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Mídia aprecia elegância e sutileza de Chico

(sv)20 de junho de 2006

Imprensa berlinense derrama elogios a show de Chico Buarque na cidade. Leia aqui alguns registros.

Chico Buarque e Mart'nália, na Casa de Culturas do MundoFoto: Dirk Bleicker/presse

Um brasileiro encanta em Berlim

"A atmosfera na Casa de Culturas do Mundo era como se Ronaldinho tivesse acabado de driblar sete adversários ao mesmo tempo. As pessoas exultavam e gritavam. Havia algo para festejar que acontece mais raramente ainda que uma Copa do Mundo: um show de Chico Buarque. Há seis anos o cantor e compositor brasileiro pisou pela última vez no palco. [...] À razão de sua vinda à Alemanha ele dedicou uma bela e suave canção: O Futebol. Mansa e solene, a canção é exatamente o oposto de todos os hinos histéricos dos estádios, que, no momento, andam doendo nos ouvidos. Chico Buarque, diga-se de passagem, não é adepto do espetáculo. [...] Ele embala seu público até o encantamento. [...] Quando, no fim, o bis Vai Passar vem, nada mais segura a platéia. De repente, é carnaval em Berlim. Mas se este carnaval passar logo, pelo menos um brasileiro, com certeza, terá encantado o público na cidade onde vai ser realizada a partida final da Copa".

(Berliner Morgenpost)

Quando os corações voam

"Na Casa de Culturas do Mundo, com entradas completamente esgotadas, ouvia-se português por todos os lados. Para Chico Buarque, a apresentação se tornou, desta forma, uma partida em casa. E ele naturalmente ganhou esse jogo. Não importando o que fez, se cantava sentado num banquinho com o violão ou conduzia um samba com sua banda – já a partir do primeiro acorde, o público não podia mais se segurar. Os corações se derretem por este homem magro, que ainda é incrivelmente belo e cuja maneira discreta comove e emociona. Não se pode imaginar que um gol de Ronaldinho em uma partida final iria desencadear um êxtase mais extraordinário que o visto ali. [...] Tranqüilo e concentrado, ele, com sua banda, levou o show até o fim com extremo bom gosto e estilo. [...] O show parecia caminhar em direção a uma onda avassaladora de euforia: mesmo que Chico Buarque não corresponda em nada a esses terríveis clichês de Brasil, cheios de um mar de felicidade eterna de cantadores de samba ou de um prazer sempre pronto a aplaudir. E mesmo assim ele conseguiu encantar a atamosfera de festa do futebol com algo mais fundamental. E isso no ambiente um tanto quanto rígido do auditório da Casa de Culturas do Mundo. No fim, houve um êxtase geral, perto do qual um coro de torcedores parece não ser nada. Chico Buarque, que sorria sempre com sutileza, parecia feliz como um jovem rapaz que acabava de receber um presente"

(taz, die tageszeitung)

Inteligência suave

"O cantor de cabelos grisalhos parece retraído, quase um pouco tímido, com um carisma que lembra um Leonard Cohen tardio. Ele exala uma inteligência suave e uma melancolia serena – e seu timbre elegíaco leva quem ouve a ficar viciado. Já na primeira canção já se pode sentir uma intensidade quase dolorida, unida a uma elegância inimitável. Esta não é uma noite de alegria em propulsão. Para isso, a banda seria sofisticada demais. Mas o êxtase do público cresce. [...] Chico Buarque é um paradoxo: até um sambinha alegre ganha com ele expressão, mesmo quando se trata simplesmente de futebol. Suas canções acordam e embalam ao mesmo tempo, com uma melancolia delicada".

(Der Tagesspiegel)

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