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Invenções

30 de dezembro de 2010

Muitos inventores passam às vezes a vida inteira aperfeiçoando seus produtos, mas não sabem levá-los ao mercado. A Erfinderhaus, em Berlim, ajuda inventores a desenvolver novos produtos, e a Erfinderladen, a vendê-los.

Inventar é precisoFoto: Fotolia/Petoo

Na Erfinderladen ("loja do inventor") de Berlim, as coisas nem sempre são o que parecem. As latas de comida para cachorro, pilhas e refrigerantes expostas no estabelecimento são, na verdade, minicofres inteligentes criados pelo inventor local Stefan Neser.

Neser pega o que parece ser uma lata cheia de Coca-cola. Então, ele desenrosca a parte superior, revelando um pequeno esconderijo, com espaço para um maço de dinheiro, algumas joias ou, talvez, um celular.

Neser trabalha com grandes fabricantes, como PepsiCo, Duracell e Bonduelle, adaptando seus cofres aos invólucros das marcas, que vêm completos com lista de ingredientes, conforme norma da UE, e instruções de uso em várias línguas.

Dando aos inventores uma chance

A Erfinderladen é cheia de invenções peculiares e inteligentes. Há um bloco de notícias impermeável para anotação de ideias debaixo do chuveiro, um dispositivo para segurar o seu livro enquanto você lê na cama, botas estofadas para caminhadas na neve e um minichaveiro que se converte no que talvez seja o menor saca-rolhas do mundo. Cerca de 95% dos artigos na loja foram desenvolvidos por inventores alemães.

Stefan Neser faz minicofres inteligentes para grandes marcasFoto: Susan Stone

A coleção é mantida por Marijan Jordan e Gerhard Muthenthaler, que abriram a loja como um subproduto do seu projeto principal, a Erfinderhaus (casa do inventor). Juntos, eles prestam assessoria a inventores iniciantes sobre como dar entrada em pedidos de patente, onde encontrar o dinheiro para o desenvolvimento do produto e como lidar com os fabricantes.

Muthenthaler diz que eles queriam, com a loja, tanto chamar a atenção do público para os serviços menos visíveis da Erfinderhaus, como fornecer uma plataforma de lançamento para os novos itens que ajudaram a desenvolver.

"Na Erfinderladen, podemos mostrar o que fazemos, mostrar os produtos e dar uma chance aos inventores, possibilitando que entrem no mercado, mesmo quando têm apenas cem peças feitas a mão", explica Muthenthaler.

Loja simula teste de mercado

Outra vantagem é que eles têm na loja uma situação de teste de mercado. Quando os clientes respondem positivamente, Muthenthaler e Jordan tentam levar o produto a grandes varejistas, relatando-lhes a repercussão entre os clientes da loja.

Muthenthaler e Jordan iniciaram seu serviço de consultoria em 1997, em Salzburg, na Áustria, mas encontraram um terreno mais fértil na efervescente capital alemã. Os dois já sentiram na própria pele como a vida pode ser dura para os inventores iniciantes. A primeira invenção deles foi uma ideia para um relógio que permite a seu usuário identificar e se conectar com pessoas que compartilham os mesmos gostos e interesses, uma espécie de rede de relacionamento social de pulso.

Inventores Jordan e MuthenthalerFoto: Susan Stone

Quando tentaram desenvolver a ideia, a experiência os levou a uma nova direção. "Nossa primeira reunião de negócios foi com a Swatch, a maior empresa suíça de relógios. Fomos ao encontro como estudantes, dirigindo o carro da nossa mãe", se recorda Jordan.

Essa primeira reunião foi informativa, mas frustrante. A dupla voltou para casa e começou a procurar uma empresa que oferecesse consultoria para inventores. Eles encontraram algumas nos Estados Unidos mas nenhuma na Alemanha. Então, eles decidiram inventar a sua própria.

O mercado alemão precisa de apoio, embora seus inventores gerem um número semelhante de patentes ao do Japão, que só é superado pelos Estados Unidos. A cultura empresarial alemã, com seus processos rígidos e atitudes conservadoras, é sempre reticente em relação relação a novas ideias. Além disso, diz Muthenthaler, a maioria dos inventores trabalha em equipes para grandes empresas, como a Apple e a Siemens. Eles não são identificados como indivíduos.

Muthenthaler admite que tem um fraco por ideias bizarras e produtos que alguns podem achar um pouco loucos ou pelo menos incomuns, mas a Erfinderhaus também colaborou em avanços tecnológicos práticos, como o sistema AutoLux de iluminação de rua, com capacidade de graduação luminosa, assim como novos dispositivos e materiais de construção que fomentam economia de energia.

"Como um inventor você sempre resolve um problema", diz Muthenthaler. "Se é só o seu problema, é o seu problema. Mas se é um problema que outras pessoas também têm, ele é um produto. Essa é a diferença", conclui.

"Somos como garimpeiros"

Marijan Jordan na frente de alguns dos produtos da lojaFoto: Susan Stone

Decidir qual das soluções deve ser realizada é a verdadeira arte desse negócio. Como a tecnologia torna mais fácil o acesso à informação e patentes mais simples de serem catalogadas, Muthenthaler diz que hoje são criadas mais invenções do que nunca. A Erfinderhaus recebe mil ideias por ano.

Mas nem todas as ideias são boas ou novas. Muitos projetos já foram patenteados ou já existem no mercado em algum lugar no mundo. Cerca de 80% das propostas enviadas à Erfinderhaus não passam da primeira reunião, e somente poucas são plenamente desenvolvidas.

"Somos como garimpeiros", diz Muthenthaler. "Eles têm que se sujar na lama e cavar para achar pepitas de ouro. E isso é o que estamos fazendo, procurando as pepitas."

Essa busca está indo além de Alemanha, Áustria e Suíça. A Erfinderhaus lançou um novo site chamado Inpama, destinado aos inventores americanos. A equipe também visitou recentemente uma feira internacional, em Seul, Coreia do Sul, para procurar novos produtos para vender na Erfinderladen.

Autora: Susan Stone (md)
Revisão: Carlos Albuquerque

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