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Quem é o quê?

27 de dezembro de 2009

Nada menos de 16 líderes mafiosos foram presos na Sicília, no último ano e meio; acusações de conexões com políticos vão até o premiê Berlusconi em pessoa. Porém população permanece cética. Ou pior: desinteressada.

Policiais protegem negociante vítima de extorsão em PalermoFoto: DW

As acusações do pentito Gaspare Spatuzza causaram alvoroço na política italiana. Segundo o mafioso regenerado, altos políticos do país, inclusive o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, estariam há anos de conluio com os chefões da máfia.

Sinais promissores e desinteresse

Do cárcere, o chefe de clã Filippo Graviano desmente as declarações de Spatuzza. Por enquanto permanece em aberto a pergunta sobre se a liderança política do país teria firmado um pacto com os chefões de Palermo, a fim de obter votos decisivos. Na capital da Sicília e berço da máfia, reina a perplexidade.

Nada menos de 16 líderes mafiosos foram presos em Palermo no último ano e meio. O procurador da República da cidade, Francesco Messineo, fala até mesmo no fim próximo da organização criminosa, pois as detenções recentes teriam provocado um colapso de toda sua estrutura.

Porém os cidadãos continuam céticos. No mercado de pulgas dos domingos na Piazza Marina, um grupo de jovens desempregados se mostra desinteressado tanto pela prisão dos mafiosos quanto por uma eventual implicação de Berlusconi, e ridicularizam a questão.

"Isso não me interessa nem um pouco", diz um deles. "Na crise em que estamos, temos bem outras preocupações. Quando apanham um chefão, já vem o próximo." E Berlusconi? "É um cornuto."

"Políticos são a verdadeira máfia"

A poucos metros dali, um senhor de meia idade, de terno e gravata, remexe uma pilha de livros usados. Arquiteto e docente da universidade local, ele não tem papas na língua.

"Diz-se sempre que pior não pode ficar. Mas não é verdade. A estrutura da máfia está desabando, dizem. Só que a máfia não é o problema em si. Ela passou por uma mutação, pois antes era formada por camponeses; hoje, por políticos. A situação é deprimente."

Certo é que continua existindo a organização criminosa que, sem ser molestada, extorque "dinheiro de proteção" e tem penetração em praticamente todos os grandes projetos e empresas. Até mesmo chefes de clínicas médicas, tabeliães e diretores de bancos ou já foram desmascarados como mafiosos ou, no mínimo, se encontram sob grave suspeita de o serem.

E, para completar, há os políticos, acrescenta o senhor Francesco, que vende revistas em quadrinho a fim reforçar sua mirrada aposentadoria. "Os políticos são a verdadeira organização criminosa. Quer da direita, quer da esquerda, todos estão envolvidos. Não existem mais políticos honestos. Ou o senhor acredita que a maioria dos políticos aqui da Sicília conquistou honestamente seus cargos?"

Autor: Karl Hoffmann (av)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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