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Pelo petróleo mais barato

Agências (av)10 de maio de 2008

Em entrevista a um semanário alemão, o presidente brasileiro falou das novas reservas de petróleo, biocombustível, a esquerda latino-americana. E do Brasil que gostaria de mostrar à premiê alemã. A seguir, uma prévia.

Presidente Luiz Inácio da SilvaFoto: AP

Neste fim de semana prolongado, com a população revoltada pelo aumento brutal da gasolina (ultrapassando 1,50 euro) o presidente Lula certamente granjeou a simpatia de numerosos alemães. A revista Der Spiegel anunciou a publicação de uma entrevista com o chefe de Estado e governo, cujo título é: "Queremos fazer o petróleo ficar mais barato".

Ao conceituado semanário alemão, Luiz Inácio da Silva reafirmou seu desejo de que o Brasil entre para o cartel petroleiro da OPEP. Então, graças às enormes reservas do combustível fóssil recentemente descobertas no litoral do Rio de Janeiro, a meta seria tentar baratear o petróleo.

Biocombustível é assunto para o Brasil e a África

Alemanha produz biocombustível a partir do óle de colza

Evocando 33 anos de experiência brasileira com bioenergia, o presidente desencorajou os planos europeus de incrementar sua produção de biocombustível, à custa do cultivo de alimentos, especialmente de cereais.

"Sempre disse a meus amigos europeus: não vale a pena vocês mexerem na sua bem ordenada agricultura para produzir biocombustível. Nós ou os africanos sabemos fazer isso muito melhor."

Plenamente convencido das vantagens da cana-de-açúcar e do óleo de dendê, e rechaçando qualquer conseqüência negativa para a ecologia brasileira – em especial no tocante a eventuais desmatamentos – Lula expressou um desejo: "O Primeiro Mundo devia deixar de subsidiar a própria agricultura, e de impor altas taxas de importação".

Sem medo da esquerda latino-americana

No tocante aos pontos de contato entre os governos sul-americanos, observou: "A esquerda da América do Sul utiliza as mesmas palavras de ordem que a esquerda européia nos anos 20 e 30 do século passado. Onde reina a fome, onde as pessoas são excluídas da educação, os políticos se apresentam de forma mais radical".

Lula tranqüilizou os que observam com receio as tendências políticas na América do Sul: "Hoje em dia todos concordamos – com exceção das Farc na Colômbia – que as eleições são o único caminho legítimo para se chegar ao poder". "Sem dúvida, [Hugo] Chávez é o melhor presidente da Venezuela dos últimos 100 anos. No entanto ele não tem, nem de longe, a influência que lhe atribuem. A Europa não precisa ter medo da esquerda da América Latina."

Mostrando o Brasil a Merkel

Lula negou qualquer desejo de se reeleger, ao fim de seu segundo mandato. "Senão a democracia se transforma em ditadura. Mudança é bom para o país." Quanto à Copa do Mundo de 2014 no Brasil, ele afirmou que a aproveitará muito mais, não mais como presidente, mas sim na qualidade de simples fã do futebol.

Com vistas à cúpula euro-latino-americana em Lima e à visita ao Brasil da premiê alemã, Angela Merkel, na próxima semana, o presidente comentou: "Compreendo que, depois da queda do Muro, os alemães se voltaram sobretudo para o Leste. Mas agora devem novamente se orientar mais pelo Brasil e a América do Sul. Eles devem considerar que potencial a região terá em 10 ou 15 anos".

A Merkel, o governante brasileiro preferiria mostrar "mais do que apenas a capital". "Gostaria de levá-la à Região Amazônica, até os descendentes de alemães em Blumenau ou a uma assembléia de trabalhadores na Volkswagen".

[Todas as citações neste artigo foram traduzidas a partir do texto alemão da entrevista ao Spiegel. Assim, é possível que não correspondam literalmente às palavras do presidente Luiz Inácio da Silva.]

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