Macron rompe fronteiras partidárias em novo governo
17 de maio de 2017
Presidente francês mistura nomes conhecidos da política com personalidade da sociedade civil e inclui conservadores, centristas e socialistas em seu gabinete. Metade dos ministérios será ocupada por mulheres.
Anúncio
O presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou nesta quarta-feira (17/05) o seu primeiro governo, composto por 22 ministros, metade homens, metade mulheres, e que mistura nomes conhecidos da política com personalidade da sociedade civil e inclui conservadores, centristas e socialistas. O novo gabinete também cumpre a promessa de campanha de ser menor que os anteriores.
Três ministros de Estado com status superior aos demais encabeçam o primeiro governo do novo presidente. São eles os do Interior, Gérard Collomb (na prática o número dois, atrás apenas do primeiro-ministro Edouard Philippe), da Ecologia, Nicolas Hulot, e da Justiça, François Bayrou. Tanto Collomb como Bayrou foram figuras centrais na campanha eleitoral.
Outros nomes são o conservador Bruno Le Maire, que vai se ocupar da Economia, o sarkozista Gerald Darmanin, novo ministro da Fazenda, e o socialista Jean-Yves Le Drian, que troca a Defesa pelo Ministério da Europa e das Relações Exteriores.
Collomb, que está perto de completar 70 anos, vai se ocupar da pasta do Interior num país em estado de emergência por causa de atentados terroristas que causaram a morte de quase 240 pessoas desde 2015. Como prefeito de Lyon, ele defendeu a cooperação entre os partidos no governo da cidade.
Collomb foi a primeira figura de peso da política francesa a apoiar Macron e um dos quatro membros do círculo próximo do presidente a entrar no governo, ao lado de Sylvie Goulard, de 52 anos, segunda ministra da Defesa na história do país, Richard Ferrand, titular da Coesão Territorial, e Mounir Mahjoubi, secretário de Estado da Economia Digital.
O ambientalista Hulot, de 62 anos, figura conhecida do movimento verde, chega ao Executivo depois de ter dito não a presidentes anteriores e o faz como número três do governo. Ele é tido como pragmático e serviu como conselheiro de governos anteriores, tanto da direita como da esquerda.
Já Le Drian, de 69 anos, é um amigo de velho data do ex-presidente François Hollande e foi um raro ministro popular no governo altamente impopular de Hollande. Ele é um peso-pesado da política, principalmente se comparado a alguns de seus colegas de gabinete. A decisão de colocar Goulard, uma especialista em assuntos europeus, na pasta antes ocupada por Le Drian enfatiza o viés europeu do governo de Macron.
Le Maire, de 48 anos, é um reformista, também com profundo conhecimento de Europa e árduo defensor das relações franco-alemãs. Ele se distanciou de seu partido, Os Republicanos, depois do escândalo envolvendo o candidato François Fillon e tem defendido o apoio da direita francesa a Macron para impedir o avanço da extrema direita.
Fiel a seu compromiso de campanha, Macron nomeou também várias personalidades da sociedade civil, como os titulares da Saúde, Agnès Buzyn, até agora presidente da Alta Autoridade para a Saúde, do Trabalho, Muriel Penicaud, até agora encarregada da promoção exterior da economia francesa, do Esporte, a campeã olímpica de esgrima Laura Flessel, e da Cultura, a editora de livros Françoise Nyssen.
AS/afp/lusa/efe/rtr
As marcantes primeiras-damas francesas
Yvonne de Gaulle, Danielle Mitterand, Carla Bruni. Mulheres de diferentes personalidades já desempenharam o papel de "Première dame" na França, deixando marcas na cultura e na sociedade do país.
Foto: Reuters/B. Tessier
Brigitte Macron, de professora a primeira-dama
Emmanuel Macron quer que sua esposa tenha "um lugar e um papel" no Palácio do Eliseu. Casa com o recém-eleito presidente da França desde 2007, ela tem três filhos do matrimônio anterior. Questionado sobre a diferença de idade (ela é 24 anos mais velha que ele), ele responde: "Se eu fosse 20 anos mais velho, ninguém iria questionar nossa relação."
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/A. de Russe
Hollande e o triângulo amoroso
Quando festejou a vitória, em 2012, François Hollande ainda estava ao lado da jornalista e apresentadora Valerie Trierweiler (esq.), que assumiu o papel de primeira-dama. A relação teve um fim abrupto em 2014, quando a revista "Closer" tornou pública a relação de Hollande com a triz Julie Gayet. Trierweiler acabou escrevendo um livro sobre o caso.
Carla Bruni, modelo e cantora no Eliseu
Antes de se tornar cantora, a italiana Carla Bruni era conhecida como modelo. Em 2002, seu álbum de estreia, "Quelqu'un m'a dit", também fez sucesso fora da França, onde mora desde 1975. Em 2008, ela se casou com o presidente Nicolas Sarkozy, mas viveu retraída como primeira-dama. Hoje, aos 49 anos, Carla Bruni continua sendo admirada por seu estilo.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Karmann
Bernadette Chirac continuou carreira política
De 1995 a 2007, Bernadette Chirac, casada com Jacques Chirac, foi a primeira-dama da França. Ao mesmo tempo, ela seguiu com a própria carreira política: desde 1971, ocupou vários cargos no departamento de Corrèze, no centro da França. Além disso, ela preside várias organizações de caridade, como a Pieces Jaunes, que auxilia crianças doentes.
Foto: picture-alliance/dpa/L. Dieffembacq
Danielle Mitterrand e o apoio ao socialismo
A primeira primeira-dama do Partido Socialista foi uma prova de que não existe um modelo tradicional de esposas de presidentes. Danielle Mitterrand (na foto à direita) engajou-se pelos problemas da esquerda em todo o mundo, apoiou os zapatistas no México (foto) e minorias étnicas, como os curdos e os tibetanos, e advertiu sobre os perigos de um capitalismo desenfreado.
Foto: picture-alliance/dpa/
Claude Pompidou, a discreta
Enquanto foi primeira-dama, de 1969 a 1974, Claude Pompidou preferiu se manter nos bastidores. Ela se dedicou à caridade, criando uma fundação para crianças portadoras de necessidades especiais, pacientes hospitalizados e pessoas idosas. E, se não fosse ela, não existiria o famoso Centro Pompidou e sua coleção de arte moderna.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Yvonne de Gaulle, a católica devota
A esposa do general De Gaulle era muito católica. Ela se dedicou de forma apaixonada ao tema "família". Era estritamente contra a prostituição, o divórcio e a minissaia, que até quis que o marido proibisse. Seu matrimônio resistiu, e se diz que Charles de Gaulle foi o único presidente francês sem casos extraconjugais.
Foto: picture-alliance/Zuma Press
Cecile Carnot e as festas
Primeira-dama francesa de 1887 a 1894, Cecile Carnot gostava de festas no Palácio do Eliseu. Ela e o marido mandaram instalar luz elétrica no local, o que impulsionou as festas e os bailes no Eliseu e seus jardins. A primeira-dama criou uma tradição que existe até hoje: uma grande festa de Natal para crianças carentes e os funcionários do palácio.