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EconomiaFrança

Macron anuncia "renascimento da energia nuclear" na França

10 de fevereiro de 2022

Presidente francês disse que país construirá seis novas usinas nucleares até 2050 e avaliará a possibilidade de mais oito. "A França está escolhendo sua independência e liberdade", afirmou Macron.

Macron fala em um púlpito dentro de uma fábrica. Há muitas pessoas sentadas ouvindo. Elas usam máscara.
Macron fez anúncio em uma fábrica de turbinas na cidade de BelfortFoto: Jean-Francois Badias/AP Photo/picture alliance

Enquanto a Alemanha se prepara para a desativação completa de suas últimas usinas nucleares ainda este ano, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta quinta-feira (10/02) o "renascimento da energia nuclear" no país.

Segundo ele, a França construirá seis novas usinas nucleares até 2050 e verificará a possibilidade de mais oito. O anúncio foi feito em uma fábrica de turbinas na cidade de Belfort.

Macron acrescentou que as operações de todas as usinas nucleares já existentes na França serão estendidas para além de 50 anos, se a segurança permitir.

Isso significa que nenhuma estação de energia será retirada da rede, a menos que haja motivos convincentes por razões de segurança, disse Macron.

O país é o segundo maior gerador de energia nuclear do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. 

"A França está escolhendo sua independência e liberdade", afirmou Macron, que vê a energia nuclear como um componente essencial na transição energética dos combustíveis fósseis.

Alta na demanda por energia

Segundo o presidente francês, a previsão é que a demanda por eletricidade aumente em 60%, o que não poderia ser coberto por energias renováveis. Para Macron, a rota mais segura e limpa é a energia nuclear – o que também geraria empregos e impulsionaria a industrialização do país.

De acordo com Macron, a energia nuclear está "no centro da política francesa de proteção climática".

As novas usinas nucleares serão construídas e operadas pela concessionária EDF, controlada pelo Estado, e financiadas com bilhões de euros em fundos públicos.

O governo está otimista em conseguir financiamento, após sua pressão surtir efeito e a Comissão Europeia classificar, na semana passada, a energia nuclear como verde.

Energia eólica e solar

Como a primeira das novas usinas nucleares não deve entrar em operação antes de 2035, Macron também anunciou a expansão das energias renováveis, observando que agora elas se tornaram mais lucrativas e competitivas. Serão construídos 50 novos parques eólicos offshore (em alto-mar) até 2050 e haverá fortes investimentos em energia solar.

A geração a partir de fontes renováveis ​​está planejada para dobrar até 2030 e ser expandida ainda mais até 2050. Para isso, a capacidade das turbinas eólicas deve ser dobrada e a geração de energia solar deve aumentar em "quase dez vezes".

Até agora, a França avançou pouco em sua expansão das energias renováveis. Em 2020, produziu apenas 19% de energia renovável, ficando aquém de sua meta autoimposta de 23%. Embora a França tenha quilômetros de costa no Canal da Mancha, no Atlântico e no Mediterrâneo, ainda não há um parque eólico offshore em funcionamento.

Macron visitou fábrica de turbinas de usinas nucleares em Belfort. Foto: POOL/AFP/Getty Images/JEAN-FRANCOIS BADIAS

Matriz de energia nuclear envelhecida

Macron depende da energia nuclear para diminuir as emissões de carbono. No entanto, a matriz de usinas envelhecidas traz muitos problemas. Dos 56 reatores, 12 estão atualmente desligados – sete para manutenção e cinco por sérios danos por corrosão. Por isso, a produção geral caiu para cerca de 55% a 60% da capacidade. 

O envelhecimento da matriz de energia nuclear francesa se deve, em parte, à hesitação em continuar investindo no setor atômico após o desastre de Fukushima, em 2011, no Japão.

"Escolhas radicais"

Macron argumenta que a energia nuclear é necessária para ajudar as economias avançadas a fazer a transição para um futuro de baixo carbono porque as energias renováveis ​​ainda não são capazes de produzir a quantidade de eletricidade necessária.

"Algumas nações fizeram escolhas radicais para dar as costas à energia nuclear", disse Macron, referindo-se ao acidente de Fukushima. "A França não fez essa escolha. Resistimos. Mas não investimos porque tínhamos dúvidas", acrescentou.

Os opositores da energia nuclear, que se preocupam com sua segurança e resíduos radioativos altamente tóxicos, criticaram imediatamente os anúncios feitos por Macron nesta quinta-feira.

A França terá eleições presenciais em abril - e o avanço do projeto depende do resultado do pleito. A maioria dos candidatos presidenciais prometeu continuar investindo no setor, com exceção do postulante de extrema-esquerda Jean-Luc Melenchon e do candidato verde, Yannick Jadot.

Armazenamento de resíduos

A energia nuclear produz emissões muito menores do que carvão, petróleo ou gás, mas as usinas são caras para construir e produzem resíduos radioativos que permanecem mortais por dezenas de milhares de anos .

Essa é uma questão com a qual a França ainda precisa lidar – sua lagoa de resfriamento na usina de reprocessamento de La Hague estará cheia até 2030 e o país não estabeleceu uma instalação permanente de armazenamento de resíduos nucleares para substituí-la.

A Alemanha decidiu eliminar a indústria nuclear até o final de 2022 após o desastre de Fukushima, mas a decisão foi criticada por aumentar a dependência de Berlim do gás  e aumentar os preços da energia.

le (AFP, DPA, ots)

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