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Petrobras

24 de setembro de 2010

Até então pouco comentada na Europa, Petrobras fisga a atenção da imprensa alemã. Jornais apresentam a empresa brasileira responsável pela maior capitalização da história, e recomendam que o nome não seja esquecido.

Plataforma da Petrobras em Angra dos ReisFoto: AP

Embora os principais jornais alemães acompanhem o assunto, os especialistas em economia e energia mantêm certo distanciamento em relação à maior capitalização já vista na história – 120,36 bilhões de reais anunciados nesta quinta-feira pela Petrobras.

O Brasil hoje é reconhecido como grande fabricante de aviões e, mais recentemente, como sede de uma das maiores empresas petrolíferas do mundo – é o que Roland Blaschek, pesquisador do Instituto da Escola Superior de Tecnologia de Aachen, arrisca comentar. Como o cientista, muitas instituições consultadas pela Deutsche Welle preferiram não arriscar uma avaliação.

No entanto, há uma razão: só há pouco tempo, a Europa começou a prestar atenção na Petrobras, apesar de ela estar presente em 28 países. Mas o jornal Süddeutsche Zeitung, de Munique, dá o alerta: "Essa é uma empresa cujo nome precisamos guardar na memória." Num artigo dedicado às maiores companhias do mundo, a publicação alemã lembra que, dentre os 50 maiores consórcios responsáveis pelas maiores transações do globo, seis estão em países emergentes.

Apesar do desempenho das petrolíferas chinesas, nenhuma empresa cresce no ritmo da Petrobras, que saltou do 26º para o 14º lugar entre as maiores empresas do mundo. Segundo o jornal, "enquanto se fala no fim da era da energia fóssil, a Petrobras, como nenhum outro consórcio do mundo, deposita suas esperanças numa nova reserva", fazendo referência à camada pré-sal.

Depois do silêncio

O silêncio adotado pela Petrobras antes de as novas ações serem lançadas no mercado parece ter afligido também outras instituições: investidores internacionais tiveram dificuldades para adquirir informações junto a bancos e consultorias.

À Deutsche Welle, grandes consultoras como a McKinsey preferiram não comentar a capitalização da empresa brasileira. Segundo a Petrobras, "o aumento de capital propiciará o fortalecimento necessário para a empresa desempenhar bem o papel que o novo marco regulatório lhe reserva, permitindo-lhe obtenção dos recursos financeiros para os investimentos futuros."

O diário suíço Neue Zürcher Zeitung também apresenta a companhia brasileira ao público internacional: numa reportagem recheada de números, descreve o planejamento e as cifras ligadas à operação de capitalização que, segundo o jornal, "sofreu bastante com a falta de transparência durante o ano de preparação."

Grandes planos

Ao falar da Petrobras, a imprensa alemã não deixa de fazer correlações com o governo Lula e a eleição presidencial do início de outubro. Mas o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung ocupou-se também de outro personagem dessa história: José Sérgio Gabrielli, presidente da empresa.

Segundo o jornal, Gabrielli "não parece, à primeira vista, o chefe de um grande conglomerado. Mesmo assim, ele quer realizar para sua empresa aquela que é talvez a maior capitalização da história". A missão do empresário, apresenta o jornal aos leitores alemães, é explorar as reservas da camada pré-sal, descobertas em 2008, e, dessa maneira, transformar o Brasil, em poucos anos, num dos mais importantes produtores de petróleo do mundo.

A publicação vai além: "Gabrielli está de olho no posto de governador de seu estado natal, Bahia. Ele deve se candidatar em 2014. Em comparação com sua atual missão, seria um trabalho fácil para Gabrielli, compatível com a idade da aposentadoria." O Frankfurter Allgemeine só não revela a fonte dessa suposição.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Carlos Albuquerque

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