Em meio à grave crise econômica, governo anuncia que manterá passagem bloqueada até o ano que vem para coibir contrabando da moeda local. Estima-se que mais de 70 mil venezuelanos tenham migrado para Roraima.
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou neste sábado (17/12) a prorrogação do fechamento das fronteiras com Brasil e Colômbia até o dia 2 de janeiro, uma medida justificada para coibir o contrabando de moeda local, em meio à grave crise econômica enfrentada pelo país.
Maduro também decidiu estender a vigência da nota de 100 bolívares, que, como anunciara o governo no domingo passado, deveria ser retirada de circulação na última quinta-feira. Segundo o líder chavista, a Venezuela está sendo vítima de um "ataque econômico" contra sua moeda.
O fechamento das passagens fronteiriças foi estabelecimento, ainda de acordo com a visão de Maduro, justamente para evitar que as notas de 100 que tinham sido tiradas do país por grupos ilegais voltassem a circular.
A medida anunciada por Maduro foi tomada devido à suposta "sabotagem internacional" da qual, segundo o presidente, está sendo alvo a carga com as novas notas que deveriam entrar em circulação no último dia 15 para minimizar a escassez de dinheiro em circulação.
Por isso, afirmou Maduro, a entrada em circulação das novas notas com valores de 500, 1.000, 2.000, 5.000, 10.000, e 20.000, e as moedas de 10, 50, e 200 bolívares, será também reprogramada.
O período de troca no Banco Central para essas notas, que inicialmente tinha sido anunciado até o dia 23 de dezembro, e depois cortado para 20 deste mesmo mês, ficou também permitido até o dia 2 de janeiro.
A medida de supressão da nota de maior valor na Venezuela agravou a escassez de moeda do país e provocou protestos em várias cidades. Muitas manifestações acabaram em violência e saques.
Em meio à crise, estima-se que mais de 77 mil venezuelanos de todos os níveis sociais migraram para Roraima fugindo da fome e do desemprego em seu país. A capital Boa Vista e a cidade fronteiriça de Pacaraima são os principais locais de refúgio. A crise foi tema de uma série de reportagens da DW Brasil.
RPR/efe/ots
A crise na fronteira com a Venezuela em imagens
Venezuelanos enfrentam situação de emergência em Roraima. Para escapar da fome e da pobreza, eles vivem na informalidade e de maneira precária no lado brasileiro.
Foto: DW/K. Andrade
Fronteira seca
Venezuelano cruza a fronteira sem passar pelo posto de fiscalização da Polícia Federal, em Pacaraima, no estado de Roraima. A região é de fronteira seca, ou seja, não há um rio que divide os dois países.
Foto: DW/K. Andrade
Abrigo para os índios
Indígenas venezuelanos da etnia Warao se abrigam no espaço da Feira do Passarão, em Boa Vista. Parte deles passa o dia vendendo artesanato e pedindo esmolas nas ruas.
Foto: DW/K. Andrade
Casa de imigrantes
A venezuelana Johandra Adabalo, de 23 anos, migrou de Ciudad Guayana para Boa Vista em setembro. Ela divide a casa onde vive com outros venezuelanos.
Foto: DW/K. Andrade
Trabalho informal
Jovem venezuelano tenta abordar motoristas na avenida Venezuela, em Boa Vista. Parte dos venezuelanos que chega a Boa Vista e não consegue trabalho formal passa os dias nos semáforos da capital, vendendo pão caseiro, morangos, garrafas d'água ou limpando vidros.
Foto: DW/K. Andrade
Trabalho pesado
Em Pacaraima, venezuelanos trabalham descarregando caminhão com alimentos que abastecem as lojas da cidade. Os caminhões vêm de Boa Vista, e os mantimentos são vendidos principalmente para comerciantes e famílias venezuelanas.
Foto: DW/K. Andrade
Bolívares venezuelanos
O comerciante brasileiro Ivanilton Barros de Santana (de boné), de 40 anos, usa máquina para contar o dinheiro venezuelano em sua loja, na cidade de Pacaraima.
Foto: DW/K. Andrade
Sem abrigo
Índia venezuelana da etnia Warao cozinha em terreno baldio, no centro de Pacaraima. Pelo menos 60 indígenas dormem nos arredores do terreno, ao lado da rodoviária, enquanto outras dezenas estão instaladas em outros pontos da cidade.
Foto: DW/K. Andrade
Cruzando a fronteira
Em meio à crise de desabastecimento na Venezuela, carreta com mantimentos prepara-se para cruzar o posto de fiscalização da Polícia Federal, na fronteira que divide Pacaraima e Santa Elena de Uairén.
Foto: DW/K. Andrade
Prostituição em Boa Vista
Prostituta venezuelana aguarda cliente no bairro do Caimbé, em Boa Vista. Muitas das prostitutas têm ensino superior, tinham outras profissões no país vizinho e, agora, trabalham nas ruas para conseguir comprar comida.
Foto: DW/K. Andrade
Abandono
Venezuelanos dormem na varanda de uma casa abandonada, no centro da cidade de Pacaraima. O governo de Roraima estima que 30 mil cidadãos do país vizinho tenham entrado e permanecido no estado desde 2015.