"Luzes se apagaram e não lembro de mais nada", diz aeromoça
30 de novembro de 2016
Começam investigações para determinar a causa da tragédia com o avião da Chapecoense na Colômbia. Especialistas apontam falha elétrica, falta de combustível e mau tempo como possíveis explicações para a queda.
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Dois sobreviventes da tragédia aérea com o avião que transportava a equipe da Chapecoense, na Colômbia, e que resultou em 71 mortos, deram suas primeiras declarações ainda nesta terça-feira (29/11).
"As luzes se apagaram e não lembro de mais nada", relatou a aeromoça da empresa aérea boliviana LaMia, Ximena Suárez, à secretária de governo do departamento de Antioquia, Victoria Eugenia Ramírez. Suárez foi resgatada na montanha El Gordo, localizada no município de La Unión, onde aconteceu o acidente.
Outro sobrevivente, o comissário de bordo Erwin Tumiri, afirmou a jornalistas que sobreviveu porque seguiu os protocolos de segurança. "Diante da situação, muitos se levantaram de seus lugares e começaram a gritar. Eu coloquei as malas entre minhas pernas para formar a posição fetal recomendada nesses casos de acidentes."
Além de Ximena e Tumiri, também sobreviveram ao acidente os jogadores Alan Ruschel, Jackson Follmann e Hélio Neto, e o jornalista Rafael Henzel, que foram internados em hospitais próximos de Medellín. Follmann teve a perna direita amputada. Neto permanecia em cuidados intensivos, com traumas severos no crânio, no tórax e pulmões. Ruschel foi submetido a uma operação na coluna.
Falta de combustível e pane elétrica
Radar mostra os últimos momentos do avião
00:24
O avião da LaMia, um modelo Avro RJ85 com 77 pessoas a bordo, declarou estado de emergência no início da madrugada desta terça-feira (horário de Brasília), comunicando uma pane elétrica quando se aproximava do Aeroporto Internacional José María Córdova, em Medellín.
Além da pane elétrica, especialistas falam que o avião pode ter ficado sem combustível, uma hipótese que é reforçada pelo fato de ele não ter explodido ao se chocar contra o solo. Além disso, uma chuva forte atingia a região no momento do acidente, o que pode ter contribuído para a tragédia.
Especialistas ouvidos pela agência de notícias Efe afirmaram que a autonomia de voo do modelo Avro RJ85 é muito reduzida, o que reforça a possibilidade de que a aeronave tenha ficado sem combustível. A falta de combustível, por sua vez, explicaria a pane elétrica comunicada pelo piloto ao aeroporto.
Há ainda o relato anônimo de um piloto da Avianca à Radio Caracol, da Colômbia. Ele viajava nas proximidades do voo da Chapecoense e disse que a tripulação da LaMia solicitou prioridade para pousar por estar sem combustível. Depois, comunicou falha elétrica.
Segundo outros relatos, teria acontecido uma emergência no aeroporto de Medellín. Um Airbus 320 da empresa Viva Colômbia recebeu prioridade para pousar por estar com sinais de vazamento de combustível. Por causa disso, o avião da Chapecoense teria entrado na fila de espera, aguardando autorização para o pouso.
Jogador pede investigação do avião
O atacante Miguel Borja, do Atlético Nacional, pediu que seja investigado o estado prévio em que se encontrava o avião, lembrando que várias equipes já viajaram nele. "É o mesmo avião, a mesma tripulação, o mesmo capitão. Nesse avião, às vezes, tivemos que parar para colocar combustível, isso dá para investigar", disse o atacante à emissora Win Sports.
O avião levou, em várias oportunidades, tanto os jogadores do Atlético Nacional como os da seleção colombiana, disse Borja. "É difícil porque poderíamos ser nós, já que várias vezes viajamos nesse avião. Isso nos faz refletir sobre a vida. Em nossos corações há sentimentos. O mundo do futebol se está dando conta do que passou", afirmou o atacante.
Investigadores brasileiros se deslocaram para a Colômbia para ajudar na análise das caixas pretas do avião, que foram encontradas em perfeito estado no local do acidente. As investigações da causa do acidente começarão nesta quarta-feira. A Bolívia, país onde a empresa LaMia tem sua sede, e o Reino Unido, país do fabricantes da aeronave, também enviaram especialistas para ajudar nos trabalhos.
AS/efe/rtr/ap
A tragédia com o avião da Chapecoense
O voo que levava a equipe para final da Copa Sul-Americana caiu a poucos quilômetros de Medellín, na Colômbia. A bordo estavam nove tripulantes e 68 passageiros, entre jogadores, dirigentes do clube e jornalistas.
