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Maestro alemão Kurt Masur morre aos 88 anos

19 de dezembro de 2015

Regente ficou conhecido mundialmente por seu desempenho frente à Filarmônica de Nova York e por invocar o poder da música em momentos históricos.

Kurt Masur
Foto: picture-alliance/dpa

O maestro alemão Kurt Masur morreu neste sábado (19/12) aos 88 anos, nos Estados Unidos. Sua morte foi divulgada pela Orquestra Filarmônica de Nova York, da qual ele foi um de seus mais longevos diretores musicais.

Masur nasceu em 18 de julho 1927, em Brieg, na região da Silésia (hoje Brzeg, pertencente à Polônia). Descobriu sua paixão pela música ainda quando criança, aprendendo sozinho a tocar piano.

Por desejo de seus pais, formou-se como eletricista, antes de começar a estudar música em 1942, em Breslau (Wroclaw). Após a Segunda Guerra Mundial, mudou-se para Leipzig, na antiga Alemanha Oriental, para estudar piano, composição e regência orquestral.

Depois de trabalhar em Dresden, Schwerin e Berlim, Masur voltou a Dresden em 1970 para assumir a direção musical da tradicional sala de concertos Gewandhaus, cargo que ocupou por quase 30 anos.

Masur ficou conhecido por invocar o poder da música em momentos históricos. Em 1989, nos últimos dias da Alemanha Oriental, o número de participantes nas manifestações em prol da democracia em Leipzig crescia cada vez mais, e o governo comunista ameaçava oprimir o protesto pacífico, com mais de 8 mil policiais e soldados. O regente leu numa rádio local de Leipzig o manifesto Keine Gewalt (Sem violência), do qual foi coautor.

"Nossa preocupação e responsabilidade comuns hoje nos uniram. Somos afetados pelos acontecimentos em nossa cidade e buscamos uma solução. Pedimos que todos mantenham a calma para que um diálogo pacífico seja possível", dizia o texto.

Os grupos armados, os soldados do Exército Nacional Popular e a polícia recuaram. A Orquestra da Gewandhaus pôde prosseguir com o concerto marcado para aquela noite.

Crença no poder da música

O maestro regeu a Filarmônica de Nova York entre 1991 e 2002. Seu desempenho lhe rendeu reconhecimento mundial, ao elevar a reputação da orquestra e realizar 17 turnês mundiais.

Após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, Masur regeu a Filarmônica nova-iorquina durante uma performance marcante do Réquiem Alemão de Brahms, numa cerimônia memorável transmitida para todo o país.

"Os anos de Masur frente à Filarmônica representam uma de suas eras douradas, em que o labor musical era pleno de comprometimento e devoção, com a crença no poder da música para unir a humanidade", afirmou Alan Gilbert, diretor musical da orquestra nova-iorquina. "As dimensões éticas e morais que ele trouxe como regente ainda são palpáveis nas performances dos músicos."

Ele também conduziu as Filarmônicas de Londres e Dresden e a Orquestra Nacional da França. Até a sua morte, ele continuou regente honorário da Orquestra Gewandhaus.

A Filarmônica de Nova York informou que o funeral de Masur será realizado em cerimônia particular, mas haverá também atos públicos para homenagear o maestro.

RC/dpa/afp/epd

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