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"Made in Germany": selo ameaçado?

Johannes Beck / sm19 de março de 2004

A Associação de Engenheiros Alemães se preocupa com o potencial de inovação tecnológica. A falta de investimentos em pesquisa e desenvolvimento ameaça o renome dos produtos alemães.

Nanopartículas magnéticas: a Alemanha ainda está à frente na tecnologia de pontaFoto: AP

Produtos made in Germany têm uma boa reputação no mundo todo. Seja Mercedes Melitta ou Bosch, não importa: o renome também se deve à proveniência dos produtos. Nos últimos tempos, este prestígio vem sendo ameaçado, não só pelo fato de o sistema de pedágio computadorizado da firma TollCollect ter fracassado em grande estilo. O desenvolvimento de produtos na Alemanha parece ter deixado de ser garantia de qualidade. Durante a maior feira de informática do mundo, a CeBIT, engenheiros alemães estão refletindo sobre a perda do potencial de inovação do país.

"É assustador ver como um país que vive da tecnologia consegue excluí-la da formação escolar, consciente ou inconscientemente", reclama Eike Lehmann, presidente da Associação de Engenheiros Alemães (VDI), em entrevista à Deutsche Welle. Lehmann considera urgente atrair mais jovens para o estudo de matérias técnicas. De acordo com seus cálculos, a Alemanha tem um déficit de pelo menos 15 mil engenheiros.

Isso, apesar de haver inúmeros engenheiros desempregados no país. Mas estes não preenchem as qualificações necessárias. De acordo com dados da Federação de Economia de Informação, Telecomunicação e Novas Mídias (Bitkom), 25% das empresas do ramo de TI têm dificuldade de encontrar mão-de-obra qualificada.

Falta qualificação

- Para a VDI, o maior empecilho à inovação na Alemanha é a falta de profissionais qualificados. "Em decorrência desta falta de mão-de-obra qualificada, perdemos quase dois bilhões de euros ao ano." A conseqüência disso é que a Alemanha importa mais serviços de engenharia do que exporta. Em muitos casos, o país não desenvolve mais maquinários, apenas adquire a licença para montá-los. "Este é um sinal a ser levado a sério" - adverte Eike Lehmann - "Caso perdure esta tendência, aí sim precisaremos nos preocupar com a posição da Alemanha como centro de tecnologia de ponta. Afinal, só podemos continuar existindo se conseguirmos nos manter na primeira divisão mundial de desenvolvimento de tecnologia."

São necessários maiores investimentos nas áreas de pesquisa e desenvolvimento. Com verbas de incentivo à pesquisa correspondentes a 2,5% do PIB, a Alemanha fica abaixo do nível de outros países industrializados, como a Suíça, Coréia ou os países escandinavos.

Tecnologia de ponta, sim

- Mas ainda existem áreas - como nanotecnologia, laser e técnica de medicina - em que a Alemanha continua na dianteira. "Os maiores potenciais de inovação estão nas áreas de intersecção entre as diversas disciplinas. É aí que se manifesta a mentalidade da Alemanha como país dos investigadores e pensadores, país da classe média, dos médios e microempresários, da formação educacional. Além disso, temos uma excelente infraestrutura de profissionalização técnica e de engenharia aplicada, como as universidades técnicas, por exemplo." - afirma Lehmann.

Uma outra área em que a Alemanha está na frente é a da exploração de fontes de energia renovável. "No Mar do Norte e no Báltico se encontam os maiores parques eólicos do mundo" - lembra o presidente da VDI, traduzindo em números o potencial de expansão do setor: "Ali ainda se planeja investir de 20 a 30 bilhões de euros."

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