Míssil intercontinental norte-coreano põe Japão em alerta
3 de novembro de 2022
Artefato disparado por Pyongyang falha e cai no mar antes de sobrevoar o arquipélago. EUA e Coreia do Sul condenam disparos e anunciam prorrogação de exercícios militares.
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A Coreia do Norte voltou nesta quinta-feira (03/11) a disparar mísseis, que no Japão chegaram a provocar um alerta para que a população procurasse abrigo. Segundo o Exército sul-coreano, um dos lançamentos teria sido de um míssil balístico intercontinental que falhou.
"O Exército da Coreia do Sul detectou hoje o lançamento do que parece ser um míssil balístico de longo alcance (ICBM) da área de Sunan, em Pyongyang, por volta das 7h40 [19h40 da véspera em Brasília] rumo ao Mar do Leste [nome dado nas duas Coreias para o Mar do Japão]", informou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.
A entidade também relatou a detecção de dois "mísseis balísticos de curto alcance lançados para o Mar do Leste a partir da área de Gaechon, na província de Pyongan do Sul, por volta das 8h39 da manhã".
O primeiro disparo ativou o sistema J-Alert do Japão, que foi transmitido nas províncias de Niigata, Yamagata e Miyagi (nordeste). De acordo com o Ministério da Defesa japonês, o míssil não chegou a sobrevoar o país e caiu no Oceano Pacífico.
O ministro da Defesa Yasukazu Hamada afirmou à imprensa que a trajetória do primeiro míssil indicava que passaria sobre o arquipélago, mas que o projétil "desapareceu do radar" ao sobrevoar o Mar do Japão e que está em curso uma análise mais aprofundada. Em outubro, outro teste de Pyongyang também provocou alertas no Japão. O artefato chegou a sobrevoar o país e caiu no mar.
A agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando uma fonte militar, indicou que o míssil disparado nesta quinta seria do modelo Hwasong-17, o de origem norte-coreana com maior alcance potencial, e que falhou ao não fazer corretamente a separação na segunda fase de disparo.
Em março, a Coreia do Norte já havia feito um lançamento falho do Hwasong-17, também desde Sunan sob a supervisão do líder do país, Kim Jong-un.
Por volta de uma hora após o lançamento do primeiro míssil, outros dois de curto alcance foram detectados pelo Estado Maior Conjunto sul-coreano. Os projéteis percorreram cerca de 330 quilômetros a uma atura máxima de 70 quilômetros, antes de cair no Mar do Japão.
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Comunidade internacional condena lançamentos
O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, classificou como "intolerável" a nova série de disparos norte-coreanos, enquanto o Conselho de Segurança Nacional da Coreia do Sul "condenou com firmeza" os lançamentos, após reunião liderada pelo presidente Yoon Suk-yeol.
O órgão sul-coreano destacou que estas ações violam sanções da ONU contra Pyongyang.
Os Estados Unidos condenaram o lançamento do míssil balístico intercontinental e se pronunciara, por sanções adicionais contra a Coreia do Norte. Em respostas aos lançamentos dos últimos dias, os EUA e a Coreia do Sul anunciaram que vão prorrogar os exercícios militares que deveriam terminar nesta sexta-feira.
Na quarta-feira, a Coreia do Norte já havia lançado pelo menos 23 mísseis de diferentes tipos, um número recorde para o regime de Kim Jong-un em um único dia. Um dos artefatos caiu em águas a apenas 57 quilômetros da costa leste da Coreia do Sul, o que significa que, pela primeira vez na história, um míssil norte-coreano cruzou a fronteira marítima entre os dois países.
Em resposta, caças sul-coreanos dispararam pelo menos três mísseis terra-ar no mar, incluindo um de precisão fabricado nos EUA e que pode atingir alvos a até 270 quilômetros de distância.
Pyongyang alega que a série de disparos visa responder às grandes manobras aéreas realizadas esta semana pela Coreia do Sul e Estados Unidos.
Nos últimos anos, as tensões têm sido constantes na região. Até o final de setembro de 2022, a Coreia do Norte bateu um recorde de disparos de mísseis, com mais de 30 balísticos lançados, incluindo o primeiro míssil intercontinental desde 2017, o Hwasong-12, em 30 de janeiro.
cn/av (EFE, Lusa)
Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
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No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
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Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.