Ex-presidente uruguaio critica líder venezuelano, afirmando que trocas de farpas não vão resolver crise. No mais recente episódio do país caribenho, mandatário acusou secretário-geral da OEA de pertencer à CIA.
Anúncio
O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, afirmou nesta quarta-feira (18/05) que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, "está louco como uma cabra", fazendo referência à troca de farpas entre o mandatário venezuelano e o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.
"Tenho grande respeito por Maduro, mas isso não impede que eu lhe diga que está louco, louco como uma cabra", disse Mujica à imprensa.
O ex-presidente uruguaio afirmou que Almagro "não é nenhum traidor nem funcionário da CIA", em defesa de seu ex-ministro do Exterior, a quem Maduro acusou de fazer parte da inteligência americana.
"Na Venezuela estão todos loucos. Todos dizem de tudo e assim não vão solucionar nada", prosseguiu o ex-mandatário. Para Mujica, o país caribenho precisa "tratar de resolver" sua crise econômica de alguma maneira, pois não se pode viver em meio à "porrada".
Desavença com a OEA
Maduro disse nesta terça-feira que Almagro é um "agente da CIA" em meio à campanha da oposição venezuelana para convocar um referendo para revogar o mandato do presidente.
Almagro, por sua vez, acusou Maduro de trair o próprio povo, afirmando que se o presidente impedir o referendo para revogar seu mandato, será "mais um ditador".
Protestos contra Maduro na Venezuela
01:13
O secretário-geral da OEA estuda a possibilidade de ativar a Carta Democrática Interamericana (CDI) diante da grave situação na Venezuela. O governo venezuelano se opõe à medida, que considera uma interferência nos assuntos internos do país.
O artigo 20º da CDI autoriza a convocação de um Conselho Permanente quando em um Estado-membro houver "uma alteração da ordem constitucional que afete gravemente sua ordem democrática". Para que a medida seja implementada, são necessários 18 votos, que representam a maioria dos membros da OEA.
LPF/efe/dpa
Opositores neutralizados pelo governo venezuelano
Temendo derrotas em eleições legislativas, o governo do Partido Socialista Unido da Venezuela usa poder para afastar candidatos da oposição com boas chances de vitória. A DW listou alguns exemplos.
Foto: picture-alliance/dpa/Sanchez
Controle sobre adversários
Pesquisas sugerem que apenas 25% da população da Venezuela aprova o desempenho do presidente, Nicolás Maduro. Temendo derrotas em eleições legislativas, o governo do Partido Socialista Unido da Venezuela usa o poder para afastar candidatos da oposição com boas chances de vitória. Opositores têm candidatura vetada ou são proibidos de ocupar cargos públicos.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gutierrez
Candidatura anulada
Em 21 de setembro, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anulou a candidatura parlamentar de Carlos Vecchio, líder do partido Vontade Popular. Apesar de estar exilado, Vecchio liderava a lista dos candidatos da oposição no estado de Monagas, onde competia diretamente com Diosdado Cabello, segundo na hierarquia do PSUV e atual presidente da Assembleia Nacional.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gutierrez
Afastamento público
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), a aliança de partidos de oposição venezuelanos, comunicou em 18 de julho que Pablo Pérez foi proibido de ocupar cargos públicos por dez anos. Sua participação nas eleições legislativas em nome da MUD estava assim sendo revogada. Perez foi governador do estado de Zulia, de 2008 a 2012, e líder do partido oposicionista Um Novo Tempo.
Em 15 de junho, Enzo Scarano, ex-prefeito do município de San Diego, no estado de Carabobo, recebeu a notificação da Controladoria-Geral informando-o que ele foi proibido de ocupar cargos públicos nos próximos 12 meses. Scarano havia sido eleito em maio, nas primárias da oposição, como candidato à Assembleia Nacional no colégio eleitoral 3 de Carabobo.
Foto: Getty Images/AFP/F. Parra
Proibida de concorrer
María Corina Machado foi incluída em maio na lista de candidatos da MUD para as eleições parlamentares de dezembro. Poucos dias antes de neutralizar Enzo Scarano, o controlador-geral, Manuel Galindo, desabilitou Machado politicamente por um ano. Machado foi a deputada que obteve mais votos na Venezuela nas eleições legislativas de 2010.
Foto: Getty Images/AFP/F. Parra
Mais um afastamento
A MUD lançou Daniel Ceballos como candidato para as eleições parlamentares pelo colégio eleitoral 5 do estado de Táchira. Mas, no início de julho, o político foi proibido de ocupar cargos públicos por um ano. Ceballos foi prefeito do município de San Cristóbal, até que o Supremo Tribunal destituiu-o em 2014, em meio aos protestos antigovernamentais daquele ano.
Foto: picture alliance/Demotix
Sete anos de proibição
No início de maio, apenas alguns dias antes de a MUD celebrar as primárias, o ex-governador de Táchira César Pérez Vivas foi proibido de ocupar cargos públicos por um período de sete anos. "Eu não sou o primeiro nem serei o último a sofrer este tipo de arbitrariedade e injustiça", disse Perez Vivas, na época.
Foto: Getty Images/AFP/J. Watson
Politicamente desqualificado
O fundador do partido Um Novo Tempo, Manuel Rosales, foi prefeito de Maracaibo, governador do estado de Zulia e candidato presidencial – o principal opositor de Hugo Chávez em 2006 – antes de procurar asilo político no Peru. Em maio de 2015, ele foi nomeado pela MUD para as eleições legislativas. Um mês depois, Rosales foi politicamente desqualificado por sete anos e meio.