Anja Kallenbach disputou título com ativista que luta contra gordofobia, com testemunha de Jeová e vítima de violência sexual. Essa foi a segunda edição do evento após mudanças para deixar concurso menos sexista.
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A empresária de 33 anos, mãe de duas crianças de 7 e 5 anos, Anja Kallenbach foi eleita Miss Alemanha 2021 neste sábado (27/02), desbancando outras 15 candidatas. Sob o lema "Empoderando mulheres autênticas", o evento foi realizado sem público devido às restrições impostas no país para conter a pandemia de covid-19 e transmitido ao vivo pela internet.
Kallenbach afirmou que deseja ser um modelo para outras mulheres com sua "experiência de vida, profissão, otimismo e como mãe, amiga e mulher". Do estado da Turíngia, a nova Miss Alemanha disse ainda que gostaria de encorajar todas as mulheres "a fazerem tudo o que as faz se sentirem bem, sem se importar com idade, aparência e opinião alheia".
Casada e mãe de duas meninas, Kallenbach comanda com o marido duas lojas de bicicleta. Ela recebe o título que foi da empresária Leonie von Hase, de 35 anos, a primeira vencedora do Miss Alemanha após mudanças realizadas para deixar o concurso menos sexista e mais diverso, com candidatas sendo escolhidas não somente pela beleza, mas principalmente pelo caráter.
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Segunda edição após mudanças
O formato do Miss Alemanha foi modificado no ano passado após ser alvo de críticas pela objetivação das mulheres. O quesito beleza deixou de ter peso na competição, que passou a permitir a participação de mulheres casadas e mães, e elevou o limite de idade em dez anos para incluir mulheres de até 39 anos. A idade mínima é de 18 anos.
Além disso, a tradicional prova em que as candidatas precisam trajar biquínis para exibir seus corpos, considerada sexista por ativistas feministas, deixou de existir.
A edição do Miss Alemanha 2021 foi a segunda realizada com base nas novas regras. Neste ano, o concurso contou com a participação de uma ativista que luta contra a gordofobia, uma vítima de violência sexual, uma testemunha de Jeová e uma mulher com ostomia.
Diversas candidatas destacaram que só toparam participar do Miss Alemanha devido às mudanças realizadas no ano passado. "Não teria participado de um concurso de beleza. Quem precisa ver alguém desfilando de biquíni?", disse a Miss Hessen, Cynthia Junghanns.
Já a Miss Hamburgo, Julia Kremer, ressaltou que como mulher gorda não teria qualquer chance de participar de um concurso de beleza tradicional e afirmou que obesos são ainda fortemente discriminados na sociedade.
Apesar das mudanças, as candidatas tiveram que responder neste ano perguntas sobre família, casa, beleza e cuidados. Elas também desfilaram com várias roupas, embora os organizadores aleguem não dar mais importância para a beleza externa.
cn (AFP, dpa, DW)
As conquistas das mulheres alemãs
Do direito ao voto ao espaço na política: ao longo dos últimos cem anos as mulheres alemãs lutaram para derrubar leis e convenções que hoje soam impensáveis.
Foto: picture-alliance/akg-images
O direito ao voto
Em 1918, o Conselho dos Deputados da Alemanha proclamou: "Todas as eleições serão conduzidas sob o mesmo sufrágio secreto, direto e universal para todas as pessoas do sexo masculino e feminino com pelo menos 20 anos de idade". Logo depois, as mulheres puderam votar, pela primeira vez, nas eleições para a Assembleia Nacional alemã, em janeiro de 1919.
Foto: picture-alliance/akg-images
Lei de Proteção à Maternidade
A Lei entrou em vigor em 1952. Desde então, passou por várias alterações. O objetivo é assegurar a melhor proteção possível da saúde da mulher e do filho durante a gravidez, após o parto e durante a amamentação. Mulheres não podem sofrer desvantagens na vida profissional por causa da gravidez nem seu emprego pode ser ameaçado pela decisão de ser mãe.
Em 1971, Alice Schwarzer publicou na revista Stern um artigo no qual 374 mulheres confessaram ter interrompido a gravidez; entre elas, Romy Schneider. Após a publicação, dezenas de milhares de mulheres foram às ruas protestar a favor da maternidade autodeterminada. Em 1974, a coalizão social-liberal aprovou no Parlamento a descriminalização do aborto nos três primeiros meses da gestação.
