Magdeburg tem dia de homenagens e protestos após ataque
21 de dezembro de 2024
Centenas de pessoas acompanharam celebração na catedral evangélica de Magdeburg em nome das vítimas. Manifestantes também ocuparam as ruas da cidade com slogans anti-imigração.
O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e o governador do estado da Saxônia-Anhalt, Reiner Haseloff, estavam entre os presentes à solenidade realizada na catedral evangélica da cidade.
Familiares, equipes de resgate e uma multidão acompanharam a celebração dentro da igreja, e também na parte externa, por meio de transmissão ao vivo, sob frio e chuva. A cerimônia também foi transmitida por emissoras de TV por toda a Alemanha.
O memorial aconteceu ao mesmo tempo em que centenas de manifestantes entoavam slogans extremistas em outra parte do centro da cidade.
A prefeita de Magdeburg, Simone Borris, pediu à população que siga unida, apesar do choque. "Desejo a todos nós, como comunidade municipal, que não nos deixemos abalar", disse. "Que apoiemos as vítimas e as famílias das vítimas em seu luto, e que a comunidade, por favor, fique unida."
"O ataque brutal da noite passada nos deixa tristes e com raiva, desamparados e com medo, inseguros e desesperados, sem palavras, atordoados e profundamente afetados. Estamos aqui na catedral esta noite com sentimentos que não podem ser compreendidos", discursou o bispo Gerhard Feige.
Feige frisou que os presentes estavam lá para oferecer apoio uns aos outros, e exortou o público a não "deixar que o ódio e a violência tenham a última palavra".
Após a cerimônia, Scholz escreveu na rede social X que "toda a Alemanha está nessa hora escura ao lado das cidadãs e dos cidadãos de Magdeburg".
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Extrema direita protesta
Do lado de fora da catedral, a 800 metros dali, centenas de manifestantes da cena da extrema direita alemã se reuniram para um protesto. Veículos alemães relataram episódios de hostilidade contra a imprensa, uma placa com o pedido de "remigração" – eufemismo da extrema direita para a deportação de estrangeiros – e gritos como "nós somos o povo" – slogan nacionalista – e "não queremos abrigos para asilados".
O suspeito do crime é um médico saudita que vive na Alemanha em 2006 e, há oito anos, teve reconhecido seu status de asilado por, segundo ele, não poder voltar ao seu país de origem após abandonar a fé islâmica.
Ele foi preso minutos após cometer o atentado e será apresentado a um juiz de custódia, que decidirá se converterá a prisão em flagrante em preventiva.
Uma organização que oferece aconselhamento para prevenção de radicalismo e violência informou que houve um aumento visível neste sábado de ataques contra pessoas com "aparência estrangeira" em Magdeburg, informou o portal alemão Tagesschau.
Refugiados teriam relatado à ONG agressões físicas e ofensas e cusparadas. Uma pessoa teria sido espancada por outras quatro pessoas.
Críticas
Mais cedo, Scholz liderou um grupo de ministros pelas ruas de Magdeburg, que condenaram a violência e depositaram flores para prestar suas homenagens pelos mortos e feridos no ataque.
Mas a presença das autoridades gerou gritos de ordem de algumas pessoas que acompanhavam a homenagem, algumas criticando a "instrumentalização dos ataques" pelos políticos e outros pedindo para os presentes "sentarem à mesa" com o partido Alternativa para a Alemanha (AfD).
O ataque em Magdeburg acontece em meio a uma nova disputa eleitoral na Alemanha, cujas pesquisas indicam um provável avanço da sigla de ultradireita no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão).
A pauta da imigração, inclusive, tem sido central nas discussões políticas do país. O tema cresce cada vez mais desde 2015, quando a ex-chanceler federal alemã Angela Merkel instituiu uma política de boas vindas a imigrantes.
gq/ra (ots)
Atentado em mercado de Natal abala cidade na Alemanha
Um motorista avançou em alta velocidade contra um mercado de Natal na cidade de Magdeburg, no estado da Saxônia-Anhalt, leste do país, deixando vários mortos e feridos.
Foto: Heiko Rebsch/dpa/picture alliance
Cenário do crime
Foto feita três dias antes do atentado mostra o mercado de Natal no centro de Magdeburg. Suspeito invadiu área com o carro e acelerou contra a multidão que frequentava o evento.
