Arquivo canadense adquiriu uma publicação de posse do ditador nazista indicando suas intenções para com os judeus da América do Norte: um possível vislumbre do que seria se a Segunda Guerra tivesse terminado diferente.
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A instituição Library and Archives Canada adquiriu um livro antes pertencente a Adolf Hitler contendo dados detalhados sobre a população judaica americana e canadense, assim como informações sobre organizações e mídia centrais para essas comunidades.
Segundo o arquivo, o livro de 237 páginas, em idioma alemão, intitulado Estatística, mídia e organizações do judaísmo nos Estados Unidos e Canadá, demonstra que o Holocausto não se tratou de um evento puramente europeu, mas sim de uma operação que foi sustada antes de alcançar a América do Norte.
O frontispício ostenta uma águia estilizada, uma cruz suástica e a inscrição "Ex Libris Adolf Hitler", indicando ter vindo da biblioteca pessoal do líder nazista. A publicação foi compilada em 1944 pelo linguista alemão Heinz Kloss, responsável por fornecer informações oficiais e acadêmicas a serem utilizadas pelo regime nacional-socialista.
Kloss era diretor do Departamento de Publicações Stuttgart-Hamburg, dedicado a pesquisar questões de nacionalidade, sobretudo nos Estados Unidos. Ele se especializou nos germanófonos residentes nos EUA, onde mantinha contatos com simpatizantes do nazismo, e visitou o país entre 1936 e 1937.
Segundo a Library and Archives Canada, a aquisição ajuda a "preservar a memória do Holocausto", também constituindo "um modo de nos fazer refletir sobre o que teria acontecido no Canadá, caso a Segunda Guerra Mundial tivesse um fim diferente". Mais de 6 milhões de judeus e integrantes de outros grupos foram assassinados durante o Holocausto nazista, entre 1941 e 1945.
A instituição canadense adquiriu o livro de um negociante fidedigno de objetos culturais judaicos, o qual o obtivera como parte de uma coleção de propriedade de um sobrevivente do Holocausto. Segundo Rebecca Margolis, professora da Universidade de Ottawa e presidente da Associação Canadense de Estudos Judaicos, a publicação confirma os medos dos judeus do país.
"Este relatório de valor incalculável oferece confirmação documentada dos medos de tantos judeus canadenses, de que os nazistas aportariam nas nossas praias, e com eles, a aniquilação da vida judaica aqui. Embora esses medos possam parecer infundados, dada a distância geográfica da Europa nazista ao Canadá, este manual contendo estatísticas sobre as populações judaicas na América do Norte sublinha seu potencial de pesadelo."
A história do mundo desde o século 20 seria bem diferente sem a atuação fatídica do Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores, sua ideologia, propaganda e crimes. Quem eram as principais figuras do movimento?
Foto: picture-alliance/dpa
Joseph Goebbels (1897-1945)
Como ministro da Propaganda, o virulentamente antissemita Joseph Goebbels cuidou para que a mensagem nazista unificada e forjada em ferro chegasse a cada cidadão do "Terceiro Reich". Ele sufocou a liberdade de imprensa, controlou mídia, artes e informação, e impeliu Hitler a declarar "guerra total". Goebbels e esposa cometeram suicídio ao fim da Segunda Guerra, após envenenar seus seis filhos.
Foto: picture-alliance/Everett Collection
Adolf Hitler (1889-1945)
O líder do Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP) desenvolveu sua ideologia antissemita, anticomunista e racista bem antes de assumir como chanceler do Reich, em 1933. Minou as instituições políticas da Alemanha, tornando-a um Estado totalitário, e a partir de 1939 desencadeou a Segunda Guerra, enquanto supervisionava o Holocausto. Adolf Hitler se suicidou em abril de 1945.
Foto: picture-alliance/akg-images
Heinrich Himmler (1900-1945)
Como líder da força paramilitar nazista SS ("Schutzstaffel"), Heinrich Himmler foi um dos membros do partido mais diretamente responsáveis pelo Holocausto. O também chefe de polícia e ministro do Interior controlava todas as forças de segurança do "Terceiro Reich". Ele supervisionou a construção e as operações de todos os campos de extermínio, onde mais de 6 milhões de judeus foram assassinados.
Foto: picture-alliance/dpa
Rudolf Hess (1894-1987)
Três anos após se filiar ao partido nazista, Rudolf Hess participou em Munique do frustrado Putsch da Cervejaria de 1923. Na prisão, ajudou Hitler a escrever "Mein Kampf". Hess fugiu para a Escócia em 1941, para tentar negociar um acordo de paz, mas foi capturado e mantido em cárcere até o fim da guerra. Em 1946, respondeu a processo em Nurembergue, cumprindo prisão perpétua.
Foto: Getty Images/Central Press
Adolf Eichmann (1906-1962)
Ao lado de Himmler, Adolf Eichmann foi um dos principais organizadores do Holocausto. Como tenente-coronel da SS, geriu as deportações em massa de judeus para campos de extermínio nazistas no Leste Europeu. Após a derrota alemã, fugiu para a Áustria e depois para a Argentina, onde foi capturado pelo Mossad israelense em 1960. Condenado por crimes contra a humanidade, foi executado em 1962.
Foto: AP/dapd
Hermann Göring (1893-1946)
Participante do fracassado Putsch da Cervejaria, Hermann Göring se tornou o segundo homem mais poderoso da Alemanha depois que os nazistas tomaram o poder. Ele fundou a polícia secreta do Estado, Gestapo, e serviu como comandante da Luftwaffe até pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Göring foi condenado à morte em Nurembergue, mas se suicidou na noite anterior à execução.