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Médicos protestam contra contratação de profissionais estrangeiros

Ericka de Sá, de Brasília4 de julho de 2013

Categoria reforçou críticas ao projeto do governo de "importar" médicos para atuarem em regiões onde há falta de profissionais. Manifestantes protestaram em mais de 20 cidades brasileiras para exigir mais investimentos.

Foto: DW/Ericka de Sa

Carregando faixas e entoando palavras de ordem, médicos e jovens estudantes de medicina manifestaram insatisfação com a atual situação da saúde no país durante protestos nesta quarta-feira (03/07) em várias cidades brasileiras. A categoria reforçou as críticas ao projeto do governo brasileiro, de maio deste ano, de contratar médicos estrangeiros para trabalharem em localidades onde há falta de profissionais.

Outras críticas dos representantes da medicina do país atacam a falta de investimento no setor e de oportunidades de especialização.

Em entrevista à DW Brasil, José Murisset, membro da diretoria da Federação Nacional dos Médicos, explicou que as manifestações foram motivadas em decorrência de anúncios recentes do governo. "O estopim foi a questão da 'importação' de médicos com a ameaça de ser sem revalidação", disse.

Segundo Murisset, as manifestações que ocorrem no país há algumas semanas também contribuíram para a mobilização de quarta. Apesar disso, não houve adesão da população nos protestos pelo país.

Na visão da classe médica, as medidas anunciadas pelo governo em resposta às contestações que tomaram o Brasil nas últimas semanas não resolvem o problema da falta de estrutura de trabalho e investimentos no setor. O governo apresentou, entre outras, uma proposta para criar 12 mil vagas em especializações para médicos residentes até 2017. José Murisset classificou essa e outras ações como "estratégias de marketing", citando o exemplo da contratação de estrangeiros. "O governo está perdido", disse.

O presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, disse que os médicos brasileiros não descartam a "importação" de médicos, mas temem que a contratação aconteça sem o "controle de qualidade" dos profissionais estrangeiros.

Ato médico

Outro alvo das críticas dos manifestantes é o chamado ato médico, projeto que delimita as funções que são exclusivas dos profissionais de medicina (como diagnóstico, prescrição e realização dos chamados procedimentos invasivos e assim por diante). A lei, que também estabelece quais são as competências médicas compartilhadas com outros profissionais de saúde, aguarda aprovação presidencial e, apesar de ser bem vista por associações de médicos, é criticada principalmente por categorias como a dos enfermeiros, psicólogos e nutricionistas.

Médicos protestam em Brasília contra projeto de contratação de estrangeirosFoto: DW/Ericka de Sa

Durante a concentração, um grupo de representantes dos conselhos de medicina (estaduais e federal) foi recebido pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. De acordo com o Conselho Federal de Medicina, o ministro apenas ouviu as reivindicações e não falou com a imprensa após o encontro.

Protesto diante do Ministério da Saúde

As entidades médicas de cada cidade organizaram as manifestações de forma diferente. Houve protestos com assembleias, passeatas e até paralisações no atendimento. A orientação das entidades nacionais era de manter os atendimentos de urgência e emergência, remarcando os chamados procedimentos eletivos (consultas e exames sem urgência).

Na capital federal, a concentração aconteceu em frente à sede do Ministério da Saúde, prédio que fica próximo à Praça dos Três Poderes, centro político de Brasília. Segundo dados da Polícia Militar (PM) do Distrito Federal, a manifestação reuniu 300 pessoas.

Policiais acompanharam todo o trajeto do grupo e não houve registro de incidentes. Após cerca de uma hora de concentração na frente do ministério, o grupo seguiu em direção ao Palácio do Planalto, sede do governo federal. No caminho, os participantes da passeata cantaram o hino nacional, acenderam velas e mostraram caixões, simbolizando a "morte" do serviço de saúde de qualidade.

Houve manifestações em mais de 20 cidades espalhadas pelo país. Em São Paulo, cerca de mil pessoas compareceram ao protesto, que chegou a fechar avenidas importantes no centro da cidade. No Rio de Janeiro, não houve registro de paralisação no atendimento e os médicos protestaram na frente à Câmara de Vereadores.

Profissionais querem mais investimento e oportunidades de especializaçãoFoto: DW/Ericka de Sa

Durante a manhã, foram registrados protestos em algumas cidades do norte e nordeste do país, como Belém (Pará), Teresina (Piauí), Maceió (Alagoas), Macapá (Amapá), Fortaleza (Ceará) e Recife (Pernambuco).

Segundo representantes das entidades médicas, outros protestos podem acontecer nos próximos dias.

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