País permite a entrada de 250 refugiados sírios e iraquianos que aguardavam na fronteira com a Grécia. Estima-se que mais de 10 mil migrantes esperam para seguir viagem na cidade grega de Idomeni.
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A Macedônia autorizou nesta quarta-feira (02/03) a entrada de cerca de 250 refugiados que aguardavam na fronteira com a Grécia. Esse foi o primeiro grupo de sírios e iraquianos que pode continuar a jornada em direção à União Europeia (UE), desde que o país fechou a fronteira há dois dias.
Segundo autoridades gregas, mais de 10 mil migrantes aguardam na cidade fronteiriça de Idomeni para seguir viagem em direção a países do centro e do norte da Europa. Organizações humanitárias alertaram que a situação no município do norte da Grécia pode sair facilmente de controle com o aglomerado de refugiados.
"Há cerca de 11 mil pessoas aqui e as condições são muito ruins. Estamos preocupados, se o número ultrapassar 12 mil, a situação estará fora de controle", afirmou Antonis Rigas, da organização Médicos Sem Fronteiras.
A Macedônia defendeu o bloqueio da passagem de refugiados. "A admissão diária de migrantes dependerá de quantos serão aceitos nos países da União Europeia. É muito importante garantir o tratamento humano e admitir essas pessoas, mas não é menos importante proteger cidadãos macedônios e a polícia", afirmou o ministro do Interior Oliver Spasovski.
Refugiados e a polícia macedônia entraram em confronto na segunda-feira, depois que cerca de 300 migrantes tentaram forçar a entrada no país. A fronteira entre Macedônia e Grécia situa-se na principal rota migratória dos Bálcãs. O caminho é utilizado para chegar a outros países no centro e no norte da Europa.
A Macedônia só tem liberado a passagem de sírios e iraquianos, o que causou um caos em Idomeni. Organizações de ajuda humanitária afirmaram que falta comida e abrigo na região. Ao menos 25 mil refugiados estão retidos na Grécia desde a semana passada, quando a Macedônia e outros países da região começaram a impor restrições em suas fronteiras.
Atenas pediu à UE cerca de 480 milhões de euros em ajuda para lidar com os milhares de refugiados que estão retidos na fronteira entre Grécia e Macedônia, além de centenas de outras pessoas que desembarcam diariamente em ilhas no Mar Egeu. Mais de 120 mil refugiados chegaram ao país somente neste ano.
A Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira uma proposta para disponibilizar 700 milhões de euros como ajuda de emergência humanitária para os países do bloco, em particular para responder à crise dos refugiados.
CN/rtr/ap/lusa/afp
A miséria de refugiados no norte da França
Cerca de 2 mil imigrantes padecem no frio e na lama num acampamento perto da cidade portuária de Dunquerque. Enquanto esperam por uma oportunidade de rumar para o Reino Unido, eles dependem da ajuda de voluntários.
Foto: DW/B. Riegert
No meio da lama
Estima-se que um acampamento próximo à comuna de Grande Synthe, perto da cidade portuária de Dunquerque, no norte da França, abrigue 2 mil pessoas em pequenas tendas. À noite, o frio é intenso, e, quando chove, o local fica repleto de lama.
Foto: DW/B. Riegert
Persistência
Lizman vem da região curda do Iraque. "Em casa estamos em guerra", diz ele, que tem como objetivo chegar à Inglaterra. O iraquiano montou um café numa das barracas do acampamento, onde os jovens matam o tempo.
Foto: DW/B. Riegert
Objetivo: Reino Unido
Para proteger a barraca da sujeira e do frio, o iraquiano Asis conseguiu um martelo emprestado. O jovem curdo quer atravessar o Canal da Mancha e chegar à Inglaterra. Para isso, ele teria que pagar até 5.000 euros a um traficante. "Tem que ser melhor do outro lado", espera.
Foto: DW/B. Riegert
Sopro de esperança
O número de crianças que vive no acampamento repleto de lixo e lama não é claro. Voluntários coletaram ursinhos de pelúcia e os distribuíram na "barraca das crianças".
Foto: DW/B. Riegert
Perspectivas
Uma criança perdeu esta boneca na lama. Da mesma maneira, a esperança de muitas pessoas acaba desaparecendo no acampamento. À noite é muito fria, e não há iluminação. Apenas alguns banheiros químicos e chuveiros funcionam.
Foto: DW/B. Riegert
Voluntários do Reino Unido
O britânico Chris Bailey serviu como soldado no Iraque. Agora ele ajuda migrantes que querem chegar ao seu país. "A situação aqui é pior do que a de alguns lugares que vi na guerra", diz o veterano. Ele distribui cobertores e botas de borracha que foram doadas.
Foto: DW/B. Riegert
Bem-vindos à França
Além de chá, Denise (à esq.) e Maryse oferecem um bom papo aos imigrantes. Elas moram em frente ao acampamento. Uma rua separa dois mundos completamente diferentes. "As autoridades não se importam", opina Denise. Muitos vizinhos querem que os migrantes saiam dali.
Foto: DW/B. Riegert
Onde está o governo?
Um voluntário batizou com nomes de políticos europeus algumas das vias que levam até o precário acampamento. Esta, por exemplo, é a "Avenida François Hollande", porque o governo francês não se importa com o local. A polícia não dá segurança alguma. Moradores relatam violência entre grupos de imigrantes, principalmente à noite.
Foto: DW/B. Riegert
Voluntários da Alemanha
O número de refugiados que chegam a Munique diminuiu. "Aqui nós seremos necessários", diz Sinan von Stietencron da Volxküche München, iniciativa que distribui alimentos a migrantes na cidade alemã. Com a cozinha móvel, ele viajou com amigos da Baviera para o Canal da Mancha.
Foto: DW/B. Riegert
Emergência
A organização de ajuda humanitária Médicos sem Fronteiras (MSF) vacinou os moradores do acampamento contra sarampo e gripe. Especialmente as crianças acabam doentes, devido à umidade, ao frio e às péssimas condições de higiene. A MSF montou uma estação de emergência em Grande Synthe, a primeira unidade operacional da organização no coração da Europa.
Foto: DW/B. Riegert
Seguir adiante
Agachado dentro de sua barraca, Asim diz que fugiu do "Estado Islâmico" no Iraque. Ele se esforça para manter o pequeno espaço limpo e até oferece um chá para a repórter da DW. "Todos querem seguir adiante", diz o iraquiano.
Foto: DW/B. Riegert
A última estação
O porto de Dunquerque fica a 10 quilômetros do acampamento. As chances de conseguir chegar à Inglaterra partindo daqui são mínimas. Quase ninguém quer entrar com um pedido de asilo na França. O que fazer agora? Pagar um transporte clandestino para atravessar o Canal da Mancha? Recuar para a Bélgica ou Alemanha? Ou simplesmente esperar?