” revela detalhes sobre a família do presidente dos Estados Unidos, que, segundo relatos, passa dias sem ter contato com a esposa e tem relação nada convencional com a filha Ivanka.

Trump e a família ao final de um debate eleitoral, em outubro de 2016
Trump e a família ao final de um debate eleitoral, em outubro de 2016Foto: picture-alliance/dpa/J. Lo Scalzo

No recém-publicado Fire and fury: Inside the Trump White House  (Fogo e fúria: Por dentro da Casa Branca de Trump), os relatos coletados pelo jornalista Michael Wolff retratam o presidente dos Estados Unidos como uma figura solitária, com poucos verdadeiros apoiadores e ainda menos amigos, inclusive dentro da própria família.

Funcionários da Casa Branca, incluindo o ex-assessor Steve Bannon, descrevem no livro como ninguém – nem mesmo o próprio Donald Trump – acreditava que o republicano pudesse ganhar a eleição presidencial, e como, mesmo após a vitória, todos em torno dele o tratavam como uma criança incompetente.

Leia também: Equipe vê Trump como criança e idiota, diz autor de livro

O livro sobre o governo de Trump traz revelações sobre um aspecto da vida do presidente do qual pouco se falou, até então: como insiders da Casa Branca veem as relações familiares de Trump.

Wolff descreve que funcionários da equipe de campanha do presidente se surpreendiam ao ver que ele e a esposa, Melania, podiam ficar dias sem ter contato, passando relativamente pouco tempo juntos, mesmo quando ambos estavam na Trump Tower, antes de se mudarem para a Casa Branca.

"O casamento de Trump era desconcertante para a maioria das pessoas em torno dele", escreve Wolff, segundo qual o casal adotou para seu relacionamento uma atitude de "viver e deixar viver”. Segundo relatos, o presidente costuma chamar Melania de "esposa troféu", até na presença dela. E Melania chorou na noite da eleição, pois se tornar primeira-dama "ia destruir sua vida cuidadosamente protegida".

"Pai ausente"

Fire and fury: Inside the Trump White House  (Fogo e fúria: Por dentro da Casa Branca de Trump) apresenta uma imagem ainda pior da relação do presidente com os filhos: "Um pai ausente para os primeiros quatro filhos, Trump foi ainda mais ausente para o quinto, Barron, seu filho com Melania.”

Não há menção a Tiffany, filha de Trump com a segunda esposa, Marla Maples, e os outros dois filhos mais velhos são retratados como figuras cômicas. "Don Jr., de 39 anos, e Eric, de 33, mantiveram um relacionamento forçado e infantil com o pai, um papel que os envergonhava, mas que eles também abraçaram profissionalmente", diz o livro.

De acordo com as fontes a que Wolff teve acesso, Donald John Jr. e Eric, filhos de Trump com a primeira esposa, Ivana Trump, cultivavam a esperança de ter um envolvimento tão próximo quanto o da irmã Ivanka no governo do pai.

"Don Jr. E Eric – que insiders do governo Trump chamam pelas costas de Uday e Qusay, em referência aos filhos de Saddam Hussein – imaginavam se não poderia, de alguma maneira, haver duas estruturas paralelas na Casa Branca: uma dedicada às visões globais do pai, a sua aparência pessoal e sua arte de comercializar; e outra dedicada a questões administrativas do dia a dia."

Os dois acabaram se tornando objetos de ridicularização – não apenas devido ao encontro de Don Jr. com um advogado russo na Trump Tower, em 2016, atitude que Bannon classificou de "traidora" numa entrevista concedida a Wolff.

Relação de negócios

Sobre Ivanka, em geral considerada a filha inteligente e favorita de Trump, Wolff escreve que o relacionamento entre os dois não é "de maneira alguma uma relação familiar convencional".

"Se não era puro oportunismo, era certamente transacional. Eram negócios. Construir a marca, a campanha presidencial e agora a Casa Branca – tudo eram negócios."

De acordo com o jornalista Joe Scarborough, que conhece bem Ivanka e o marido Jared Kushner, o casal tem carinho pelo presidente, mas mantém distância de seus posicionamentos e declarações extravagantes. "Eles têm tolerância, mas poucas ilusões”, explica Wolff.

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