Companhia aérea alemã reduz operações em meio à pandemia do novo coronavírus e anuncia possibilidade de mais suspensões. Cancelamentos atingem sobretudo rotas na Europa, Ásia e Oriente Médio.
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A companhia aérea alemã Lufthansa anunciou nesta quarta-feira (11/03) que cancelará 23 mil voos entre 29 de março e 24 de abril devido ao surto do novo coronavírus. Além desses, a empresa acenou com outros cancelamentos nas próximas semanas.
"Devido a circunstâncias excepcionais, a Luftansa reduziu seus voos", divulgou a companhia em comunicado. Os cancelamentos atingem sobretudo rotas na Europa, Ásia e Oriente Médio. A Lufthansa afirmou que tomará precauções para que todos os destinos em todos os continentes sejam alcançados por pelo menos um voo do grupo a partir dos centros de operação da empresa em Frankfurt, Munique, Zurique, Viena e Bruxelas.
A atual suspensão das operações se une aos 7.100 cancelamentos anunciados anteriormente em toda a Europa, até o fim de sua tabela de inverno, em 28 de março.
A Austrian Airlines, que também pertence ao grupo, reduzirá em março e abril pela metade suas operações. Já a companhia de baixo custo Ryanair planeja suspender 30% dos voos entre 29 de março e 30 de abril.
Na semana passada, a Lufthansa havia anunciado a redução à metade de suas operações nas próximas semanas, devido a "reduções drásticas nas reservas de passagens e inúmeros cancelamentos de voos" em consequência do surto de coronavírus em vários países.
O anúncio dos cortes veio após se intensificarem os efeitos da disseminação global da doença covid-19. Os voos para a China e o Irã estão suspensos até o fim de abril, enquanto restrições impostas por Israel à chegada de não residentes de alguns países da União Europeia levaram a diretoria da Lufthansa a cancelar todos os voos para o país até 28 de março.
Devido ao surto, a companhia ofereceu a todos os passageiros até 31 de março a remarcação das passagens sem custo adicional. As viagens podem ser remarcadas para até 31 de dezembro deste ano.
A rápida disseminação do coronavírus atingiu em cheio o setor de aviação, com a redução do número de passageiros devido ao cancelamento de eventos, viagens de trabalho e férias. A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) alertou recentemente que o impacto no setor da aviação deverá ser de entre 63 bilhões e 100 bilhões de dólares.
Nesta quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia do novo coronavírus. O número de casos fora da China se multiplicou por 13 em duas semanas, e o de países afetados triplicou. Segundo a OMS, já há mais de 118 mil casos de infecção com o vírus Sars-Cov-2 em 114 países, com 4.291 mortes oficialmente confirmadas.
Medo da covid-19 dominou mercado financeiro. Mas nem toda empresa sofreu com o coronavírus: para algumas, os negócios nunca foram tão lucrativos.
Foto: picture-alliance/B. Kammerer
Quarentena diante da TV
Quando as ações caíram em todo o mundo na última semana de fevereiro de 2020, os títulos do serviço de streaming de vídeos resistiram com sucesso à queda. O cálculo dos corretores é simples: quanto mais os cidadãos precisarem ficar em casa devido ao vírus, mais assistem a séries e filmes na Netflix e outras plataformas.
Foto: picture-alliance/AA/M.E. Yildirim
Pedalando juntos – sem contato
A startup do setor de fitness Peloton Interactive, que oferece bicicletas ergométricas e aulas de ginástica online, não pode reclamar da cotação de suas ações: como cada vez mais adeptos do fitness evitam a academia por medo do vírus, muitos usam a bicicleta de última geração da Peloton, que permite conectar-se em rede para pedalar em conjunto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Lennihan
Bilionários do vírus
O chefe da companhia farmacêutica Moderna, Stephane Bancel (dir.), tornou-se bilionário da noite para o dia, quando sua empresa anunciou uma nova vacina contra o coronavírus para testes clínicos em humanos, fazendo disparar o valor de suas ações na Bolsa. Lim Wee-Chai, da Malásia, proprietário majoritário do fabricante de luvas médicas Top Glove, também entrou para o clube de bilionários.
Ferramentas para escritório em casa
As ações da startup Zoom Video Communications, que oferece software de comunicação para videoconferências e reuniões online, aumentaram quase 50% desde fevereiro. Quanto mais gente trabalha em casa, melhor para os negócios da empresa californiana: com 2,2 milhões de novos clientes, a Zoom já conquistou mais usuários nos primeiros dois meses de 2020 do que em todo o ano anterior.
Foto: zoom.us
Estocando para a grande crise
As compras por precaução em grandes redes de supermercados da Europa, como Rewe ou Carrefour, esvaziaram as prateleiras de massas e enlatados em alguns locais. A corrida aos supermercados fez com que investidores aplicassem em ações de fabricantes de alimentos embalados. Devido ao medo de sair de casa, também prosperam varejistas online, como Amazon ou a chinesa Alibaba.
Os fabricantes de máscaras de proteção, desinfetantes e lenços higiênicos vivenciam grande aumento da demanda, pois os consumidores procuram formas de se proteger do vírus que se dissemina. A companhia americana 3M, que fabrica máscaras anticontágio, entre outros artigos, é uma das mais beneficiadas.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/Yichuan Cao
Cooperação a distância segura
Na empresa alemã TeamViewer, que disponibiliza software para manutenção remota de compartilhamento de tela, videoconferência, transferência de arquivos e VPN, o número de usuários vem aumentando desde o surto de covid-19, especialmente na China, o epicentro da epidemia. O valor das ações subiu mais de 20% em poucos dias.