Na República Islâmica, livros são submetidos a um rígido processo de aprovação. Mas a disseminação de atos violentos, mesmo na literatura para crianças, não parece ser um problema.
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O cão era um traidor, um dos cúmplices do lobo-mau. A punição: execução for enforcamento. Foi o mesmo destino, numa outra história, de um gato inimigo, derrotado pelos ratos. São cenas de contos infantis no Irã, país onde cerca de mil pessoas foram executadas em 2015, muitas em público e na presença de espectadores.
Livros de entretenimento e romances são caros. Seus conteúdos são fortemente controlados e precisam ser aprovados por um conselho de supervisão do Ministério da Cultura. E livros infantis não são exceção: também precisam satisfazer os rígidos critérios estabelecidos para defender os valores religiosos do Irã.
"Eu olho com muito cuidado o que eu compro para minha filha de 8 anos de idade. Tenho que me certificar que ela não receba livros que celebrem a violência", diz a designer gráfico Shohreh*, em entrevista à DW. Ela descreve um boom na literatura para jovens no Irã. "Livros infantis são muito mais vendidos do que todos os outros livros. Sei de muitos pais que preferem dar livros a seus filhos, embora eles próprios não gostem de ler."
Na vida real, as mulheres iranianas têm de cobrir os cabelos em público, mas podem vestir o que quiserem em casa. Nas ilustrações, no entanto, as mulheres devem ter lenços na cabeça independentemente da localização. Mulheres desenhadas sem um véu precisam ser redesenhadas caso o livro queira receber a aprovação para publicação e venda. Essa aprovação pode ser revogada a qualquer momento, inclusive após o lançamento.
"Livros infantis se tornaram muito mais religiosos. Há mais histórias envolvem mesquitas ou cerimônias religiosas", diz Shohreh. Ela afirma não estar surpresa que os livros que incluem animais pendurados sejam bem vendidos. "As pessoas assistem a execuções públicas e até mesmo levam seus filhos."
Iranianos preferem assistir à televisão. Livros não são particularmente populares, apesar de 80% da população serem alfabetizados. Dados oficiais, porém contestados, sugerem que iranianos leem 70 minutos por dia. Isso inclui livros didáticos e litúrgicos.
"A sociedade está sendo intencionalmente insensibilizada", diz o advogado de direitos humanos e ativista dos direitos da criança Mohammad Mostafaie. Mostafaie é especialista em casos referentes à execução de menores, que, em alguns casos, podem ser condenados à morte no Irã.
Mostafaie foi forçado a fugir do Irã em 2010, mas segue focado em exercer oposição à pena de morte em sua terra natal. Ele classifica a violência nos livros infantis como altamente perigosa para uma sociedade que carece de liberdade de expressão.
"Estatísticas mostram que a violência, particularmente no seio das famílias, aumentou fortemente", diz. "E há muitas causas. Violência em público é certamente uma delas. Pessoas expostas a tanta violência não titubeiam em usar a força. Isso deve ser combatido e não celebrado."
*nome alterado pela redação
As mais impressionantes bibliotecas alemãs
A única coisa que se precisa saber com certeza é onde fica a biblioteca, disse Albert Einstein uma vez. Confira aqui uma seleção de bibliotecas na Alemanha, em estilos que vão do barroco ao modernismo sem adornos.
Foto: Kolumba, Köln
Biblioteca Municipal de Stuttgart
Projetada para ser um centro de produção cultural, a Biblioteca Municipal de Stuttgart foi construída em 2011, como um cubo de nove andares. As paredes externas são de tijolos de vidro levemente acinzentados. No interior, ela é totalmente branca. Os livros que revestem os cinco andares do luminoso vão interno são os únicos arroubos de cor. À noite, a biblioteca é iluminada em diferentes cores.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Weißbrod
Biblioteca Anna Amalia
A Biblioteca Anna Amalia é uma pequena joia em Weimar que abriga livros, mapas, partituras e registros ancestrais. O seu nome é uma homenagem à duquesa, que fez com que os livros da corte fossem transferidos para o edifício rococó em 1766. Um incêndio em 2004 destruiu parte da preciosa coleção. O prédio considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco foi reaberto após três anos de restauração.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Biblioteca Augusta
A Biblioteca Duque Augusto em Wolfenbüttel é uma das mais antigas do mundo entre as que chegaram aos dias atuais sem perdas em suas famosas coleções. Ela foi transformada numa das maiores bibliotecas europeias de sua época pelo duque Augusto (1579-1666), um ávido colecionador de livros. Ainda hoje, os acadêmicos continuam a recorrer à instituição por sua riqueza em literatura medieval.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Hollemann
Biblioteca Foster
Devido à sua forma craniana, esta instituição berlinense foi apelidada de "o cérebro". Ela abriga as bibliotecas dos Departamentos de Filosofia e Humanidades da Universidade Livre de Berlim e logo se tornou um marco arquitetônico. Inaugurada em 2005, ela foi projetada pelo arquiteto britânico de renome internacional Norman Foster.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Andree/Helga Lade
Biblioteca de Ciências de Oberlausitz
Localizada em Görlitz, junto à fronteira com a Polônia, a Biblioteca de Ciências de Oberlausitz remonta a 1806. Simples, mas convidativa, trata-se de um dos mais impressionantes exemplos classicistas de prédios de biblioteca. Mais de 140 mil livros documentam a história, cultura, natureza e sociedade da região que vai de Dresden, no Oeste, até Wroclaw, no Leste.
Foto: picture-alliance/ZB/M. Hiekel
Centro Jacob e Wilhelm Grimm
O espetacular Centro Grimm é parte da Universidade Humboldt de Berlim. Construído em 2009, ele abriga uma biblioteca e os serviços de informática e mídia da universidade. A sala de leitura (foto) se localiza no centro do edifício. Por sua dimensão e sua concepção espacial quase cênica, ela proporciona "a sensação de ler a céu aberto", diz o arquiteto Max Dudler.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Jensen
Biblioteca Estadual da Baviera
As coleções iniciadas em meados do século 16 cresceram para mais de 10 milhões de volumes na Biblioteca Estadual da Baviera em Munique, antes conhecida como Biblioteca Regia Monacensis (Biblioteca Real de Munique). Entre 1832 e 1843, o acervo foi transferido para o prédio atual, que foi completamente destruído na Segunda Guerra. A biblioteca levou anos para ser reconstruída.
Foto: picture-alliance/dpa
Sala de leitura Kolumba
A sala de leitura do Museu Kolumba, em Colônia, é uma joia por si mesmo. Trata-se de um espaço para contemplação, com paredes revestidas de madeira rajada e uma vista deslumbrante para a metrópole renana a partir de suas altas janelas. Os livros? Catálogos de exposição, publicações individuais e uma coleção variável de romances, livros de arte e infantis, selecionados pela equipe do museu.