Autoridades locais dizem que monumento representava "capítulo manchado da história", de exploração da população nativa dos EUA. Cidade californiana já havia substituído Dia de Colombo pelo Dia dos Povos Indígenas.
Anúncio
Autoridades locais da cidade de Los Angeles, na Califórnia, removeram no último fim de semana uma estátua de Cristóvão Colombo que estava há 45 anos em um parque central da cidade, no que a imprensa local considerou um "ato de justiça" para com os habitantes nativos do continente.
"A estátua de Colombo reescreve um capítulo manchado da história, idealiza a expansão dos impérios europeus e a exploração dos recursos naturais e dos seres humanos" afirmou Hilda Sólis, supervisora do condado de Los Angeles.
Sólis, que atuou como secretária do Trabalho durante a presidência de Barack Obama, também foi uma das idealizadoras da decisão do Conselho Municipal da cidade de substituir o feriado do Dia de Colombo pelo Dia dos Povos Indígenas.
"Minimizar ou, pior ainda, ignorar a dor dos habitantes nativos é um desserviço à verdade", disse Sólis, acrescentando que a remoção da estátua de Colombo do Grand Park permite "iniciar um novo capítulo da nossa história, em que aprendemos com os erros do passado para que não estejamos mais condenados a repeti-los".
Em outubro, Mitch O'Farrelll, outro membro do Conselho Municipal que promoveu a iniciativa, disse que a troca do feriado foi um passo importante para "eliminar a narrativa falsa de que Cristóvão Colombo descobriu a América". "Os americanos nativos já viviam aqui", observou o membro da tribo indígena Wyandotte.
A medida foi aprovada pelo Conselho Municipal no ano passado, possibilitando que o Dia dos Povos Indígenas fosse comemorado pela primeira vez em 2018.
O Dia de Colombo, observado na segunda-feira de outubro, se tornou um feriado nacional no Estados Unidos em 1937, mas vários estados, como Havaí, Alasca e Dakota do Sul, não comemoram a data.
O navegador e explorador italiano Cristóvão Colombo chegou à América em 12 de outubro de 1492, liderando uma frota sob ordens da Espanha. Seu objetivo original era chegar à Índia.
RC/efe/ots
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube
A diversidade dos povos indígenas na América Latina
Unicef registra 522 grupos étnicos nativos na região. Vítimas frequentes da pobreza, eles sofrem perigos que vão de aculturação e exclusão social à violência. Ao mesmo tempo, são peças-chave na proteção do clima.
Foto: Christopher Pillitz
Amazônia, fonte de diversidade
Segundo o "Atlas Sociolinguístico de Povos Indígenas na América Latina", do Unicef, a Amazônia é a região de maior diversidade de povos nativos, com 316 grupos, dos quais 241 só no Brasil, seguido pela Colômbia (83), México (67) e Peru (43). Outras regiões ricas em diversidade indígena são a Mesoamérica, a Bacia do Orinoco, os Andes e o Chaco. A América Latina como um todo abarca 522 povos.
Foto: DW/T. Fischermann
Pluralidade de povos e línguas
Cinco povos agrupam vários milhões de representantes – Quechua (foto), Nahua, Aymara, Maya yucateco e Ki'che –, outros seis têm entre meio milhão e 1 milhão de membros – Mapuche, Maya q'eqchí, Kaqchikel, Mam, Mixteco e Otomí. Cerca de um quinto dos indígenas perdeu seu idioma nativo nas últimas décadas: de 313 línguas, 76% são faladas por menos de 10 mil pessoas.
Foto: picture-alliance/Robert Hardin
Cada vez mais urbanos
Embora mais de 60% da população indígena do Brasil, Colômbia, Equador, Honduras e Panamá ainda viva em zonas rurais, mais de 40% da de El Salvador, México e Peru reside em áreas urbanas. No Chile (foto) e Venezuela, uma parcela superior a 60% dos nativos vive em cidades, dispondo de 1,5 vez mais acesso a eletricidade e 1,7 vez mais a água corrente do que a das zonas rurais.
Foto: Rosario Carmona
Convivendo com a pobreza
Segundo um informe do Banco Mundial, a pobreza afeta 43% dos lares indígenas – mais do que o dobro dos demais – e 24% vivem em condições de pobreza extrema – 2,7 vezes mais do que os não indígenas. Na Guatemala, em 2011 três de cada quatro habitantes de zonas de pobreza crônica pertenciam a um lar indígena.
Foto: picture-alliance/Demotix
Brecha digital, exclusão social
Apesar da aparente familiaridade deste membro da tribo brasileira dos Kayapó com a tecnologia, ela não tem beneficiado os povos indígenas em geral. Na Bolívia, eles têm quatro vezes menos acesso à internet do que os demais; e no Equador, seis vezes menos. Além disso, o acesso dos nativos a computadores na Bolívia equivale à metade da dos não indígenas.
Foto: AP
Envolvidos na política
Muitos indígenas participam ativamente da vida política de suas comunidades, através de parlamentos locais ou nacionais, estaduais e municipais. Seus líderes ou estão integrados a partidos nacionais ou criaram suas próprias legendas políticas. Assim, existem partidos indígenas muito influentes sobretudo na Bolívia e no Equador, mas também na Venezuela, Colômbia e Nicarágua.
Foto: Reuters/J. L. Plata
Na mira da violência
Por outro lado, representantes de povos indígenas são vítimas de criminalização e hostilidades, sofrendo ameaças, violência e até homicídios por se posicionar contra a instalação de grandes infraestruturas em seu território. Na foto, membro dos Munduruku, no Pará, cujo território é ameaçado pelo extrativismo e por projetos hidrelétricos.
Foto: DW/N. Pontes
Figuras-chave na proteção do clima
O reconhecimento e proteção dos territórios indígenas é uma estratégia eficaz para evitar o desmatamento e combater a mudança climática global. Entre 2000 e 2012, o desflorestamento da Amazônia brasileira nas áreas sob proteção legal foi de 0,6%, contra 7% fora delas.
Foto: Ádon Bicalho/IPAM
Os grandes desconhecidos
Algumas comunidades indígenas seguem se negando a ter contato com o mundo exterior, vivem em áreas isoladas e usam lanças e dardos envenenados para caçar macacos e pássaros. Esse é o caso dos Huaorani, habitantes da selva amazônica do Equador. Nas últimas décadas, muitos deixaram de viver como caçadores para se assentar no Parque Nacional Yasuní.
Foto: AP
Civilização fatal
Infelizmente, alguns dos que foram contatados sofreram consequências drásticas. Os Matsés ou Mayorunas, conhecidos como "povo do jaguar", que vivem à margem do Rio Yaquerana, na fronteira entre o Brasil e o Peru, foram contatados pela primeira vez em 1969. A partir desse encontro, muitos morreram de enfermidades, como tuberculose e hepatite.