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Lufthansa admite que provocou escândalo político

(ef)11 de agosto de 2002

A Lufthansa admitiu que foi um funcionário seu que provocou o escândalo de vôos particulares de políticos proeminentes da Alemanha com bônus obtidos por milhas voadas a serviço.

Após a revelação, Franz Müntefering retirou a denúncia do SPD contra o jornal "Bild"Foto: AP

Em ato contínuo, Franz Müntefering, secretário-geral do Partido Social Democrático (SPD), presidido pelo chanceler federal, Gerhard Schröder, retirou a sua denúncia contra o jornal Bild. Este divulgara nomes de uma lista da Lufthansa. A queixa-crime, por sua vez, havia gerado uma discussão nacional sobre liberdade de imprensa.

Um funcionário da Lufthansa reuniu cerca de 100 nomes de políticos de todos os partidos e passou a lista adiante, anunciou um porta-voz da Lufthansa, em Frankfurt, neste sábado (10). A descoberta foi feita no lastro de uma investigação interna da companhia aérea para averiguar se a lista que provocou o escândalo foi fornecida por pessoas da própria Lufthansa. Nesse meio tempo, a empresa suspendeu o empregado responsável, cujo nome não revelou, e solicitou a abertura de inquérito contra ele ao Ministério Público de Frankfurt.

Em conseqüência do escândalo, renunciaram os deputados do Partido Verde, Cem Özdemir, e do neocomunista PDS, Gregor Gysi. Este era o político mais famoso do Partido do Socialismo Democrático (PDS). Ele não só deixou também o cargo de secretário de Economia de Berlim, como se retirou da política, o que representa um duro golpe para o seu partido. Özdemir, por sua vez, foi o primeiro filho de imigrante a entrar para o Parlamento alemão, era tido como um modelo para filhos de imigrantes e tinha atuação destacada entre os verdes.

Liberdade de imprensa

Além de afetar gravemente a conduta moral dos políticos, o escândalo gerou uma discussão na Alemanha sobre proteção de dados e liberdade de imprensa. A Lufthansa foi inicialmente muito criticada por não atender a exigência do Parlamento para fornecer a lista de deputados que fizeram viagens de caráter particular com bônus obtidos por vôos de serviço, ao mesmo tempo em que o jornal de maior tiragem na Alemanha (Bild) fazia manchetes escandalosas com nomes de deputados do Partido Verde e do PDS. A empresa justificou a recusa em nome da proteção de dados.

Por não ter divulgado a lista completa dos políticos que fizeram uso indevido de seus bônus, mas apenas nomes de alguns deputados de esquerda, o Bild foi acusado, inclusive pelo chefe de governo, Schröder, de fazer uma campanha contra a sua coalizão de governo social-democrata e verde em plena campanha eleitoral para a eleição do Parlamento e do governo em 22 de setembro.

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