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Música erudita pode florescer ao lado de samba e futebol, diz Marin Alsop

17 de março de 2012

Após primeiro concerto com a Orquestra Sinfônica de São Paulo, regente norte-americana fala sobre planos junto à Osesp e o papel da música erudita no Brasil. Grupo realiza turnê pela Europa no segundo semestre deste ano.

Foto: Alessandra Fratus

A aclamada regente e violinista norte-americana Marin Alsop assumiu o posto de regente titular da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) no início de março, substituindo Yan Pascal Tortelier. O concerto de estreia abarcou obras de três séculos, já antecipando a amplitude de repertório que marcará sua gestão.

Aluna de Leonard Bernstein, Alsop é paralelamente diretora musical da Baltimore Symphony Orchestra desde 2007, sendo a primeira mulher a assumir tal cargo diante de uma grande orquestra norte-americana. Ela já regeu alguns dos mais importantes conjuntos do mundo, como a Filarmônica de Nova York, a Filarmônica e a Sinfônica de Londres, a Royal Scottish National Orchestra e a Bournemouth Symphony Orchestra.

A Deutsche Welle conversou com a musicista sobre seus planos junto à Osesp, que ocupa a linha de frente entre os principais conjuntos orquestrais da América do Sul.

DW: Quais foram suas impressões do concerto inaugural com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp)?

Marin Alsop: Foi uma semana de abertura maravilhosa, em todos os níveis. Os músicos tocaram do fundo do coração. Os concertos estiveram lotados, o público foi caloroso, entusiástico e acolhedor. A imprensa nos apoiou muito e a direção e a gerência [da orquestra] ficaram entusiasmadíssimas. E o mais importante: parece que os músicos e eu já temos uma conexão profunda e estamos animados para fazer música juntos.

Marin AlsopFoto: AP

O programa inclui a peça Terra Brasilis, da carioca Clarice Assad. Quanto espaço pretende dedicar à música brasileira no repertório da Osesp durante sua gestão?

A Osesp tem um comprometimento forte e de longa data com a música brasileira. Ela possui sua própria editora, dedicada a redescobrir, restaurar e promover obras brasileiras. Ela encomenda cinco peças por ano a compositores nacionais e programa o repertório sul- americano e latino-americano ao longo das temporadas. Para mim, pessoalmente, é maravilhoso descobrir todo esse repertório novíssimo, e estou ansiosa por conhecer obras de compositores anteriormente desconhecidos para mim.

Pode citar outros pontos de interesse do repertório planejado? Integrais ou ciclos dedicados a determinados compositores?

Começamos a programar e estamos gravando para a companhia Naxos todas as sinfonias de Prokofiev, além de outras obras incidentais, que serão incluídas em todas as temporadas. Esse é o único ciclo completo que planejamos, no momento. Queremos cobrir o repertório mais amplo possível, de [John] Adams a [Richard] Strauss, Mozart e Tchaikovsky.

Como avalia o papel que a música clássica – no sentido amplo – representa no Brasil contemporâneo? A luta entre ela e samba, futebol, boom econômico, etc., é muito acirrada? Que tipo de plateias espera encontrar nas salas de concerto nacionais?

Os concertos estão lotados de gente entusiástica e engajada. Até onde posso julgar, as plateias são de gerações diversas, sinceramente curiosas e muito positivas. Parece que a música clássica é, não só capaz viver confortavelmente, como de florescer lado a lado com o futebol e o samba no Brasil.

Alsop (dir.) e Filarmônica de Nova York, em concerto didático com ator Alec Baldwin, 2008Foto: AP

Como definiria a posição da Osesp no ranking orquestral internacional?

A Osesp tem uma reputação como principal orquestra da América do Sul. Quero muito colocá-la no foco de atenção da comunidade internacional.

No segundo semestre de 2012, a Sinfônica de São Paulo faz a primeira turnê europeia sob a sua batuta, com uma parada na Alemanha no dia 18 de agosto. O que se deve esperar dessa combinação: público alemão, uma orquestra brasileira com um programa eclético, tendo a norte-americana Marin Alsop como regente?

Isso soa como a essência do Brasil: um verdadeiro caldinho de culturas.

Entrevista: Augusto Valente
Revisão: Mariana Santos

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