Macron anuncia fechamento de 14 reatores nucleares até 2035
27 de novembro de 2018
Presidente afirma que parcela de energia produzida no país proveniente de usinas nucleares será reduzida dos mais de 70% atuais para 50%. Polêmica unidade na fronteira com a Alemanha será desativada só em 2022.
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Num aguardado discurso sobre a estratégia para o setor energético, o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta terça-feira (27/11) que o país fechará 14 dos 58 reatores nucleares em operação no país até 2035.
Assim, a parcela da energia produzida na França proveniente de usinas nucleares será reduzida de mais de 70% para 50% até meados da próxima década. A expectativa anterior era que o país alcançasse a meta já em 2025.
Apesar das medidas, a França não vai abandonar a energia nuclear completamente, destacou o presidente. "Reduzir o papel da energia nuclear não significa renunciar a ela", declarou.
Com 19 usinas nucleares em funcionamento, a França é o país que mais depende de energia nuclear no mundo. De quatro a seis reatores devem ser fechados no país até 2030.
No entanto, Macron afirmou que, até o fim de seu mandato, em 2022, serão fechados apenas os reatores da polêmica usina de Fessenheim, na região da Alsácia, próxima à fronteira com a Alemanha.
Inaugurada há 40 anos, Fessenheim é a mais antiga usina nuclear ainda em operação na França. Um de seus reatores deve ser desativado até setembro de 2020, e o outro, até agosto de 2022.
Há anos a Alemanha exige o fechamento do local. Especialistas afirmam que se trata de uma das usinas nucleares menos seguras da Europa. Macron já havia anunciado no ano passado que Fessenheim seria desativada.
Como parte de sua política energética, o presidente disse que a França vai tentar aumentar o número de interconexões com países vizinhos para ampliar e impulsionar o fornecimento de energia para o país e, assim, manter os preços constantes.
Macron também prometeu desenvolver o setor de energias renováveis, afirmando que sua prioridade é distanciar a economia francesa dos combustíveis fósseis, que contribuem para o aquecimento global.
LPF/rtr/afp/ap/dpa
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Os arredores da cidade ucraniana continuam inabitáveis 32 anos depois do acidente nuclear. Mas algumas pessoas já voltaram para suas casas. O cotidiano delas foi fotografado por Alina Rudya.
Foto: DW/A. Rudya
O otimismo de Baba Gania
Baba (mulher, senhora) Gania (e) tem 86 anos. Há dez, ela é viúva e, há 25, cuida da irmã Sonya, portadora de deficiência mental. "Não tenho medo da radiação. Cozinho os cogumelos até sair tudo", explica. A fotógrafa ucraniana Alina Rudya a visitou várias vezes: "É a pessoa mais calorosa e gentil que eu conheço", diz.
Foto: DW/A. Rudya
Casas vazias, indício de fuga apressada
Gania e a irmã vivem em Kupuvate, um vilarejo na área restrita que foi delimitada num raio de 30 km ao redor das ruínas da usina nuclear de Chernobyl. Depois da explosão do reator, em abril de 1986, 350 mil pessoas precisaram deixar a região. A maioria das casas em Kupuvate ficou vazia. Gania usa essa casa nas proximidades para guardar o seu caixão e o da irmã.
Foto: DW/A. Rudya
A volta dos mortos
"Na verdade, o cemitério de Kupuvate se parece com qualquer outro cemitério dos vilarejos da Ucrânia", conta Alina Rudya. "Muitas pessoas hoje enterradas aqui tiveram de abandonar a região depois da catástrofe e passaram a vida fora da área de radiação nuclear. Eles só voltaram depois de morrer", relata.
Foto: DW/A. Rudya
O último desejo de Baba Marusia
Os poucos que ficaram cuidam dos restos mortais dos familiares – como Baba Marusia, que veio até o túmulo da mãe. A filha vive em Kiev com o marido e duas crianças. "Fico feliz de ter ficado aqui", diz Baba Marusia. "Aqui é minha casa. Quero ser enterrada aqui." E acrescenta: "Mas do lado da minha mãe, não do meu marido."
Foto: DW/A. Rudya
Samosely: voltando para ficar
"Samosely" é como são chamados os habitantes que voltaram e vivem ilegalmente dentro da área de exclusão de Chernobyl. Galyna Ivanivna é um deles. "Minha vida passou como um raio. Tenho 82 anos e parece que nunca vivi. Quando era mais jovem, sonhava em viajar pelo mundo inteiro. Mas eu nunca consegui ir além de Kiev", recorda.
Foto: DW/A. Rudya
Vivendo no próprio mundo
Ivan Ivanovich e sua mulher também fazem parte das poucas centenas de habitantes que mudaram de volta para a área contaminada por radiação nuclear nos anos 1980. Entre os turistas que visitam a região, Ivan se tornou uma espécie de celebridade. "Ele conhece inúmeras histórias que oscilam entre verdade e imaginação", explica Alina Rudya.
Foto: DW/A. Rudya
Testemunhas mudas do passado
Uma semana antes do aniversário de 32 anos da catástrofe de Chernobyl, no dia 26 de abril, Alina Rudya foi à vila de Opachichi. Segundo ela, apenas uma mulher idosa ainda vive aqui – os outros habitantes já morreram. Suas casas vazias ficam abertas como testemunho mudo, mas eloquente, do ocorrido, através de fotos, calendários, cartas, toalhas bordadas e móveis.
Foto: DW/A. Rudya
Despedida a prestação
Marusia observa o marido, Ivan, dormindo. Ele teve um AVC recentemente e sofre de demência. "Às vezes, ele acorda à noite e sai procurando o seu trator. Trabalhou com o veículo por 42 anos." Ela diz que o desejo de morrer está vindo lentamente para ela. "Não quero ser um fardo para meus filhos e netos", afirma.
Foto: DW/A. Rudya
Prevenidos para a morte
Antes de ficar doente, Ivan, marido de Marusia, ainda construiu dois caixões para estar preparado para a própria morte e a morte da mulher. Os caixões ficam num galpão, diretamente ao lado da bicicleta velha. "O de baixo é meu, e o de cima é o do meu marido", explica Marusia.
Foto: DW/A. Rudya
Os últimos "samosely"
Apenas poucos samosely ainda vivem na zona de exclusão. Alina Rudya, que também nasceu perto de Chernobyl, os visitou várias vezes e fez retratos de alguns para um projeto fotográfico de longo prazo que ela quer publicar em livro. "Visitar os vilarejos abandonados está ficando cada vez mais triste. Toda vez que eu venho, alguém morreu, porque quase todos têm mais de 70 anos", explica.