Foto: Der Stern
Mais estudantes e professoras nas universidades
Em 1976, foi realizado em Berlim o evento "1° Universidade de Verão para as mulheres". Entre as exigências, as precursoras pediam o aumento da participação das mulheres entre estudantes e professoras, que era de 3 %. Em 1970, o percentual de estudantes passou para 9%. Hoje, ele chega a 48%. Em 1999, o número de professoras era de cerca de 4 mil. Hoje, elas são 11 mil em toda a Alemanha.
Foto: picture alliance/ZB/J. Kalaene
Livre da obrigação do serviço doméstico
Em 1977, entrou em vigor a nova lei de matrimônio. Até então, a esposa era "obrigada ao serviço doméstico". Ela só poderia trabalhar se não negligenciasse suas tarefas do lar e se o marido consentisse. Em 2014, 70% das mães trabalhavam fora; 30% em tempo integral e quase 40% em meio período. Entre os casais com crianças, a mulher alemã contribui com uma média de 22,6% da renda familiar.
Foto: picture-alliance/akg-images
Igualdade salarial
Em 1979, 29 funcionárias processaram o laboratório fotográfico Heinze, em Gelsenkirchen, pelo direito de ter a mesma remuneração por trabalhos iguais. Elas venceram: em 1980, o Parlamento alemão aprovou a lei sobre igualdade de tratamento de homens e mulheres no trabalho. Mas ainda há muito o que fazer: em , as mulheres ganharam 18% a menos por hora trabalhada do que os homens.
Foto: picture-alliance/chromorange
Pilotas da Lufthansa
Em 1986, a companhia aérea alemã Lufthansa permitiu, pela primeira vez, que duas mulheres completassem a formação de piloto. Elas são: Erika Lansmann e Nicola Lunemann (na foto). Hoje, nas diversas companhias aéreas do grupo, 417 mulheres trabalham como co-pilotas e 114 são comandantes.
Foto: Roland Fischer, Lufthansa
Trabalho noturno
Em 1992, o Tribunal Constitucional Federal revogou a proibição do trabalho noturno para mulheres. O Tribunal declarou que a alegada proteção estava associada com salários mais baixos e "desvantagens consideráveis". Na antiga Alemanha Oriental, as mulheres tinham sido autorizadas a praticar todas as profissões desde o início, a qualquer hora do dia ou da noite.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gerten
Sexo sem consentimento
Em 1997, a violação sexual no casamento passou a ser considerada crime. O Bundestag decidiu por uma maioria esmagadora que os maridos estupradores já não tinham direitos especiais. A ideia de que seria uma "ofensa menor de coerção" foi abolida. Todos os "atos sexuais" forçados passaram a ser punidos como estupro.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Kästle
Mulheres na política
Depois de conquistarem o direito ao voto na maior parte dos países, as mulheres tentam alcançar a mesma proporção de participação política que os homens. Em 1949, o percentual de alemãs no Bundestag era de 6,8%. Atualmente, elas são 35,3%. A primeira mulher a chefiar o governo foi Angela Merkel, em 2005. Em 2018, ela chegou ao quarto mandato como chanceler federal, cargo que exerceu até 2021.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Tarefas domésticas
Hoje as mulheres alemãs também lutam por direitos iguais em relação às tarefas domésticas e ao cuidado com familiares. Em 1965, elas exerciam esse trabalho durante, em média, quatro horas por dia; os homens, 17 minutos por dia. Atualmente as mulheres ainda gastam 43,8 pontos percentuais a mais de tempo com tarefas domésticas do que os homens: são quase 30 horas semanais, contra 20 dos homens.
Foto: Imago/O. Döring
O futuro
Para despertar o interesse das meninas em profissões antes consideradas masculinas, especialmente na indústria, desde 2001 empresas alemãs convidam meninas do 5º ano para o 'Girls day'. O dia das meninas é considerado o maior projeto de orientação profissional do mundo e, graças a ele, cada vez mais jovens mulheres decidem seguir carreira da área de ciências exatas na Alemanha.