Foto: Dirk Sattler/IMAGO
Ação durou três minutos, segundo autoridades locais
O suspeito atropelou várias pessoas, avançando por mais de 400 metros antes de ser preso por policiais. Socorristas e forças de segurança acudiram em grande número ao local.
Foto: Heiko Rebsch/dpa/picture alliance
Suspeito preso usou carro alugado com placa de Munique
Vídeos mostram como vários policiais cercaram carro em uma parada de bonde nas proximidades do mercado de Natal. Sob a mira de armas, o suspeito – um médico psiquiatra saudita de 50 anos de idade – se rendeu e deitou no chão ao lado do veículo, um BMW X5 preto tipo SUV, alugado e com placa de Munique.
Foto: Axel Schmidt/REUTERS
Mercado de Natal foi fechado
O mercado de Natal foi fechado e o centro da cidade, esvaziado. Mais de 500 socorristas foram acionados para dar conta das vítimas, informaram as autoridades.
Menos de 24 horas depois, autoridades contabilizavam cinco mortos – uma criança de 9 anos e quatro adultos – e mais de 200 feridos, sendo mais de 40 deles em estado grave. Dada a gravidade do estado de saúde de alguns dos feridos, é possível que o número de mortos continue a subir.
Foto: Heiko Rebsch/dpa/picture alliance
Motivação do crime ainda não está clara
Segundo Horst Nopens, promotor responsável pelo caso, a polícia trabalha com a tese inicial de que o crime foi motivado pela insatisfação do suspeito com o tratamento dado pela Alemanha a refugiados sauditas. Nas redes, ele publicava mensagens de tom islamofóbico e anti-imigração, além de sinalizar simpatia pela sigla de ultradireita AfD.
No passado, em entrevistas à imprensa, o suspeito acusou a Alemanha de promover uma "operação secreta" para "perseguir" ex-muçulmanos sauditas e "destruir suas vidas" enquanto dava asilo a sírios jihadistas. Ele também criticava a ex-chanceler alemã Angela Merkel, acusando-a de tentar "islamizar a Europa" – uma tese frequentemente defendida por radicais de ultradireita.
Foto: dts Nachrichtenagentur/IMAGO
Mercados de Natal visados para ataques
A segurança dos tradicionais mercados de Natal tem sido um tema importante desde 2016, quando um extremista islâmico tunisiano atacou um mercado de Natal em Berlim a bordo de um caminhão, deixando 13 mortos e dezenas de feridos. Desde então, muitas dessas feiras contam com barreiras de proteção para evitar tragédias semelhantes.
Foto: Heiko Rebsch/dpa/picture alliance
Houve falha na segurança?
No caso de Magdeburg, porém, a rota usada pelo agressor não estava protegida por barreira, segundo um funcionário do município. A rota havia sido projetada para permitir que serviços de resgate chegassem à praça em caso de emergência. No entanto, as forças policiais estavam posicionadas e a entrada não foi deixada desprotegida, defendeu.
Foto: Ebrahim Noroozi/AP Photo/picture alliance
Reações
Acompanhado da ministra do Interior e comitiva do governo, o chanceler federal Olaf Scholz visitou o local do ataque, expressou suas condolências e prometeu apoio federal às investigações.
Foto: Ebrahim Noroozi/AP Photo/picture alliance
Luto
Moradores de Magdeburg trouxeram flores e acenderam vela em memorial improvisado em homenagem às vítimas e suas famílias e entes queridos.
Foto: Christian Mang/REUTERS
Homenagem às vítimas
Na noite do dia seguinte ao ataque, centenas se reuniram em cerimônia na catedral da cidade. O evento foi transmitido por TVs em toda a Alemanha. A prefeita pediu à população que siga unida, apesar do choque. Já o bispo Gerhard Feige frisou que os presentes estavam lá para oferecer apoio uns aos outros, e exortou o público a não "deixar que o ódio e a violência tenham a última palavra".
Foto: Ebrahim Noroozi/AP/picture alliance
Extremistas protestam
A 800 metros dali, manifestantes entoaram slogans extremistas. Houve episódios de hostilidade contra a imprensa, pedidos de "remigração" – eufemismo da extrema direita para a deportação de estrangeiros – e gritos como "nós somos o povo" – slogan nacionalista – e "não queremos abrigos para asilados". ONG diz ter registrado aumento visível de ataques na cidade a pessoas com "aparência estrangeira".