Depois de dez anos de construção, maior complexo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é consagrado no centro mundial do catolicismo, que também se tornou um lugar de pluralismo religioso.
Anúncio
Neste domingo (10/03), a cidade de Roma é palco de uma grande celebração religiosa – que não está acontecendo no Vaticano. O Templo de Roma, o maior complexo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – também conhecida como LDS ou Igreja Mórmon – foi oficialmente consagrado após mais de dez anos de construção.
Longe das multidões na Praça de São Pedro, localizada à margem do Grande Raccordo Anulare, a rodovia que circunda a Roma metropolitana, o complexo ostenta uma igreja de 3.716 metros quadrados, centro de visitantes e um centro de história da família (um dos muitos centros de pesquisa genealógica fundados pela Igreja LDS ao redor do mundo).
Raimondo Castellani, chefe de relações públicas da filial italiana da igreja LDS, disse que ter um local de culto mórmon em Roma é algo de grande importância. "Roma é o centro mundial do cristianismo. É a cidade onde os apóstolos Pedro e Paulo pregaram e foram martirizados [...] como poderíamos não ter um templo aqui?", indagou Castellani.
Castellani disse que, embora a igreja de Roma não fosse em si o maior templo mórmon da Europa, o complexo seria o maior de todo o continente, se considerados todos os seus prédios.
O conjunto é organizado em torno de uma praça central, destinada a homenagear a arquitetura tradicional do local. Oliveiras romanas centenárias foram replantadas na praça em homenagem à cidade de Roma, disse Castellani, explicando que a cerimônia de inauguração do templo seria "muito simples": "Hinos e discursos precedem a oração consecratória, com um profundo significado espiritual para os membros da igreja".
Embora Roma seja a mais famosa sede da Igreja Católica, há muito tempo é lugar de pluralismo religioso. A Mesquita de Roma é a maior da União Europeia, e a cidade tem a maior população judaica da Itália.
Roma também tem a maior igreja das Testemunhas de Jeová ou Salão do Reino, como é chamado, do continente. Na verdade, a Itália abriga por ampla margem a maior comunidade de Testemunhas de Jeová na Europa,
Portanto, não é surpreendente que dezenas de milhares de pessoas tenham aproveitado as duas semanas de portas abertas no início de fevereiro para visitar o local que estava em construção desde 2008. Após a consagração, nenhum não mórmon poderá entrar no templo.
Elena, funcionária de uma ONG de 30 e poucos anos que visitou o local, disse: "Todo mundo foi realmente gentil. Eu acho que a igreja em si não faz realmente meu estilo, mas foi realmente interessante conversar com pessoas de uma fé diferente."
A história da igreja LDS na Itália remonta à fundação do movimento, quando dois missionários chegaram pela primeira vez ao país europeu em 1850. Eles converteram dezenas de pessoas, mas a igreja logo se esgotou quando todos os novos membros emigraram para os Estados Unidos. Por muito tempo, a lei italiana proibiu-os de missionar.
O mormonismo somente fincou pé definitivamente na Itália com a chegada de 2 mil militares americanos da LDS, que ali estavam estacionados durante a Segunda Guerra Mundial. Hoje, existem quase 26 mil membros da Igreja em todo o país.
Portugal, que tem a segunda maior população de mórmons na Europa depois da Espanha, será o próximo país a ter seu próprio templo palaciano, que deverá ser inaugurado em setembro. A Alemanha abriga a terceira maior população no continente, com cerca de 40 mil membros da Igreja LSD.
______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube
Das relíquias dos Três Reis Magos ao primeiro crucifixo monumental após a iconoclastia, a principal igreja da metrópole renana possui vários monumentos. Confira alguns deles.
Foto: Bahman Rafiezadeh
Três Reis Magos
O mais fascinante tesouro da catedral de Colônia é a arca com os restos mortais dos Três Reis Magos. Eles foram trazidos de Milão para Colônia no século 12, como presente do imperador alemão Frederico Barbarossa para seu chanceler, Rainald von Dassel, arcebispo de Colônia. Exames demonstraram que os ossos e as vestimentas encontrados no relicário pertencem a três homens que viveram no século 1°.
Foto: picture-alliance/ dpa
Obra de Nicolas de Verdun
A urna em ouro e prata decorada com centenas de pedras preciosas foi obra de Nicolas de Verdun, um dos ourives mais famosos da Idade Média. Em 1248, começou a construção da nova igreja em Colônia para abrigar o relicário e a multidão de peregrinos. A conclusão, no entanto, só aconteceu no século 19, após a expulsão dos franceses. Durante a ocupação, a urna foi escondida num convento em Sauerland.
