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Mídia e oposição pressionam volta à antiga ortografia

sm7 de agosto de 2004

O anúncio de que importantes jornais retornarão à antiga ortografia gerou uma acirrada discussão entre lideranças políticas, deslegitimando da reforma ortográfica de 1998.

Suspensão da reforma obrigaria editoras a recolherem dicionários do mercadoFoto: AP
Spiegel, Welt e Bild: três dos principais órgãos de imprensa voltam à grafia antigaFoto: AP

O retorno à antiga ortografia anunciado por grandes editoras e diversos órgãos de mídia desencadeou um novo debate sobre a legitimidade da reforma introduzida em 1998. A presidente da Conferência de Secretários Estaduais de Educação, Doris Ahnen, e diversos líderes políticos do leste do país criticaram a iniciativa da editora Axel Springer, proprietária de importantes diários e revistas supra-regionais e locais, da revista Spiegel e do diário Süddeutsche Zeitung. No entanto, entre os governadores e secretários estaduais, houve muitos que tomaram isso como ensejo para exigir o retorno à antiga ortografia.

Enquanto a iniciativa de invalidar a reforma ortográfica agradou em grande parte a políticos liberais e democrata-cristãos, os social-democratas repudiaram o retrocesso. Nas escolas e universidades, a reforma ortográfica deverá entrar em vigor em 1º de agosto de 2005.

O diretor administrativo da comissão que elaborou a reforma ortográfica, Klaus Heller, reagiu com indignação à iniciativa dos órgãos de imprensa, referindo-se a uma "tentativa de chantagem". "A reforma da ortografia foi um processo democrático que durou décadas, mas agora estão tentando invalidá-lo", declarou Heller ao Hannoversche Allgemeine Zeitung, perguntando-se como que as escolas poderão ensinar uma ortografia que não consta dos jornais.

Sim, não e mais ou menos: reforma racha estados

A insatisfação com a tão criticada ortografia nova levou governadores de estado a interferir no debate. O governador da Baixa Saxônia, Christian Wullf (CDU), apelou com rigor para a suspensão da reforma. Para ele, a decisão das editoras e dos órgão de imprensa é um sinal decisivo do fracasso da mudança. O presidente do partido liberal, Guido Westerwelle, também se pronunciou a favor do retorno às antigas regras.

Ninguém está cem por cento satisfeito com a reforma. Quem a defende , em geral, não está defendendo tanto as novas regras da escrita, mas tem receio de uma confusão ainda maior. Para a Secretária da Educação do estado de Hessen, Karin Wolff (CDU), o retorno à antiga grafia só gera mais insegurança entre a população, uma opinião compartilhada por seu colega de pasta de Brandemburgo, Steffen Reiche. O governador de Türingen, Dieter Althaus, também defende a manutenção da reforma introduzida em 1998.

Se fossem apenas políticos a favor ou contra, o debate seria mais fácil de compreender. Mas há quem defenda uma revisão das regras a serem mantidas ou cortadas, o que sigficaria praticamente reiniciar todo o processo de discussão lingüística. O governador da Baviera, Edmund Stoiber (CSU), por exemplo, reclama da baixa aceitação das novas regras e defende uma revisão da reforma. Ele estaria disposto a averiguar sugestões intermediárias, que confirmem apenas parte das novas regras e elimine outras.

Suíços temem caos nas salas de aula

Para as escolas suíças, um retorno à antiga ortografia seria um passo fatal, segundo advertiu o presidente da associação dos diretores de escola, Hans Ulrich Stöckling: "Se isso realmente acontecer, eu prevejo um absoluto caos nas salas de aula." A propósito, os suíços nem saberiam a que regras retornar.

Crianças já estão sendo alfabetizadas na nova ortografiaFoto: AP

A Suíça implementou com êxito a reforma ortográfica, trocou todos os livros didáticos e alterou processadores de textos e outros softwares; tudo isso , dentro do prazo combinado entre os países de língua alemã, lembrou Stöckling. Os professores tiveram que freqüentar cursos dispendiosos, a fim de saber onde usar a caneta vermelha para corrigir os alunos. "Se agora todo mundo voltar atrás, nem alunos e nem professores saberão quais são regras usar", advertiu ele.

Mais jornais à moda antiga

A decisão da Axel Springer altera radicalmente o grau de aceitação da reforma ortográfica. Até agora, apenas um a cada 40 exemplares de jornal continuava sendo impresso de acordo com as normas antigas. Mas com a mudança de posição da influente Axel Springer, três a cada jornais passarão impressos de acordo com a antiga ortografia.

Segundo um recente estudo, no segundo trimestre de 2004 foram vendidos por dia 22,1 milhões de jornais diários, 4,1 milhões de jornais de domingo e 1,9 milhões de jornais semanais. Dos 22,1 milhões de diários, o único que até agora mantinha a antiga grafia era o Frankfurter Allgemeine Zeitung, com uma tiragem de 380 mil exemplares. Agora, além do Süddeutsche Zeitung, cinco editados pela Axel Springer retornarão às regras anteriores a 1998: Bild, Die Welt, Berliner Morgenpost, Hamburger Abendblatt e BZ. Somando-se a isso 4,1 milhões de jornais de domingo que também reverteram as regras do jogo, a maior parte dos jornais impressos na Alemanha seguirá a antiga ortografia.

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