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Esculturas pela cidade

Juliana Lugão16 de junho de 2007

Projeto de esculturas coloca a cidade de Münster no mapa turístico e das artes por cem dias, a cada dez anos.

A obra 'Flores para Münster' na praça do principal mercado da cidadeFoto: picture-alliance/ dpa

A cada dez anos, desde 1977, Münster, uma cidade no norte da Renânia do Norte-Vestfália se transforma em um museu de esculturas contemporâneas a céu aberto. Neste 16 de junho de 2007 acontece a abertura oficial da 4ª edição do evento, que preencheu a paisagem da cidade com obras de artistas reconhecidos internacionalmente.

Na edição passada, o público total foi de cerca de 500 mil visitantes, e para este ano as estimativas são ainda mais otimistas. Espera-se superar o público de 1997.

Grand Tour 2007

O Skulptur Projekte 2007 está sendo inaugurado no mesmo dia da documenta 12. Entretanto, conforme um dos curadores do projeto, Kasper König, explicou ao Tagesspiegel, o projeto não é uma mostra paralela à documenta, nem contrária. O fato de as datas coincidirem só acontece porque a organização da documenta decidiu-se por mudar o intervalo entre as exposições para cinco anos, em vez de quatro.

Ainda assim, é claro que isso favorece o público que visita a cidade. Mas os curadores estão convencidos que o Skulptur Projekte já é um evento independente na Alemanha e que não morreria se outras exposições não coincidissem datas. A prova disso é o orçamento do projeto, que está em 5,25 milhões de euros, vindos dos cofres públicos.

Os projetos de escultura de Münster

O curador Kasper König entre uma obra ainda em preparação para 2007 e a 'Giant Pool Balls', de 1977Foto: picture-alliance/ dpa

Definido pelo mesmo Kasper König como um estudo em longo prazo sobre Arte e Opinião Pública em 1977, quando da inauguração do primeiro Skulptur Projekte, o evento de esculturas contemporâneas, não foi nada bem recebido pelos münsteraner, como se chamam os habitantes da cidade.

A piscina de bolas gigantes, instalada por Claes von Oldenburg, foi vítima de vandalismos. O mesmo aconteceu em 1987 com uma escultura de plástico amarelo fluorescente da pop star Madonna, no meio da Domplatz, em frente à catedral da cidade.

Ainda assim, os curadores mantiveram o projeto e adquiriram algumas obras, que hoje são pontos turísticos de Münster, como as "bolas" de Von Oldenburg ou o Kirschensäule, um monumento às cerejas no chafariz principal da cidade.

A proposta do projeto é esta mesma: ironizar a vida pública e urbana, confrontar preceitos estabelecidos e arraigados na opinião pública e fazer com que se pense de outra forma o tema "cidade". Como os lugares públicos estão se tornando cada vez mais parte das vidas privadas e de que forma isso interfere na vida dos cidadãos. Cidadãos estes mais calmos, depois de 30 anos.

O projeto, que toma proporções cada vez maiores, precisa fechar trechos do trânsito, desalocar escritórios e perturbar a vida pessoal dos münsteraner, que este ano se mostraram ansiosos pela festa de inauguração aberta ao público.

A escultura de Andreas Siekmann 'Trickle down. O espaço público na época de sua privatização'Foto: picture-alliance/ dpa

A discussão sobre a cidade é também o motivo de só haver, na lista de 36 expositores, artistas do chamado "primeiro mundo". Segundo os curadores, em entrevista ao Tagesspiegel, artistas orientais e do chamado "terceiro mundo" foram convidados a apresentarem projetos, mas não conseguiram se aproximar da visão européia da vida urbana. E por isso não foram escolhidos como artistas da mostra.

Onde?

Quando se diz que o projeto está espalhado por toda a cidade, muita gente não acredita, mas não é exagero. Muitos artistas escolheram os principais centros, mas outros foram até as fronteiras de Münster para instalarem seu trabalho.

Em uma área perto do Aasee, outro ponto de muitas obras, fica o Trampelpfad, de Althammer. É uma enorme trilha verde, que leva os visitantes por campos e colinas do lado de fora da cidade e acaba abruptamente. Com isso, o artista quer saber como o visitante, enganado, lida com a situação e como ele volta para a cidade.

Para se ter uma idéia da extensão da mostra, um tour de ônibus que dura duas horas é oferecido para os mais preguiçosos. Começa-se no Landesmuseum für Kunst und Kulturgeschichte, onde se toma parte da história dos Skulptur Projekte passados. Da Domplatz, onde fica o museu, parte-se flanando pela cidade e, de repente, deparando-se com intervenções.

Artistas do ano

'Quadratische Senkung', a pirâmide invertida de Bruce NaumanFoto: picture-alliance/ dpa

O Skulptur Projekte, ao contrário da documenta, não optou por trazer artistas desconhecidos internacionalmente. Ao contrário, algumas presenças comprovam isso.

Dentro de uma lista de 36 expositores e mais de 30 trabalhos, estão Bruce Nauman, com um projeto proposto já para a edição de 1977, mas que nunca conseguiu ser levado ao fim, e a nova dama da arte contemporânea alemã: Isa Genzken, a responsável pelo pavilhão germânico da Bienal de Veneza.

Nauman traz uma pirâmide invertida onde o público escolhe se participa ou se contempla simplesmente a obra, e Genzken traz 12 esculturas de bonecas macabras que tiram o fôlego dos flaneurs mais sensíveis.

Münster por ela mesma

Um estacionamento de bicicletas no paraíso dos ciclistasFoto: dpa

E se o turista não tiver a sorte de estar na região exatamente no espaço de cem dias em que acontece a mostra (16/06/2007– 30/09/2007)? E se ele não estiver na Europa em 2007, ou até 2017?

Primeiramente, para o amante das artes, não há contratempos. Ele pode continuar apreciando as esculturas compradas pela cidade ou pela iniciativa privada.

O turista pode ainda desfrutar de uma cidade tipicamente alemã e relativamente grande para os padrões do país. Nos meses quentes, acontecem as tradicionais quermesses, chamadas de Send. Rodas-gigantes, brincadeiras para a família, os tradicionais Biergarten e os Frühschoppen de domingo. A Send de Münster ocorre três vezes ao ano: uma na primavera européia, uma no verão (em 2007 coincidindo com as datas dos Skulptur Projekte), a última do ano, quando começa o frio, no outono.

Como toda boa cidade alemã, não faltam Mercados de Pulga a cada segundo domingo dos meses de maio, junho, julho, agosto e setembro. Troca-se de tudo. De antigüidades raras a roupas ou simplesmente aquilo de que se quer se livrar.

Uma cidade agradável, na beira de um lago e com um total de 122 km de ciclovias. É a cidade paraíso dos ciclistas. A estrutura é tão boa que a organização do Skulptur Projekte 2007 preparou um tour de bicicleta pela mostra. São cerca de 51 km a serem pedalados.
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