Cidades em todo o país relataram ataques após Zelenski pedir ao G20 que pressione o Kremlin pela paz e dias depois da retomada de Kherson por forças ucranianas.
Anúncio
Numa nova rodada de disparo de mísseis, a Rússia atacou cidades, incluindo a capital Kiev, e instalações de energia da Ucrânia nesta nesta terça-feira (15/11), enquanto líderes do G20 se reuniam em Bali numa cúpula dominada pela guerra.
Várias regiões e cidades reportaram ataques. Além de Kiev, também foram alvo de mísseis Lviv e Rivne, no oeste do país; Kharkiv, no noroeste; Kryvyi Rih e Poltava, no centro; Odessa, no sul; e Zhytomyr, no norte.
Dois prédios residenciais na capital da Ucrânia, Kiev, foram atingidos por mísseis nesta terça-feira, afirmou o prefeito da cidade após relatos de que sirenes de alerta soaram em todas as regiões do país.
"Há um ataque contra a capital. De acordo com informações preliminares, dois prédios residenciais foram atingidos no distrito de Pechersk. Vários mísseis foram disparados sobre Kiev por sistemas de defesa aérea. Médicos e socorristas estão no local dos ataques", afirmou o prefeito Vitali Klitschko num comunicado divulgado no Telegram. Mais tarde, ele afirmou que cerca de metade da capital estava sem eletricidade.
O vice-chefe do gabinete presidencial ucraniano, Kyrylo Tymoshenko, afirmou que os mísseis foram disparados por forças russas. Ele divulgou imagens do aparente local do ataque, que mostram chamas em um prédio residencial da era soviética.
"O perigo não acabou. Permaneçam em abrigo", disse Tymoshenko em comunicado divulgado nas redes sociais.
Segundo a agência de notícias Reuters, ao menos duas explosões foram ouvidas em Kiev nesta terça, e fumaça pôde ser vista sobre a capital. Um correspondente relatou ter visto moradores abalados diante da lateria em chamas de um prédio de cinco andares.
Em Lviv, o prefeito afirmou que a cidade estava sem energia. Em Kharkiv, infraestrutura crítica foi danificada, segundo a prefeitura.
Anúncio
" Alguém acha que o Kremlin realmente quer paz?"
O chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, afirmou que os ataques foram uma resposta ao discurso em vídeo feito horas antes pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, aos líderes do G20, durante o qual ele pediu pressão sobre o Kremlin pelo fim da invasão à Ucrânia.
"A Rússia responde ao forte discurso de Zelenski no G20 com um novo ataque com mísseis. Alguém acha que o Kremlin realmente quer paz? Ele quer obediência. Mas no fim do dia, terroristas sempre saem perdendo", afirmou Andriy Yermak, chefe do gabinete presidencial ucraniano, no Twitter.
O ministro do Exterior ucraniano, Dmitro Kuleba, também classificou os ataques de uma resposta a pedidos de negociações de paz.
"Mísseis russos estão matando pessoas e arruinando infraestrutura em toda a Ucrânia neste momento. Isso é o que a Rússia tem para dizer sobre a questão das conversações de paz. Parem de propor que a Ucrânia a aceite os ultimatos russos! Este terror só pode ser contido com a força de nossas armas e princípios", escreveu Kuleba no Twitter.
Primeiros ataques desde a retirada russa de Kherson
Nas últimas semanas, forças russas vêm mirando a infraestrutura energética da Ucrânia e atacou Kiev com mísseis e drones. A última vez que a capital havia sido alvo de ataques russos havia sido há quase um mês, em 17 de outubro.
Os ataques aéreos desta terça são os primeiros desde a retirada das forças russas e retomada pela Ucrânia da cidade de Kherson, no sul do país. O recuo, anunciado por Moscou na última quarta-feira, foi considerado um revés para o Kremlin, já que essa era a única capital regional que os russos haviam capturado desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro.
lf (AFP, Reuters, AP)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."