Maduro é candidato a 3º mandato presidencial na Venezuela
17 de março de 2024
Apesar de popularidade em baixa, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, almeja completar 17 anos de mandato. Não está claro contra quem o chavista concorrerá no pleito de julho.
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O governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) proclamou neste sábado (16/03) o atual presidente, Nicolás Maduro, como seu candidato nas eleições de 28 de julho, em que buscará seu terceiro mandato desde 2013, com o qual totalizaria 17 anos de governo ininterruptos.
O vice-presidente do nacionalista de esquerda PSUV Diosdado Cabello, considerado o número dois do chavismo, entregou o estandarte da sigla a Maduro, após os discursos de seis apoiadores que cumularam o presidente de elogios.
"Apesar de todas as adversidades, [Maduro] conseguiu manter a paz neste país, fazendo política, derrotando a oligarquia, não uma, mas muitas vezes", disse Cabello, frisando que mais de 4,2 milhões de correligionários do PSUV apoiaram, em assembleias anteriores, que o atual chefe de Estado tente uma segunda reeleição consecutiva.
Os milhares de apoiadores que se reuniram no Poliedro de Caracas, o maior recinto coberto do país, responderam afirmativamente quando questionados se aprovavam a nomeação de Maduro "como candidato do PSUV e da Revolução Bolivariana" nas eleições de julho.
Cabello enfatizou ainda que Maduro foi homologado por aclamação como candidato presidencial, e que será inscrito perante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O prazo para apresentação das candidaturas vai de 21 a 25 de março.
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Mandato marcado por crise econômica e sanções
Tomando o microfone, depois de agitar a bandeira do PSUV, Maduro agradeceu o apoio e prometeu lutar para vencer nas urnas: "Só existe um destino: a vitória popular. Façam o que fizerem, digam o que disserem, não foram e nunca serão capazes de nos derrotar.”
O mandato presidencial na Venezuela é de seis anos. Agora com 61 anos, o chefe de Estado venezuelano, vai concorrer sem que ainda esteja claro quem serão seus adversários. Ele conquistou sua primeira reeleição em 2018 com 6,2 milhões de votos, num pleito questionado pela comunidade internacional e que nem a União Europeia nem os Estados Unidos reconheceram.
Por parte da oposição majoritária, a ex-deputada María Corina Machado, que venceu as primárias do Vem Venezuela em outubro de 2023, espera concorrer – apesar de a Controladoria-Geral da República tê-la declarado inabilitada para ocupar cargos públicos, o que a impede de registrar sua candidatura no CNE. Em janeiro, três membros de sua equipe de campanha foram presos.
Os 11 anos de gestão autoritária do chavista Nicolás Maduro têm sido marcados por sanções do Ocidente e uma grave crise econômica no país sul-americano, que lhe custaram o apoio popular. A oposição e ativistas dos direitos humanos denunciam torturas e repressão estatal. Segundo dados das Nações Unidas, mais de 7 milhões de habitantes deixaram a Venezuela em 2023, para escapar da pobreza e violência reinantes.
av (Reuters,EFE,AFP,AP,DPA)
Opositores neutralizados pelo governo venezuelano
Temendo derrotas em eleições legislativas, o governo do Partido Socialista Unido da Venezuela usa poder para afastar candidatos da oposição com boas chances de vitória. A DW listou alguns exemplos.
Foto: picture-alliance/dpa/Sanchez
Controle sobre adversários
Pesquisas sugerem que apenas 25% da população da Venezuela aprova o desempenho do presidente, Nicolás Maduro. Temendo derrotas em eleições legislativas, o governo do Partido Socialista Unido da Venezuela usa o poder para afastar candidatos da oposição com boas chances de vitória. Opositores têm candidatura vetada ou são proibidos de ocupar cargos públicos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gutierrez
Candidatura anulada
Em 21 de setembro, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anulou a candidatura parlamentar de Carlos Vecchio, líder do partido Vontade Popular. Apesar de estar exilado, Vecchio liderava a lista dos candidatos da oposição no estado de Monagas, onde competia diretamente com Diosdado Cabello, segundo na hierarquia do PSUV e atual presidente da Assembleia Nacional.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gutierrez
Afastamento público
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), a aliança de partidos de oposição venezuelanos, comunicou em 18 de julho que Pablo Pérez foi proibido de ocupar cargos públicos por dez anos. Sua participação nas eleições legislativas em nome da MUD estava assim sendo revogada. Perez foi governador do estado de Zulia, de 2008 a 2012, e líder do partido oposicionista Um Novo Tempo.
Em 15 de junho, Enzo Scarano, ex-prefeito do município de San Diego, no estado de Carabobo, recebeu a notificação da Controladoria-Geral informando-o que ele foi proibido de ocupar cargos públicos nos próximos 12 meses. Scarano havia sido eleito em maio, nas primárias da oposição, como candidato à Assembleia Nacional no colégio eleitoral 3 de Carabobo.
Foto: Getty Images/AFP/F. Parra
Proibida de concorrer
María Corina Machado foi incluída em maio na lista de candidatos da MUD para as eleições parlamentares de dezembro. Poucos dias antes de neutralizar Enzo Scarano, o controlador-geral, Manuel Galindo, desabilitou Machado politicamente por um ano. Machado foi a deputada que obteve mais votos na Venezuela nas eleições legislativas de 2010.
Foto: Getty Images/AFP/F. Parra
Mais um afastamento
A MUD lançou Daniel Ceballos como candidato para as eleições parlamentares pelo colégio eleitoral 5 do estado de Táchira. Mas, no início de julho, o político foi proibido de ocupar cargos públicos por um ano. Ceballos foi prefeito do município de San Cristóbal, até que o Supremo Tribunal destituiu-o em 2014, em meio aos protestos antigovernamentais daquele ano.
Foto: picture alliance/Demotix
Sete anos de proibição
No início de maio, apenas alguns dias antes de a MUD celebrar as primárias, o ex-governador de Táchira César Pérez Vivas foi proibido de ocupar cargos públicos por um período de sete anos. "Eu não sou o primeiro nem serei o último a sofrer este tipo de arbitrariedade e injustiça", disse Perez Vivas, na época.
Foto: Getty Images/AFP/J. Watson
Politicamente desqualificado
O fundador do partido Um Novo Tempo, Manuel Rosales, foi prefeito de Maracaibo, governador do estado de Zulia e candidato presidencial – o principal opositor de Hugo Chávez em 2006 – antes de procurar asilo político no Peru. Em maio de 2015, ele foi nomeado pela MUD para as eleições legislativas. Um mês depois, Rosales foi politicamente desqualificado por sete anos e meio.