Foto: picture-alliance/dpa
Vitrais ancestrais
Na catedral, há vitrais coloridos cuja execução se estende por um período de quase 750 anos. A janela mais antiga data do século 13. O tesouro mais recente é obra do pintor alemão Gerhard Richter, um dos artistas mais renomados da atualidade. Inaugurada em 2007, a janela abstrata não concorre com as demais. Lembrando pixels, as cores do vitral são as mesmas dos outros encontrados na catedral.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg
Cruz de Gero
Encomendado pelo bispo Gero após os conflitos iconoclastas, por volta de 980, este crucifixo surge como a mais antiga representação monumental de Cristo na Idade Média, sendo por assim dizer a primeira cruz monumental. Outra particularidade é o fato de ela estar há mais de mil anos na catedral, algo tão pouco óbvio como a sobrevivência da arca com os restos mortais dos Três Reis Magos.
Foto: picture-alliance/akg-images
Altar dos Patronos da Cidade
Pintado por Stefan Lochner por volta de 1442, este tríptico é a principal obra da chamada escola de pintura de Colônia no gótico tardio. O altar foi escondido das tropas francesas na ocupação napoleônica, sendo transferido para a catedral após a secularização da capela onde se encontrava originalmente. Hoje, ele ocupa o centro da Capela de Nossa Senhora, onde é rezada missa todos os dias.
Foto: Imago/Schöning
Cadeiral do coro
No coro do altar da catedral, encontra-se um dos maiores e mais antigos cadeirais da Idade Média. A estrutura inferior dos bancos pôde ser datada entre 1308 e 1311. Para as 104 cadeiras, foram utilizados cerca de 29 troncos de carvalho. Os assentos serviam não somente aos cônegos e a seus representantes, mas também a visitantes. Na foto, vê-se o então decano Johannes Bastgen, em 2008.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg
Exemplo para Torre Eiffel
A estrutura metálica do teto sobre as naves da catedral é outro tesouro do prédio. Este monumento dentro do monumento é uma das primeiras estruturas de telhado executadas em ferro de que se tem notícia. Os detalhes construtivos dessa obra serviram de exemplo para a Torre Eiffel, cujos engenheiros visitaram a catedral em Colônia após a sua finalização em 1880 – 20 anos antes do símbolo parisiense.
Foto: picture-alliance/dpa/F. von Erichsen
Sinos
Na catedral de Colônia, o maior e mais badalado se chama Sino de São Pedro, mais conhecido como "Dicker Pitter", "o Pedro gordo". Em 1924, ele substituiu o Sino do Imperador, que havia sido derretido na Primeira Guerra Mundial. A catedral também possui um dos mais antigos carrilhões do Ocidente, formado pelo Sino do Ângelus e pelo Sino da Transformação, inaugurados por volta de 1322.
Foto: Imago/Schöning
Gárgulas
Nas igrejas góticas, o sistema de drenagem de águas das calhas terminava numa gárgula. Essas goteiras em pedra se destinavam a escoar a água das chuvas para longe das paredes. Elas eram esculpidas quase sempre com muita fantasia: em forma de figuras grotescas, animais fantásticos e criaturas híbridas demoníacas. A catedral de Colônia possui 108 gárgulas, executadas entre os séculos 13 e 21.
Foto: picture-alliance/Rainer Hackenberg
Altar dos Três Reis Magos
Este magnífico altar barroco em mármore preto e alabastro foi esculpido entre 1668-83 por Heribert Neuss. No centro, encontrava-se uma grade de onde se podia ver a arca com as relíquias dos Três Reis Magos. Hoje ali está a chamada Virgem das Joias. Em agosto, ela se torna lugar de peregrinação para milhares de ex-iugoslavos, que não podiam ir aos seus países durante a guerra nos anos 1990.
Foto: Imago/SMID
O maior tesouro
"Vamos deixar a catedral em Colônia", diz uma música de Carnaval. Mas, na verdade, foi Colônia que não deixou a catedral. A cidade foi uma das mais destruídas na 2ª Guerra. Devido à dimensão da destruição da cidade, pensou-se até em reconstruí-la mais ao norte. A catedral, no entanto, ficou de pé. E esse foi o motivo de hoje Colônia se encontrar no lugar onde foi fundada há mais de 2 mil anos.