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Maduro pede que mulheres tenham filhos para que país cresça

5 de março de 2020

"Vão parir! Todas as mulheres tendo seis filhos!", diz presidente da Venezuela durante evento. Comentário é alvo de críticas da oposição e de organizações que denunciam colapso econômico e do sistema de saúde do país.

Nicolás Maduro com faixa presidencial e colar dourado enquanto chega a evento para discurso anual do Estado da União na Assembleia Geral, em Caracas, 2014
"Que cresça a pátria", disse Maduro após pedir seis filhos de cada mulher venezuelanaFoto: picture-alliance/AA/Str

O presidente Nicolás Maduro exortou as mulheres venezuelanas a terem muitos filhos para que o país cresça, do qual milhões de pessoas fugiram nos últimos anos por causa da crise econômica.

"Vão parir, pois, vão parir! Todas as mulheres tendo seis filhos, todas. Que cresça a pátria!", disse Maduro, durante transmissão ao vivo pela televisão de um evento para divulgar os avanços de seu chamado plano de "parto humanizado", na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.

A declaração foi feita depois que Maduro conversou com uma gestante presente ao evento, que disse ter cinco filhos e estar esperando o sexto. O mandatário ainda acrescentou que "as mulheres são feitas de parir".

Os comentários geraram duras críticas de ativistas de direitos humanos e outras organizações, que destacaram a luta dos venezuelanos para fornecer alimentos, roupas e cuidados de saúde para suas famílias.

"Hospitais não estão funcionando, há escassez de vacinas, mães não conseguem amamentar por desnutrição nem conseguem comprar fórmula por causa da inflação", tuitou a deputada oposicionista Manuela Bolívar. Ela convocou protestos para o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

"É irresponsável da parte de um presidente da República encorajar mulheres a ter seis filhos simplesmente para fazer a pátria crescer, quando essa pátria não garante a vida às suas crianças", afirmou Oscar Misle, fundador do grupo de defesa de direitos de crianças e adolescentes Cecodap.

Maduro foi reeleito para um segundo mandato numa eleição controversa em 2018, causando amplas manifestações contra seu regime. Segundo a Organização das Nações Unidas, o colapso econômico da Venezuela, aliado às suas profundas divergências políticas internas, levou ao êxodo de mais de 4,5 milhões de venezuelanos desde 2015.

O Programa Mundial de Alimentos da ONU também divulgou recentemente que 9,3 milhões de pessoas – o equivalente a cerca de um terço da população venezuelana – não consegue suprir as próprias necessidades nutricionais. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirma que crianças são especialmente afetadas pela crise econômica e política da Venezuela. Segundo o órgão, cerca de 6,8 milhões de pessoas (mais de 20% da população) mostraram sinais de desnutrição entre 2016 e 2018.

No ano passado, um relatório conjunto da Human Rights Watch e da Escola Johns Hopkins Bloomberg de Saúde Pública concluiu que o sistema de saúde na Venezuela "entrou completamente em colapso". Entre outros problemas, o estudo citou níveis crescentes de mortalidade materna e infantil, assim como a disseminação de doenças que podem ser prevenidas com vacinas.

RK/ap/dpa/ots

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