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ConflitosPolônia

Míssil da Rússia põe Polônia em alerta

24 de março de 2024

Autoridades polonesas acusam Moscou de invadir seu espaço aéreo durante um ataque em larga escala contra a Ucrânia. País membro da Otan ativa caças em alerta e exige explicação sobre o incidente.

Míssil russo sobre Kiev
Ataque de mísseis russos teve Kiev como um dos alvosFoto: Gleb Garanich/REUTERS

A Polônia acusou a Rússia neste domingo (24/03) de invadir brevemente o espaço aéreo polonês com um de seus mísseis durante um ataque em larga escala à Ucrânia, levando Varsóvia a ativar seus caças em alerta. O país membro da Otan ainda exigiu uma explicação de Moscou sobre o ocorrido.

Esse foi o terceiro grande ataque com mísseis por parte da Rússia contra os ucranianos somente nos últimos quatro dias, e o segundo a ter como alvo também a capital, Kiev. O chefe da administração militar de Kiev, Serhiy Popko, disse que Moscou usou mísseis de cruzeiro lançados de bombardeiros estratégicos do modelo Tu-95MS.

Um alerta aéreo na capital ucraniana ficou ativo por mais de duas horas, enquanto foguetes adentravam Kiev em grupos vindos do norte. Segundo Popko, os ataques foram lançados a partir do distrito de Engels, na região de Saratov, no oeste da Rússia. Aparentemente não houve vítimas ou danos à capital, acrescentou o chefe militar.

O Comando Operacional das Forças Armadas da Polônia afirmou em uma declaração que houve uma violação do espaço aéreo polonês às 4h23 (hora local) por um dos mísseis de cruzeiro lançados pela Rússia.

O objeto sobrevoou perto de Oserdow, um vilarejo em uma região agrícola perto da fronteira com a Ucrânia, e permaneceu no espaço aéreo da Polônia por 39 segundos, segundo o comunicado. Não ficou claro se era a intenção da Rússia invadir o espaço aéreo polonês. Mísseis de cruzeiro podem mudar sua trajetória para fugir de sistemas de defesa aérea.

Em entrevista a um jornal local, Henryk Zdyb, chefe do vilarejo de Oserdow, afirmou que viu o míssil e que este emitia um som de assobio. "Eu vi um objeto se movendo rapidamente no céu. Ele estava iluminado e voando bem baixo sobre a fronteira com a Ucrânia", relatou.

Caças ativados em resposta

O ministro da Defesa polonês, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, disse mais tarde em entrevista coletiva que o míssil russo teria sido abatido se houvesse qualquer indicação de que ele se dirigia a um alvo na Polônia.

Kosiniak-Kamysz afirmou ainda que as autoridades polonesas monitoraram o ataque à Ucrânia e estavam em contato com seus colegas ucranianos. Como parte de uma resposta estratégica à invasão do espaço aéreo, caças F-16 da Polônia e da Otan foram ativados.

O ministro acrescentou que o míssil invadiu o território por uma extensão de cerca de um ou dois quilômetros, enquanto se dirigia para a região em torno de Lviv, no oeste da Ucrânia.

"Como o ataque de foguetes de ontem à noite [sábado] contra a Ucrânia foi um dos mais intensos desde o início da agressão russa, todos os procedimentos estratégicos foram lançados a tempo, e o objeto foi monitorado até deixar o espaço aéreo polonês", disse Kosiniak-Kamysz.

O prefeito de Lviv, Andrii Sadovyi, confirmou no Telegram que cerca de 20 mísseis e sete drones foram lançados sobre a região. A cidade dele, a maior do oeste ucraniano, não foi atingida, afirmou.

Convocação de embaixador

Na frente diplomática, o Ministério das Relações Exteriores da Polônia disse que vai "exigir explicações da Federação Russa em relação a mais uma violação do espaço aéreo do país".

"Acima de tudo, pedimos à Federação Russa que interrompa os ataques aéreos terroristas contra os habitantes e o território da Ucrânia, acabe com a guerra e resolva os problemas internos do país", completa a declaração.

Andrzej Szejna, vice-ministro das Relações Exteriores, disse à emissora TVN24 que sua pasta pretende convocar o embaixador russo na Polônia e entregar-lhe uma nota de protesto.

"A guerra está perto"

Desde que a Rússia lançou uma invasão em grande escala na Ucrânia, há mais de dois anos, houve uma série de invasões ao espaço aéreo polonês, provocando preocupação no país membro da União Europeia (UE) e da Otan, e lembrando os cidadãos de quão próxima está a guerra.

"Temos que aceitar o fato de que a guerra está acontecendo bem perto de nós, e fazemos parte do confronto entre o Ocidente e a Rússia", escreveu o comentarista Artur Bartkiewicz no jornal Rzeczpospolita neste domingo.

Em 2022, dois poloneses foram mortos na explosão de um míssil que invadiu o território polonês perto da fronteira com a Ucrânia. As autoridades ocidentais disseram se tratar de um míssil de defesa aérea ucraniano que errou o alvo, mas também atribuíram a culpa à Rússia por ter iniciado a guerra, forçando os ucranianos a lançar mísseis em autodefesa.

Na noite de sábado, uma pessoa foi morta e outras quatro ficaram feridas em um ataque de mísseis ucranianos contra Sevastopol, na península da Crimeia ocupada pela Rússia, disse o governador da cidade, Mikhail Razvozhaev, em seu canal no Telegram.

ek (DPA, AP, AFP)

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