Música alemã conquista o mundo
7 de janeiro de 2005Os músicos da banda punk alemã Die Toten Hosen conseguem lotar mesmo as grandes casas de show de Buenos Aires. “Os do In Extremo fazem hardrock alemão, e são convidados para shows no México”, afirma Björn Akstinat.
Ele é o diretor do Deutsches Musik-Exportbüro, escritório que ajuda bandas nacionais a promover seu trabalho no exterior. Mas sua atuação também depende de um trabalho de persuasão no próprio país, de acordo com Akstinat: “O mundo adora a música dos alemães. Eles é que não sabem disso.”
A linguagem do hardcore
E não é que falte quem entenda o alemão, fora da Alemanha. “Uma pesquisa nossa demonstrou que nos Estados Unidos há pelo menos seis milhões de pessoas que falam alemão”, segundo Tobias Mindner, membro da Associação pela Língua Alemã. “O alemão ocupa um lugar ainda mais importante do que pensamos”, conclui Mindner.
O mesmo se aplica à música, sobretudo àquela em que guitarra e bateria não são poupados. Na Sérvia, é o grupo Kraljevski Apartman que apresenta o hardrock com letras em alemão. “Na Escandinávia o idioma é muito comum no cenário heavy metal, por ser um idioma forte”, explica Mindner, que como exemplo menciona o conjunto norueguês Sturmgeist.
Busted põe fogo na escola
Portanto não são somente músicos alemães que produzem textos no idioma de Goethe: Franz Ferdinand, por exemplo, é um grupo escocês. Em 2003 os garotos do britânico Busted regravaram um sucesso do grupo alemão Extrabreit, da década de 80, Hurra, hurra, die Schule brennt (Hurra, hurra, a escola está queimando). Até mesmo o grupo norte-americano Goldfinger relançou um antigo sucesso alemão, o 99 Luftballons, de Nena.
A banda sueca Covenant produz seu pop inteiramente na língua alemã. O motivo: “A Alemanha é um dos nossos maiores mercados e muitos alemães têm problemas para entender textos em inglês.”
Pop alemão do leste
Mas os sérvios do Kraljevski Apartman não são os únicos do Leste europeu a lançar suas canções no idioma germânico. Os romenos do Ricochee também produziram um álbum inteiro em alemão – “para manter viva a influência da Alemanha na cultura da Transilvânia”, como eles próprios afirmam.
Na Eslovênia, o pop teutônico é marca do Sestre, enquanto na Polônia o Ich Troje chegou a se apresentar com textos alemães até no festival da canção européia Eurovisão 2003. “Na Varsóvia os bateristas alemães dos anos 60 continuam na moda”, afirma Mindner, que completa: “existe até mesmo uma emissora de rádio especializada.”
Chuva e reggae
Akstinat lembra que não são só os textos a garantir o sucesso da música germânica no exterior. “Depende naturalmente da melodia . Dos shows também; a banda Rammstein tem fogo, a In Extremo tem os instrumentos medievais”.
A própria cantora Nena já teve sua fase de sucesso nos Estados Unidos: “Por pura sorte. Algum DJ trouxe o LP da Alemanha e o pôs para tocar, ao acaso”, comenta o especialista em música pop alemã.
O sucesso, entretanto, não está sempre ligado somente ao rock. A banda Seppy Ndahange, de Windhuk, Namíbia, faz rap e reggae com textos em alemão, entre os quais uma versão especial de Es regnet, es regnet, die Erde wird nass (Chove, chove, a terra fica molhada).