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Maestro Günter Wand morre aos 90 anos de idade

Augusto Valente15 de fevereiro de 2002

Wand era da escola de músicos para quem executar uma obra significa uma reflexão profunda sobre a mesma. Embora havendo sido um maestro precoce, sua grande carreira internacional só deslanchou aos 62 anos de idade.

Günter WandFoto: AP

A Alemanha perdeu um de seus maiores maestros: Günter Wand faleceu nesta quinta-feira (14) em Ulmiz, na Suíça, onde residia. Pouco antes de seu 90º aniversário, ele tivera uma queda em casa, resultando numa fratura do braço direito, da qual aparentemente não mais se recuperou. Wand foi o último do trio de grandes regentes nascidos em 1912, completado por Georg Solti e Sergiu Celibidache.

Nascido em Elberfeld (Renânia do Norte-Vestfália), em 7 de janeiro de 1912, Günter Wand já regia suas primeiras óperas aos 18 anos de idade. Durante o regime nazista recusou-se terminantemente a filiar-se ao partido, em detrimento de sua carreira. Em 1942 conseguiu escapar da Gestapo graças a um advogado melômano. Somente em 1974, após aposentar-se como diretor musical da Orquestra Gürzenich de Colônia, Wand conseguiu impor-se no cenário internacional. Sua celebrada estréia nos Estados Unidos, com a Chicago Symphony Orchestra, teve que esperar até 1989: do programa constavam a Sinfonia inacabada de Schubert e a Primeira de Brahms.

A especialidade de Wand foi o repertório romântico, sobretudo as sinfonias de Anton Bruckner, para as quais estabeleceu novos padrões de interpretação. A crítica louvava nele qualidades como "rigor, andamentos implacáveis e energia intelectual". Permanecendo fiel a Bruckner, nos últimos anos o músico concentrou-se igualmente na música sinfônica de Johannes Brahms, Ludwig van Beethoven e Franz Schubert. Por ocasião do centenário de Brahms (1833 – 1897), gravou a integral das sinfonias deste compositor.

Seriedade e reflexão

Talvez pelo reconhecimento só haver chegado em idade avançada, o regente jamais adotou ares de estrela, dedicando-se exclusivamente ao trabalho musical, apesar de haver sido um dos poucos verdadeiros superstars alemães do pódio. Ele exigia cinco ensaios por concerto, havendo-se preparado durante meses apenas para reger a Quinta de Bruckner: "Desde o princípio fui possuído pelo anseio de refletir na interpretação os menores detalhes do processo de composição". De 1982 a 1991, foi titular da Orquestra Sinfônica da Rádio NDR, permanecendo até o fim como seu maestro honorário. Ainda em 2001, Wand regeu o concerto de abertura do Festival de Música de Schleswig-Holstein.

O superintendente da Rádio NDR de Hamburgo, Jobst Plog, lamentou a lacuna que sua morte deixa para o mundo da música. Mais do que admirá-lo, "o público amava Wand, na Alemanha e nas grandes salas de concerto do mundo", afirmou Plog.

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