Após passagem pelo Reino Unido, líder ucraniano recebe em Paris novas garantias de apoio de França e Alemanha e renova pedido por armamentos pesados e aviões de combate. Ele deverá participar da cúpula da UE em Bruxelas.
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Após uma breve visita ao Reino Unido, onde se reuniu com as principais autoridades do país, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, foi recebido na noite desta quarta-feira (08/02) em Paris pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e pelo chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz.
No Palácio do Eliseu, Macron assegurou que seu país se manterá firme no apoio à Ucrânia, e disse que a Rússia "não pode e não deve" sair vencedora da guerra. Ele afirmou que discutiria com Zelenski e Scholz as "necessidades operacionais" de Kiev na luta contra os invasores russos.
O francês disse que Zelenski deverá participar presencialmente da cúpula dos líderes da União Europeia (UE) em Bruxelas, nesta quinta-feira.
O encontro em Paris na noite desta quarta é visto como uma nova etapa nas relações ucranianas com Paris e Berlim. Nos primeiros meses da guerra, iniciada há quase um ano, Kiev chegou a se queixar das nações europeias por demorarem a agir para ajudar suas tropas a resistirem às forças russas.
O chanceler federal Olaf Scholz lembrou que, desde o início da invasão russa, a Alemanha e seus parceiros apoiam a Ucrânia com recursos financeiros, ajuda humanitária e armamentos, e garantiu que "continuaremos a fazê-lo enquanto for necessário".
Ele afirmou que a reunião de cúpula dos líderes da UE nesta quinta resultará em um forte gesto de solidariedade para com Kiev. "Levarei uma mensagem clara a Bruxelas: a Ucrânia pertence à família europeia", disse Scholz.
Zelenski repetiu em Paris os mesmos pedidos feitos horas antes ao governo britânico: mais armamentos, em especial, aviões de combate e mísseis de longo alcance, e entregas mais rápidas desses equipamentos.
"Quanto mais cedo a Ucrânia receber artilharia pesada de longo alcance, quanto mais cedo nossos pilotos receberem aviões, mais cedo as agressões russas acabarão e nós poderemos retornar à paz na Europa", disse o ucraniano.
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Passagem pelo Reino Unido
A viagem de Zelenski ocorre num momento em que Kiev se prepara para uma possível ofensiva russa e organiza seus planos para recuperar o território invadido.
Em Londres, Zelenski foi recebido pelo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, a quem agradeceu o "grande apoio" britânico desde o início da invasão russa. Zelenski também discursou no Parlamento britânico, onde pediu que os aliados forneçam caças ao seu país.
"Faço um apelo a vocês e ao mundo por aviões de combate para a Ucrânia, asas para a liberdade", ressaltou. "Nós faremos o possível e o impossível para que o mundo nos forneça aviões modernos para nos ajudar a derrotar a Rússia."
Ele também visitou tropas ucranianas que recebem treinamento no sudoeste da Inglaterra e foi recebido pelo rei Charles 3º no Palácio de Buckingham.
Patrimônio cultural da Ucrânia sob ataque
Além de custar vidas humanas, a guerra da Rússia aniquila a rica herança arquitetônica e cultural ucraniana. Nos primeiros seis meses da ofensiva, pelo menos 450 sítios culturais foram danificados ou destruídos.
Foto: Nicola Marfisi/UIG/IMAGO
Biblioteca Regional Juvenil, Chernihiv
Fundada no século 10º, Chernihiv é uma das cidades mais antigas da Ucrânia. Ela foi uma das primeiras atacadas pela Rússia ao invadir o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022, e 70% de seus prédios e infraestrutura estão destruídos. A Biblioteca Regional Juvenil do século 19, uma das marcas registradas de Chernihiv, foi destroçada por bombas russas em 11 de março.
Foto: Nicola Marfisi/UIG/IMAGO
Teatro Dramático, Mariupol
Alguns dos combates mais violentos da guerra da Rússia contra a Ucrânia têm se desenrolado na cidade portuária de Mariupol, no Mar Negro. Há mais de 60 anos, adornava seu centro um elegante Teatro Dramático, em cujo porão os moradores iam buscar segurança durante as ofensivas. Porém em 16 de março as forças sob ordens de Vladimir Putin bombardearam o prédio, matando cerca de 600 civis.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
Museu de Arte Arkhip Kuindzhi, Mariupol
Em 21 de março, a Rússia lançou uma devastadora ofensiva aérea contra o Museu de Arte Arkhip Kuindzhi de Mariupol, construído em 1902, em estilo art nouveau. Nenhuma das obras desse pintor do século 19 se encontrava no prédio, porém as de Tetyana Yablonska e de outros artistas ucranianos. Não está claro se alguma delas foi recuperada.
Foto: Alexey Kudenko/SNA/IMAGO
Borodyanka
A cidadezinha de Borodyanka, cerca de 50 quilômetros a noroeste de Kiev, era um pacífico local residencial. Após mais de um mês de ocupação russa, contudo, grande parte dela está em ruínas. Casas, playgrounds, jardins, escolas, parques, até monumentos, como este busto do poeta ucraniano Taras Shevchenko, foram danificados ou destruídos.
Em 6 de maio, as tropas russas lançaram um ataque sobre a casa onde morou o poeta e filósofo do século 18 Hryhoriy Skovoroda, num subúrbio de Kharkiv. O prédio transformado em museu em honra de seu legado foi atingido por um míssil, um homem de 35 anos que supervisionava o local ficou ferido. A coleção não sofreu danos, pois já fora transportada para um local seguro.
Foto: Sergey Bobok/AFP/Getty Images
Igreja Pokrovsky, Malyn
Em 6 de março de 2022, os invasores russos lançaram um bombadeio aéreo sobre a praça central de Malyn. As paredes da Igreja Ortodoxa Pokrovsky, construída em meados dos anos 1990, sofreram sérios danos, suas janelas ficaram estilhaçadas.
Foto: Maxym Marusenko/NurPhoto/picture alliance
Izyum
Terceira maior cidade da região de Kharkiv, Izyum foi fundada em 1681 e ficou famosa por suas igrejas e outras construções históricas. Devido a sua localização estratégica, a Rússia tentou capturá-la pouco após o início da invasão. Bombas e mísseis destruíram 80% dos edifícios residenciais de Izyum. Esta escola datando de 1882 ficou seriamente danificada.