Macedônia constrói cerca na fronteira com a Grécia
28 de novembro de 2015
Medida visa garantir ordem na entrada de refugiados no país e governo diz que fronteira continua aberta. Polícia macedônia entra em confronto com migrantes impedidos de continuar viagem pela rota dos Bálcãs.
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A Macedônia deu início neste sábado (28/11) a construção de uma cerca na fronteira com a Grécia para assegurar a entrada ordenada de refugiados no país. A barreira, de cerca de 3 metros de altura, está sendo erguida por militares.
"Queremos enfatizar que a fronteira continua aberta. Permitiremos a passagem de pessoas que vêm de regiões afetadas por guerras, como temos feito até agora", afirmou Aleksandar Gjorgjiev, porta-voz do governo.
O país ressaltou, ainda, que a cerca visa direcionar refugiados para os postos de controle, onde eles são registrados e recebem assistência necessária.
Há uma semana, Macedônia, Sérvia e Croácia começaram a restringir a passagem de migrantes pela rota dos Bálcãs, permitindo a entrada em seus territórios apenas de cidadãos oriundos da Síria, Iraque e Afeganistão.
A situação levou a um acúmulo de migrantes vindos de outros países na fronteira da Grécia com a Macedônia. A região se tornou palco de frequentes confrontos entre refugiados e a polícia macedônia.
Protesto e violência
Cerca de 250 migrantes entraram em confronto com a polícia na fronteira da Grécia com a Macedônia neste sábado. O conflito começou quando um homem sofreu queimaduras graves, após ter tocado em um cabo de alta tensão ao tentar atravessar a fronteira em cima de um vagão de trem.
Migrantes revoltados jogaram pedras contra forças de segurança macedônias que responderam com bombas de efeito moral. A polícia chegou a entrar na Grécia para tentar dispersar os refugiados. Autoridades disseram que 18 policiais ficaram feridos e dois foram hospitalizados após os confrontos.
O local também foi palco de violência na quinta-feira, quando migrantes tentaram furar o bloqueio e entraram em confronto com a polícia. Alguns jogaram pedras contra as forças de segurança e outros gritavam que queriam ir para a Alemanha. A polícia reagiu com bombas de efeito moral.
Na terça-feira, a ONU acusou a Macedônia de impedir a passagem de cerca de mil refugiados. Aproximadamente 200 pessoas, entre elas muitas oriundas do Irã, Bangladesh e Paquistão começaram uma greve de fome em protesto.
Somente em novembro, mais de 110 mil migrantes chegaram à Grécia através do Mar Mediterrâneo. De acordo a Organização Internacional para Migração (OIM), aproximadamente 105 mil desses refugiados atravessaram a fronteira da Macedônia.
A ONU estima que cerca de 875 mil migrantes já chegaram à União Europeia neste ano através do Mediterrâneo. Mais de 3.400 morreram durante a travessia.
CN/rtr/ap/afp/dpa/lusa
O poder das cercas
Muro que dividia a Alemanha caiu há 26 anos. Contudo, diante da onda de refugiados, o apelo por instalações fronteiriças é cada vez maior em diversos locais da Europa. Aqui, uma visão geral dessas barreiras pelo mundo.
Foto: picture-alliance/dpa
Hungria fecha portas
O governo do primeiro-ministro Viktor Orbán levantou uma cerca na fronteira com a Sérvia e também fortificou a com a Croácia, país-membro da União Europeia. A Hungria faz parte do Espaço Schengen, onde os controles fronteiriços foram basicamente abolidos. A maioria dos refugiados que chega da Grécia através da chamada rota dos Bálcãs, quer vir para a Áustria ou a Alemanha.
Foto: DW/V. Tesija
Posto avançado europeu
As instalações de fronteira em Melilla, enclave espanhol no norte do Marrocos, contam entre as mais modernas do mundo. Assim como em Ceuta, uma cerca de seis metros de altura e dez quilômetros de extensão circunda a cidade. Equipada com "arame farpado da Otan", câmeras infravermelhas e sensores de ruído e movimento, a fortificação visa desencorajar os refugiados africanos.
Foto: Getty Images
Ilha dividida
A chamada Linha Verde no Chipre consiste de cercas de arame farpado, escombros, torres de vigilância e seções de muro. Ao longo de 180 quilômetros, ela divide a ilha em uma parte turca no norte e uma grega, no sul. Vigiada por milhares de soldados em ambos os lados, desde a queda do Muro de Berlim Nicósia passou a ser a maior capital dividida do mundo.
Foto: picture-alliance/dpa/R.Hackenberg
Muro entre EUA e México
Cerca de 20 mil policiais controlam ininterruptamente a fronteira entre EUA e México. Apelidada "Tortilla Wall", a barreira se estende por 1.126 quilômetros. A construção é assegurada por câmeras de vídeo e infravermelhas, dispositivos de visão noturna, detectores de movimento, sensores térmicos e drones. Sua função é evitar a imigração ilegal e o contrabando de drogas.
Foto: dpa
Terra Santa entre dois povos
Somente em poucos pontos de controle é possível atravessar a fronteira entre os territórios palestinos e Israel, como aqui em Jerusalém. O objetivo das instalações fronteiriças é a defesa contra ataques terroristas palestinos. Apesar das fortificações e da vigilância, os palestinos conseguem contrabandear regularmente armas e outros bens, através de um sistema de túneis na Faixa de Gaza.
Foto: picture-alliance/Landov
"Zona desmilitarizada" na Coreia
Ela é considerada a fronteira mais fortificada e controlada do mundo. Um milhão de minas, arame farpado e torres de controle separam a Coreia do Sul da parte comunista da península. Em ambos os lados dos 248 quilômetros da linha demarcatória, encontra-se uma "zona desmilitarizada" de dois quilômetros de largura, onde é proibido entrar. Ela foi criada após o fim da Guerra da Coreia (1950-1953).
Foto: picture alliance/AP Photo
Linha de paz na Irlanda do Norte
Um total de 48 "linhas de paz" separa católicos e protestantes na Irlanda do Norte. Na capital Belfast, o sistema fronteiriço consiste de um muro de sete metros de altura, composto por tijolos, cerca de arame farpado, concreto e grades. O muro possui passagens para pedestres e portões para o tráfego, que são fechados à noite.
Foto: Peter Geoghegan
"Cerca de proteção" indiana
Trata-se da maior instalação de fronteira do mundo: a Índia decidiu construir 4 mil quilômetros de "cerca de proteção" na fronteira com Bangladesh, país considerado pelos indianos como reduto de terroristas. A "linha zero" é uma cerca elétrica de até dois metros de altura, guarnecida de arame farpado. Aprximadamente 50 mil soldados controlam o sistema fronteiriço.
Foto: S. Rahman/Getty Images
Muro de Berlim
Ele fez parte da recente história mundial e foi condenado durante décadas de "faixa da morte". A queda do Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989 marcou o início do processo de Reunificação das duas Alemanhas e o fim da Guerra Fria. Contudo, o apelo desse evento histórico não pôde impedir que até hoje barreiras e demarcações dominem a política mundial.