Macron e Netanyahu lembram deportação de judeus em Paris
16 de julho de 2017
Ao lado do premiê israelense, presidente reconhece papel da França no episódio em Vel d'Hiv, há 75 anos, quando 13 mil judeus foram enviados a campos nazistas. Em reunião, Macron clama por negociação com palestinos.
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, esteve em Paris neste domingo (16/07) por ocasião dos 75 anos do episódio em Vel d'Hiv, quando milhares de judeus foram detidos pela polícia francesa e deportados do país durante a ocupação nazista. Ao lado do premiê, o presidente da França, Emmanuel Macron, reconheceu o papel do Estado francês nas deportações.
É a primeira vez que um primeiro-ministro israelense participa da cerimônia na capital francesa em memória das vítimas de Vel d'Hiv, bem como a primeira reunião entre Netanyahu e Macron. O premiê descreveu o convite como "um gesto forte" que enfatiza a longa amizade entre os dois países.
Entre 16 e 17 de julho de 1942, cerca de 13 mil judeus estiveram detidos em Vel d'Hiv, uma pista de ciclismo coberta em Paris, antes de serem deportados pela polícia francesa para campos de concentração nazistas. Desses, apenas cem sobreviveram.
Em cerimônia neste domingo, Macron afirmou que a responsabilidade francesa no episódio é "uma verdade absoluta". "Foi a França, de fato, quem organizou" essas prisões e deportações em Vel d'Hiv, não tendo "nenhum alemão" participado delas, declarou o presidente, sobre um dos capítulos mais sombrios da história da França em tempos de guerra.
Netanyahu, por sua vez, saudou o "heroísmo especial" da resistência francesa aos nazistas, louvando os "nobres cidadãos franceses que arriscaram suas próprias vidas" para evitar que outros milhares de judeus morressem nos campos de extermínio.
"Pela sagrada honra dos que morreram, nos lembraremos do passado e garantiremos o amanhã", afirmou o premiê israelense. "A força de Israel é a única garantia de que o povo judeu nunca sofrerá um Holocausto novamente."
Macron foi o quarto líder francês a reconhecer o papel do Estado nas deportações – ao todo, cerca de 75 mil judeus foram deportados da França durante a Segunda Guerra Mundial. Apenas 2.500 sobreviveram. O primeiro foi o ex-presidente Jacques Chirac, em 1995. Na ocasião, ele afirmou que a França era responsável pelos envios, e não o regime de Vichy, que colaborava com os nazistas.
Conflito israelenses e palestinos
Após a cerimônia, Macron e Netanyahu se reuniram para conversas que se focaram, principalmente, no conflito entre israelenses e palestinos. O presidente francês clamou pela retomada das negociações de paz, destacando a importância de se chegar "à solução de dois Estados, Israel e Palestina, com fronteiras seguras e reconhecidas e tendo Jerusalém como capital".
"A França está pronta para apoiar todos os esforços diplomáticos para este fim, dentro dos parâmetros de paz reconhecidos pela comunidade internacional", completou Macron, em coletiva de imprensa após a reunião de duas horas com o líder israelense.
O presidente francês fez questão de frisar que o direito internacional deve "ser respeitado por todos", em referência à "contínua construção de assentamentos" por parte de Israel em território palestino ocupado, uma atitude que é criticada pelo governo em Paris.
Netanyahu, por sua vez, alegou que "os palestinos se negam a reconhecer um Estado judeu independente". As negociações de paz entre israelenses e palestinos estão congeladas desde 2014, quando fracassou a tentativa de mediação dos Estados Unidos.
"Vigilância" sobre Irã
O premiê israelense afirmou ainda que, durante a reunião, expressou a Macron "suas preocupações com o regime iraniano".
Em resposta, o líder francês garantiu a Netanyahu que Paris segue "vigilante" em relação ao cumprimento "estrito" por parte do Irã do acordo nuclear assinado em 2015 com o Grupo 5+1 – os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha –, com o qual Teerã se comprometeu a não desenvolver tecnologia nuclear com fins militares.
