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Tragédia em São Paulo

18 de julho de 2007

O noticiário na Alemanha sobre o acidente com o avião da TAM em São Paulo relaciona a tragédia à crise da aviação civil brasileira e destaca a possível culpa das autoridades do setor no país.

Airbus da TAM em chamas no aeroporto de CongonhasFoto: AP

O acidente com o airbus da TAM, que causou a morte de cerca de 200 pessoas na noite desta terça-feira (17/07), no aeroporto de Congonhas, é destaque na mídia alemã nesta quarta-feira. A maioria dos veículos de comunicação relaciona a tragédia em São Paulo, cidade que sedia mais de mil subsidiárias de empresas alemãs, à crise na aviação civil brasileira e fortalece a imagem negativa do setor no exterior.

O correspondente da revista Der Spiegel no Rio de Janeiro, Jens Glüsing, comenta: "O crash de São Paulo provavelmente é a maior catástrofe da história da aviação brasileira e, ao mesmo tempo, o triste auge de uma série de acidentes, panes e escândalos, que transformaram a viagem de avião no maior país da América do Sul numa aventura com final imprevisível".

Spiegel Online: 'Acidente aéreo em São Paulo - pilotos advertiram antes da aterrissagem no aeroporto da cidade'

Glüsing lembra que as investigações sobre o acidente do Boeing 737 da Gol, no ano passado, ainda não foram encerradas, mas que já revelaram "o caos no espaço aéreo brasileiro: os controladores de vôo têm pouca formação, estão sobrecarregados, são mal pagos e muitos não falam inglês".

Também o correspondente da rede de rádio e televisão pública ARD na América do Sul, Julio Segado, estabelece uma relação entre o acidente e a crise do setor. "Desde o acidente da Gol, em setembro de 2006, quando 154 pessoas morreram, a aviação civil brasileira se encontra numa profunda crise. Há caos constante nos grandes aeroportos do país, causado por equipamentos defeituosos de segurança aérea e greves dos controladores de vôos."

"Erro fatal da segurança aérea"

Sob o título "200 pessoas escorregam para a morte", o correspondente da revista Focus, Andreas Fink, escreve que "as autoridades brasileiras, ao que tudo indica, são co-responsáveis pela catástrofe".

Fink destaca a avaliação de que o principal problema foi a falta do chamado grooving [ranhuras para o escoamento de água e aumento do atrito] na pista. "A segurança aérea tinha garantido que, durante os meses secos do inverno, seria possível um tráfego aéreo seguro sem os frisos no asfalto. Um erro fatal."

Com base em informações das agências de notícias, o Süddeutsche Zeitung, de Munique, destaca: "O aeroporto era conhecido como inseguro. O grave acidente aéreo no Brasil não veio de forma inesperada. No aeroporto de Congonhas, várias vezes aviões já saíram da pista. Peritos haviam defendido seu fechamento".

O diário econômico Handelsblatt classificou o aeroporto em que aconteceu a catástrofe como "extremamente perigoso. Já aconteceram vários acidentes no local". O jornal também relaciona a tragédia desta terça-feira à crise desencadeada pelos controladores de vôos, que exigem melhores condições de trabalho e aumentos salariais.

Bild.de: '200 mortos no inferno de fogo'

A versão eletrônica do jornal sensacionalista Bild, de maior tiragem na Europa, abre com a manchete: "Inferno de chamas em São Paulo: 200 mortos! (...) Tudo indica que o piloto não conseguiu frear a tempo na pista molhada. Peritos já haviam advertido há muito tempo que, em caso de chuva, poderia ocorrer um acidente desses, pelo fato de a pista de Congonhas ser curta demais para aterrissagens de grandes aeronaves durante a chuva".

Em entrevista à emissora de televisão NTV, o porta-voz da associação alemã de pilotos Cockpit, Markus Kirschneck, disse que ainda não é possível avaliar o que realmente aconteceu em São Paulo. "Quase todos os acidentes não decorrem de um fato isolado. Geralmente, é uma cadeia de falhas que leva a acidentes", disse.

O jornal Die Zeit lembra que o acidente atinge a TAM num momento em que a companhia, fundada em 1961, "se encontra em expansão e é a maior do país, com participação de mais de 50% do mercado. Ela emprega 10.500 pessoas e voa para os países vizinhos, para os EUA, o Reino Unido, a França e a Itália".

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No início deste mês, a TAM recebeu autorização oficial da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para iniciar a operação regular de três vôos semanais para Frankfurt e de sete para Madri. A empresa planeja implementar esses novos vôos até o fim do ano.

Em maio passado, a TAM assinou um memorando de entendimento com a Lufthansa para implementar codeshare (acordo operacional de compartilhamento de vôos) em rotas nacionais e internacionais, passando a atuar em parceria com a companhia alemã nos aeroportos de Guarulhos e de Frankfurt. (gh)

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