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PolíticaBelarus

Macron sugere saída de Lukashenko com intervenção de Putin

27 de setembro de 2020

Segundo o francês, presidente de Belarus deveria acatar a vontade do povo e abandonar o poder. Para tal, chefe do Kremlin poderia ser fator positivo. Macron visitará Lituânia, que dá asilo a oposicionistas bielorrussos.

Manifestantes formam corrente humana em Minsk, Belarus
Em Minsk, prosseguem os protestos de massa contra o governoFoto: Str/Reuters

O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu neste domingo (27/09) que seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, deve aceitar o resultado das sondagens e renunciar. "É evidente que Lukashenko tem de partir", pois "o que está acontecendo em Belarus é uma crise de poder, um poder autoritário que não aceita a lógica da democracia e resiste pela força", disse ao Le Journal du Dimanche.

O chefe de Estado francês acredita que, para que Lukashenko deixe a presidência, além da mobilização da comunidade internacional será preciso a Rússia exercer pressão, tendo em conta sua "proximidade" e o fato de a maioria dos manifestantes bielorrussos não questionar os laços entre os dois países vizinhos.

Macron disse já ter sublinhado essa mensagem numa conversa com o presidente Vladimir Putin, em 14 de setembro, quando o chefe de Estado russo recebeu Lukashenko em Sochi: "Eu lhe disse que a Rússia tem um papel, e que ele pode ser positivo, se pressionar Lukashenko a respeitar a verdade das urnas e a libertar os prisioneiros políticos. Isso foi há 15 dias, e ainda não conseguimos."

Intelectuais lituanos apelam

Na segunda-feira, Macron viaja para a Lituânia, que dá asilo a alguns oposicionistas bielorrussos. Escritores, artistas e cientistas importantes do país pediram que ele "escute o grito" da população bielorrussa. Num poster concebido como carta aberta ao líder francês, mais de 40 personalidades culturais apelam: "Homens e mulheres de Belarus estão sendo submetidos a tortura desumana. E isso está acontecendo na Europa do século 21!"

Visita de Emmanuel Macron à Lituânia pode influenciar quadro político em BelarusFoto: picture-alliance/AP Images/G. Fuentes

Embora não conste do programa oficial da visita, o Palácio do Eliseu não excluiu um eventual encontro, na capital Vilnius, entre o presidente e a líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tijanovskaya.

Milhares de manifestantes voltaram a tomar as ruas da capital bielorrussa, Minsk, neste domingo, em protestos antigoverno, perante forte mobilização policial e militar. Foram empregadas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito psicológico, e realizadas dezenas de prisões.

Lukashenko iniciou formalmente seu sexto mandato na quarta-feira, após cerimônia de posse não anunciada. A União Europeia, Alemanha, Estados Bálticos, Polônia e Estados Unidos já indicaram não reconhecê-lo como presidente legitimamente eleito de Belarus.

A população do país tem protestado em peso desde a eleição presidencial de 9 de agosto, cujos resultados oficiais estenderam o mandato de 26 anos de Alexander Lukashenko, atribuindo-lhe 80% dos votos. Tsikhanoskaya, sua principal rival, ficou com apenas 10%. A oposição afirma ter havido fraude. Os EUA e a UE declararam o escrutínio nem livre nem justo.

AV/lusa,afp,dpa

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