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PolíticaFrança

Macron apela para que franceses rejeitem "extremos"

12 de junho de 2024

Após convocar eleições antecipadas, presidente francês critica aproximação entre conservadores e ultradireitistas e da centro-esquerda com esquerda populista. "As máscaras estão caindo", diz Macron.

 Emmanuel Macron
"Não quero entregar as chaves do poder à extrema direita", disse MacronFoto: Michel Euler/AP Photo/picture alliance

O presidente da França, Emmanuel Macron, pediu nesta quarta-feira (12/06) a união de "todos aqueles que dizem não aos extremos" e lançou críticas à ultradireita, conservadores e políticos de esquerda.

"Desejo que, neste momento, os homens e mulheres de mente sã, que são capazes de dizer não aos extremos, se unam", disse o centrista Macron em uma coletiva de imprensa em Paris, defendendo uma aliança de políticos moderados contra a ultradireita.

As falas do presidente ocorreram horas após o líder do partido conservador Os Republicanos (LR), Éric Ciotti, defender uma aliança com a ultradireita de Marine Le Pen nas eleições legislativas antecipadas, que foram convocadas por Macron no último domingo. O movimento provocou um terremoto no LR e levou líderes contrários a uma aliança com Le Pen a se movimentarem para destituir Ciotti - o político, no entanto, tem se recusado a deixar o cargo.

No outro espectro político, Macron também criticou a aproximação entre o que chamou de "esquerda republicana" e o partido populista de esquerda A França Insubmissa (LFI), liderado por Jean-Luc Mélenchon. Na segunda-feira, o LFI, o Partido Socialista (PS), o Partido Comunista e Os Verdes anunciaram que fecharam uma aliança, batizada como "Frente Popular", para disputar o próximo pleito legislativo, que vai ocorrer em dois turnos, em 30 de junho e 7 de julho.

"As coisas são simples. Hoje temos alianças não naturais nos dois extremos [do espectro político]", disse Macron. "Desde a noite de domingo, as máscaras caem e a batalha dos valores explode à luz do dia."

Críticas

Visivelmente irritado com os movimentos de aproximação entre os partidos de oposição ao seu governo, Macron classificou os blocos como "dois extremos que não estão de acordo com nada", afirmando que eles "empobrecem o país".

Por diversas vezes, o presidente citou o nome do líder da esquerda populista, Jean-Luc Mélenchon, chamando o seu partido, o França Insubmissa, de "antissemita", devido à resistência de alguns membros da legenda de considerar o grupo Hamas como terrorista. Macron ainda acusou os deputados do LFI de promoverem "desordem" na Assembleia Nacional.

"Se há uma pessoa que se revira no túmulo hoje é Léon Blum", disse Macron, em referência ao primeiro-ministro de origem judaica que governou a França nos anos 1930 à frente de uma aliança de movimentos de esquerda também conhecida como Frente Popular.

Ao distribuir críticas tanto à direita quanto à esquerda, Macron repetiu táticas já adotadas anteriormente. Macron chegou à presidência em 2017 com um discurso liberal de centro, atraindo eleitores descontentes com a tradicional alternância entre socialistas e conservadores. Na reeleição de 2022, ele já se apresentou como a alternativa aos "extremos".

Na eleição antecipada, Macron deseja atrair especialmente os insatisfeitos no Partido Socialista com a formação de uma frente unida com a LFI e conservadores do LR que rejeitam o "pacto com o diabo" com a ultradireita de Le Pen.

Nesta quarta-feira, Macron ainda defendeu sua decisão de convocar eleições antecipadas para a Assembleia Nacional, medida que foi anunciada no domingo, pouco após o seu partido registrar uma derrota humilhante para a ultradireita no pleito que escolheu a nova formação do Parlamento Europeu. A antecipação das eleições não afeta Macron, que continuará como presidente até 2027, mas ele corre o risco de ter que compartilhar o poder no Parlamento com um governo de outra tendência política no restante do seu mandato.

"Não quero entregar as chaves do poder à extrema direita em 2027", disse ele, referindo-se às próximas eleições presidenciais da França. "É por isso que eu marquei eleições [legislativas] antecipadas. A reação deve ocorrer agora."

jps/cn (AFP, RFI, ots)

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