Lula venceria eleição no primeiro turno, aponta pesquisa
25 de junho de 2021
Levantamento do Ipec mostra petista com 49% das intenções de voto na disputa presidencial. Bolsonaro aparece com 23% da preferência do eleitorado.
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Pesquisa divulgada nesta sexta-feira (25/06) aponta que o petista Luiz Inácio Lula da Silva tem chance de vencer a eleição presidencial de 2022 ainda no primeiro turno. Segundo levantamento do Ipec, divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o ex-presidente teria 49% dos votos totais caso a eleição fosse realizada hoje. O percentual equivale a 56% dos votos válidos, suficiente para que ele saia vencedor ainda na primeira rodada do pleito.
Já o atual presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), aparece em segundo lugar, com 23% dos votos totais, ou 26% dos válidos.
Em seguida, aparecem Ciro Gomes (PDT), com 7% dos votos totais, João Doria (PSDB), com 5% e Luiz Henrique Mandetta (DEM), que tem 3%.
Considerando todos os nomes que aparecem na pesquisa, o ex-presidente Lula tem 11 pontos percentuais a mais que a soma de seus possíveis adversários. Os votos brancos/nulos somam 10%. Já o percentual de eleitores que declaram não saber em que votar ou que não quiseram responder é de 3%.
Lula recuperou seus direitos políticos em março, após a anulação de todas condenações contra o petista no âmbito da Operação Lava Jato em Curitiba.
O levantamento do Ipec foi realizado entre 17 e 21 de junho e ouviu 2.002 pessoas, em 141 municípios. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos.
O Ipec foi lançado em janeiro de 2021, por ex-executivos do Ibope, que encerrou suas atividades no início do ano após sete décadas de atuação.
Na quinta-feira, o Ipec já havia divulgado uma pesquisa sobre a avaliação do governo Bolsonaro, que apontou aumento da reprovação do presidente.
De acordo com o levantamento, 24% dos brasileiros consideram o governo ótimo ou bom, contra 28% em fevereiro. Já o percentual de brasileiros que avaliam o governo como ruim e péssimo subiu de 39% em fevereiro para 49% em junho.
Os percentuais são similares a uma pesquisa Datafolha divulgada em maio, que apontou a aprovação ao governo Bolsonaro atingiu o menor patamar registrado desde o início de seu mandato em 2019. Naquele mês, o levantamento indicou que apenas 24% dos brasileiros consideram a gestão de Bolsonaro ótima ou boa, uma queda de seis pontos percentuais em relação à sondagem anterior realizada em março. O levantamento mostrou ainda que 45% dos brasileiros avaliam o governo Bolsonaro ruim ou péssimo.
A aprovação ao governo está em queda desde o início de dezembro do ano passado, quando alcançou o maior patamar (37%). A satisfação com a gestão de Bolsonaro passou a cair com o agravamento da epidemia de covid-19 no país, o colapso do sistema hospitalar em diversos estados e a lentidão da campanha de vacinação.
A gestão de Bolsonaro na pandemia é atualmente alvo de uma CPI no Senado, que investiga as ações e omissões do governo federal no combate à covid-19. Desde o registro dos primeiros casos no país, o presidente vem negando a gravidade da doença, que já deixou mais de 500 mil mortos, e ignorando medidas sanitárias reconhecidas cientifica e internacionalmente como necessárias para conter a propagação do coronavírus.
jps (ots)
A história das eleições presidenciais no Brasil
A história das eleições presidenciais no Brasil
Foto: Adriano Machado/REUTERS/Nelson Almeida/AFP
1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.