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Aviação

DW/Agências (ca)29 de outubro de 2008

Apesar de protestos da população, Aeroporto Tempelhof de Berlim fecha suas portas. Inaugurado em 1923 e reformado pelos nazistas, o aeroporto acompanhou 85 anos de história da Alemanha e da aviação.

DC-3 Dakota foi um dos aviões da ponte áerea que fez a fama de TempelhofFoto: AP

O fechamento do Aeroporto Tempelhof, na noite desta quinta-feira (30/10) em Berlim, marca o fim de 85 anos de história da aviação. Cerca de 800 pessoas foram convidadas para a despedida do aeroporto berlinense, cujo prédio atual, construído entre 1936 e 1941, representou um dos mais ambiciosos projetos construtivos da era nazista.

Apesar dos protestos da população que levaram até mesmo à realização de um plebiscito, uma decisão judicial considerou o fechamento de Tempelhof, e mais tarde do Aeroporto Tegel, como essenciais para o sucesso do novo aeroporto central de Berlim, o Aeroporto Internacional de Berlim-Brandemburgo (BBI), em Schönefeld, no sul da capital alemã, cuja inauguração está prevista para 30 de outubro de 2011.

Até o início do século 20, o campo de Tempelhof, situado então a um quilômetro da entrada da cidade, era um campo de instrução de tropas. Após um dos pioneiros da aviação, o norte-americano Orville Wright, ter usado Tempelhof para demonstração do primeiro vôo com avião a motor na Alemanha, em setembro de 1909, os governantes da cidade passaram a pensar na instalação de uma pista de pouso no local.

Primeiro grande projeto construtivo do Terceiro Reich

Prédio de Tempelhof era o mais extenso da EuropaFoto: AP

Catorze anos após o vôo de Wright, em 8 de outubro de 1923, era inaugurado o Aeroporto de Berlim no antigo campo de Tempelhof, que se desenvolveu como maior ponto de conexão da Europa e base da Deutsche Lufthansa, fundada em 1926.

Em 1935, já sob o regime nazista, o arquiteto Ernst Sagebiel iniciou a transformação do antigo prédio no primeiro grande projeto construtivo do Terceiro Reich na capital alemã.

Em sua feição de hoje, a construção de Tempelhof foi iniciada em 1936 e continuada até mesmo durante a Segunda Guerra. Cerca de 6 mil operários trabalharam em três turnos para a construção do prédio curvilíneo com 1,2 quilômetro de comprimento e 284 mil metros quadrados de área total construída – o maior e mais extenso edifício do continente, na época.

A fama de Tempelhof, no entanto, não teve origem em sua arquitetura monumental nacional-socialista, mas no bloqueio iniciado pelo governo soviético em junho de 1948, quando o acesso rodoviário e ferroviário à antiga Berlim Ocidental foi interrompido. O bloqueio foi retaliação à introdução do marco alemão nas três zonas alemãs ocidentais ocupadas pelos países aliados.

"Bombardeiros de passas"

Aeroporto foi exemplo da aviação moderna, diz FosterFoto: AP

Britânicos e americanos resolveram então abastecer a Berlim bloqueada através do ar. Durante 11 meses, a ponte aérea dos aliados transportou 2 milhões de toneladas de suprimentos e combustíveis à população sitiada de Berlim Ocidental. Estes aviões ficaram conhecidos na memória popular como "bombardeiros de passas" devido ao fato de alguns pilotos jogarem balas e bombons pela janela embalados em sacos. O quadrimotor C-54 Skymaster foi o "bombadeiro de passas" mais comum.

Por estar bem próximo ao centro da cidade, o Aeroporto Tempelhof assumiu um papel central na ponte aérea aliada e tornou-se um mito alemão do pós-guerra. A partir de 1951, o aeroporto assumiu novamente sua função como ponto de conexão da aviação aérea civil de e para Berlim Ocidental.

Em 1975, no entanto, Tempelhof foi fechado pela primeira vez. Problemas de capacidade levaram à transferência dos vôos comerciais para o AeroportoTegel, no norte de Berlim. Em 1985, Tempelhof foi reaberto para jatinhos comerciais e para companhias aéreas com aviões pequenos.

"Mãe de todos os aeroportos"

Mas, em 1996, quando os governos de Berlim e de Brandemburgo anunciaram a construção de um aeroporto central comum em Schönefeld e o fechamento dos demais aeroportos da capital alemã, estava selado o futuro de Tempelhof, que vai para a história como a "mãe de todos os aeroportos", nas palavras da estrela da arquitetura britânica, Sir Norman Foster.

Pois lá surgiu, pela primeira vez, um complexo de edifícios multifuncional que englobava, além do atendimento de passageiros e cargas, hotéis, centros de convenções, restaurantes e prédios administrativos. Tempelhof foi um exemplo para a aviação moderna, afirmou Foster.

Quanto ao futuro da área de 386 hectares, muitos são os interessados. Os estúdios de cinema de Babelsberg afirmaram querer usar parte do prédio para gravações. O governo de Berlim planeja construir ali 5 mil moradias. Parte do terreno poderá ser usada como museu. A arquitetura do conjunto, no entanto, não deverá ser alterada, já que está tombado pelo patrimônio histórico desde 1995.

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