Foto: Reuters/M. Varley
Acidente próximo a Medellín
O acidente ocorreu na madrugada desta terça-feira (29/11) na região montanhosa conhecida como El Gordo, a cerca de 50 quilômetros de Medellín, no noroeste da Colômbia.
Aeronave de fabricação britânica
A aeronave modelo British Aerospace (BAE) 146, de fabricação britânica, operada pela boliviana LaMia (foto de arquivo), teria se partido em três partes durante um pouso forçado.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Mais de 70 mortos
Inicialmente, a lista fornecida pelas autoridades indicava que até 81 pessoas poderiam estar a bordo, incluindo 72 passageiros e nove tripulantes. Mais tarde, autoridades confirmaram um total de 71 mortos e seis feridos. Quatro pessoas não embarcaram de última hora.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Benavides
Fim de um sonho
A equipe do Chapecoense viajava para Medellín, onde disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional, da Colômbia. O time embarcou num voo comercial a partir de São Paulo e com conexão em Santa Cruz de la Sierra. De lá, o avião partiu rumo a Medellín.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Cunha
Uniformes entre os destroços
Entre os destroços da aeronave, as equipes de resgate encontraram partes dos uniformes da Chapecoense. Estavam a bordo 22 jogadores de futebol, 25 dirigentes, membros da comissão técnica e convidados da equipe, além de 21 jornalistas brasileiros.
Foto: Imago/Xinhua
Sobreviventes
Segundo as autoridades locais, seis pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu a caminho do hospital. Entre os sobreviventes estão os jogadores brasileiros Alan Ruschel (foto), Jackson Follmann e Hélio Zampier Neto.
Foto: Imago/Agencia EFE
Jornalista resgatado
Entre os sobreviventes está o jornalista brasileiro Rafael Henze. De acordo com as equipes de resgaste, Henze foi encontrado com vários ferimentos, mas sua condição é estável. O jornalista foi levado para o hospital de La Ceja.
Foto: Imago/Agencia EFE
Herói não resiste
Herói da classificação para a final da Sul-Americana, com uma defesa-chave na semi contra o San Lorenzo (foto), o goleiro Danilo chegou a ser resgatado com vida e foi levado para um hospital em Rionegro, próximo a Medellín. Porém, não resistiu aos ferimentos.
Foto: Reuters/E. Marcarian
Comoção da torcida
Após a notícia do acidente, fãs da equipe começaram a se aglomerar em frente à Arena Condá, estádio do time na cidade de Chapecó, Santa Catarina.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Dia seguinte
Um dia depois da tragédia, torcedor mirim chora pela perda dos ídolos nas arquibancadas da Arena Condá, em Chapecó.
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Homenagem dos colombianos
No estádio do Atlético Nacional, em Medellín, dezenas de milhares de torcedores vestidos de branco prestaram tributo às vítimas da tragédia aérea, no dia 30 de novembro. Os jogadores do clube homenagearam os colegas da Chapecoense, com quem jogariam partida na final da Copa Sul-Americana.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Discurso emocionado
No estádio em Medellín, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra, fez discurso emocionado. "As expressões de solidariedade que aqui encontramos nos oferecem um consolo imenso, uma luz na escuridão, num momento em que estamos todos tentando compreender o incompreensível", disse.
Foto: picture alliance/dpa/M. D. Castaneda
Velório coletivo
Torcedores da Chapecoense se despediram de seus ídolos numa cerimônia na Arena Condá, em 3 de dezembro. Apesar da chuva, milhares de pessoas foram ao estádio do clube para receber os caixões de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica do time. O presidente Michel Temer acompanhou a cerimônia, mas não discursou.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Moreira
Antes do acidente
A última partida do Chapecoense aconteceu em 27 de novembro, contra o Palmeiras, em São Paulo. A equipe perdeu por 1 a 0 na penúltima rodada da série A do Campeonato Brasileiro. Na foto, Alan Ruschel, um dos sobreviventes do acidente aéreo na Colômbia.
Foto: Getty Images/F. Vogel
Pouco combustível, excesso de peso
No dia 26 de dezembro, relatório divulgado por investigadores colombianos revelou série de erros humanos. Pilotos sabiam da falta de combustível. Aeronave trasnportava 400 quilos a mais do que o permitido e não estava certificada para voar acima de 29 mil pés. Mesmo assim, autoridades bolivianas aprovaram o plano de voo.