EK/afp/ap/dpa/efe/lusa
Memoriais do Terror Nazista
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, diversos memoriais foram inaugurados na Alemanha para homenagear as vítimas do conflito e os perseguidos e mortos pelo regime nazista.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de concentração de Dachau
Um dos primeiros campos de concentração criados durante o regime nazista foi o de Dachau. Poucas semanas depois de Hitler chegar ao poder, os primeiros prisioneiros já foram levados para o local, que serviu como modelo para os futuros campos do Reich. Apesar de não ter sido concebido como campo de extermínio, em nenhum outro lugar foram assassinados tantos dissidentes políticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Reichsparteitagsgelände
A antiga área de desfiles do Partido Nacional-Socialista em Nurembergue, denominada "Reichsparteitagsgelände", foi de 1933 até o início da Segunda Guerra palco de passeatas e outros eventos de propaganda do regime nazista, reunindo até 200 mil participantes. Lá está atualmente instalado um centro de documentação.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Casa da Conferência de Wannsee
A Vila Marlier, localizada às margens do lago Wannsee, em Berlim, foi um dos centros de planejamento do Holocausto. Lá reuniram-se, em 20 de janeiro de 1942, 15 membros do governo do "Terceiro Reich" e da organização paramilitar SS (Schutzstaffel) para discutir detalhes do genocídio dos judeus. Em 1992, o Memorial da Conferência de Wannsee foi inaugurado na vila.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de Bergen-Belsen
De início, a instalação na Baixa Saxônia servia como campo de prisioneiros de guerra. Nos últimos anos do conflito, eram geralmente enviados para Bergen-Belsen os doentes de outros campos. A maioria ou foi assassinada ou morreu em decorrência das enfermidades. Uma das 50 mil vitimas foi a jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida com a publicação póstuma do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
No complexo de edifícios Bendlerblock, em Berlim, planejou-se um atentado fracassado contra Adolf Hitler. O grupo de resistência, formado por oficiais sob comando do coronel Claus von Stauffenberg, falhou na tentativa de assassinar o ditador em 20 de julho de 1944. Parte dos conspiradores foi fuzilada no mesmo dia, no próprio Bendlerblock. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas da Igreja de São Nicolau
Como parte da Operação Gomorra, aviões americanos e britânicos realizaram uma série de bombardeios contra a estrategicamente importante Hamburgo. A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade portuária, servia aos pilotos como ponto de orientação e foi fortemente danificada nos ataques. Depois de 1945 não foi reconstruída, e suas ruínas foram dedicadas às vítimas da guerra aérea na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Sanatório Hadamar
A partir de 1941, portadores de doenças psiquiátricas e deficiências eram levados para o sanatório de Hadamar, em Hessen. Considerados "indignos de viver" pelos nazistas, quase 15 mil – de um total de 70 mil em todo o país – foram mortos ali com injeções de veneno ou com gás. O atual memorial engloba a antiga instituição da morte e o cemitério contíguo, onde estão enterradas algumas das vítimas.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento de Seelow
A Batalha de Seelow deu início à ofensiva do Exército Vermelho contra Berlim, em abril de 1945. No maior combate em solo alemão, cerca de 100 mil soldados das Wehrmacht enfrentaram o Exército soviético, dez vezes maior. Após a derrota alemã, em 19 de abril o caminho para Berlim estava aberto. Já em 27 de novembro de 1945 era inaugurado o monumento nas colinas de Seelow, em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial ao Holocausto em Berlim foi inaugurado em 2005, em memória aos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas na Europa. Não muito distante do Bundestag (parlamento), 2.711 estelas de cimento de tamanhos diferentes formam um labirinto por onde os visitantes podem caminhar livremente. Uma exposição subterrânea complementa o complexo do Memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento aos Homossexuais Perseguidos
De formas inspiradas no Memorial do Holocausto e próximo a ele, o monumento aos homossexuais perseguidos pelo nazismo foi inaugurado em 27 de maio de 2008, no parque berlinense Tiergarten. Uma abertura envidraçada permite ao visitante vislumbrar o interior do monumento, onde um vídeo infinito mostra casais de homens e de mulheres que se beijam.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Monumento aos Sintos e Roma Assassinados
O mais recente memorial central foi inaugurado em Berlim em 2012. Em frente ao Reichstag, um jardim lembra o assassinato de 500 mil ciganos durante o regime nazista. No centro de uma fonte de pedra negra, está uma estela triangular: ela evoca a forma do distintivo que os prisioneiros ciganos dos campos de concentração traziam em seus uniformes.
Foto: picture-alliance/dpa
'Pedras de Tropeçar'
Na década de 1990, o artista alemão Gunter Demnig começou um projeto de revisão do Holocausto: diante das antigas residências das vítimas, ele aplica placas de metal onde estão gravados seus nomes e as circunstâncias das mortes. Há mais de 45 mil dessas "Stolpersteine" (pedras de tropeçar) na Alemanha e em 17 outros países europeus, formando o maior memorial descentralizado às vítimas do nazismo.