Por meio de uma consulta popular, grupo pretende promover estatização da Deutsche Wohnen. Empresa de capital aberto possui cerca de 110 mil apartamentos na capital alemã.
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Recolher 20 mil assinaturas em seis meses. É disso que a iniciativa Expropriar a Deutsche Wohnen precisa para dar início a um processo de consulta popular que visa combater a especulação imobiliária em Berlim. Organizadores escolheram como primeiro alvo o maior proprietário privado de imóveis na cidade.
O objetivo da consulta popular é forçar a estatização dos cerca de 110 mil apartamentos que pertencem à empresa de capital aberto do setor imobiliário. Por trás da Deutsche Wohnen estão diversos investidores, incluindo o fundo soberano da Noruega.
A escolha da Deutsche Wohnen como alvo da iniciativa não se deu por caso. A empresa é conhecida por suas práticas duvidosas contra inquilinos. Há diversos casos de abandono dos prédios para economia em serviços e também para pressionar antigos moradores a deixar suas casas, visando a aumentar o valor do aluguel com novos inquilinos.
A Deutsche Wohnen também é criticada por ignorar reclamações de moradores com problemas que deveriam ser solucionados pelo locatário. Em outras situações, a empresa realiza obras desnecessárias para aumentar o aluguel. Há ainda casos de cobranças indevidas.
Por ser uma das gigantes do setor, a Deutsche Wohnen também contribui para a especulação imobiliária que está tornando impagáveis os preços dos aluguéis em Berlim. A empresa tem investido em peso seu capital na compra de imóveis na cidade. Em 2017, seu lucro foi de 1,8 bilhão de euros.
Para justificar a expropriação da empresa, a iniciativa argumenta que a legislação berlinense prevê o direto à moradia e estipula que esse direito seja garantido pelo governo. Além disso, a Constituição alemã também determinada que a expropriação é permitida se for para o bem da população.
Entre os organizadores da iniciativa estão diversas associações de inquilinos, inclusive a de moradores da Deutsche Wohnen. Após o recolhimento das 20 mil assinaturas, uma petição deve ser apresentada ao parlamento local para a análise. Se for recusada, a iniciativa tem quatro meses para recolher cerca de 200 mil assinaturas. Se a meta for alcançada, o governo precisa promover a consulta popular.
Diante a insatisfação dos inquilinos em Berlim, acredito que não será difícil para o grupo conseguir as assinaturas e, até mesmo, ter o apoio necessário para aprovar a consulta popular. A aprovação não garante que a proposta seja aplicada pelo governo local, mas geralmente os governantes alemães costumam respeitar o que a população deseja.
Em 2011, uma iniciativa semelhante promoveu uma consulta popular que aprovou, com 98,2% de apoio, a reestatização da empresa de saneamento que havia sido privatizada em 1999. Com o resultado, o governo local recomprou os 49,9% da firma que haviam sido vendidos.
Se a expropriação da Deutsche Wohnen for o desejo da maioria, os organizadores da iniciativa acreditam que o governo teria que desembolsar entre 6 bilhões e 7 bilhões de euros para comprar os apartamentos, cujo valor é calculado com base nos imóveis de empresas públicas de moradia, e não no mercado.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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Dez grandes dicas de hotéis em Berlim
Ao lado de Munique, Frankfurt e Hamburgo, a capital alemã é um dos destinos mais populares de viagens pelo país. Para quem busca mais do que uma cama para dormir, algumas ideias que só Berlim poderia oferecer.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Zinken
Quando a noite cai sobre a capital
Com uma rede de cerca de 800 hotéis e albergues, Berlim apresenta um aumento constante do número de pernoites. As novas casas querem impressionar os hóspedes com um certo "espírito de Berlim": um pernoite pode ser uma experiência fantástica.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Zinken
Espaço para ideias
A casa de banho pública Stadtbad foi fechada por 30 anos antes de ser ressuscitada como o Hotel Oderberger em 2016. Em pleno badalado bairro de Prenzlauer Berg, o salão ao estilo de uma catedral de 1902, onde ficava a piscina, é o destaque. O piso hidráulico pode ser elevado, fazendo com que a água suma e a área toda se transforme num salão de baile. Os quartos ficam nos antigos banheiros.
Foto: Martin Kunz
Uma selva urbana
O Hotel 25hours Bikini Berlin funciona sob o lema "selva urbana". Quem quiser ser acordar ao som de macacos e pássaros de verdade, basta reservar um quarto com vista para o Jardim Zoológico de fama mundial. Do outro lado do edifício, há a agitação da cidade ao redor da igreja Memorial (Gedächtniskirche) e a avenida Kudamm. O Monkey Bar, no último andar, oferece uma vista perfeita.
Foto: L. Wendt
Para cinéfilos
O novo hotel mais espetacular de 2016, o arranha-céu Upper West, é o primeiro hotel temático da cadeia MotelOne: são 582 quartos distribuídos em 18 andares, decorados com ursos dourados do prêmio da Berlinale e fotos de estrelas de cinema. No 10º andar, a vista a partir do saguão explicita o tema: em frente está o Zoo-Palast, lendária sala de cinema que também sedia o festival internacional.
Foto: L. Wendt
Charme ecológico
O hotel orgânico Lulu Guldsmeden, em Mitte, é sustentável e de uma tranquilidade charmosa. Da cama à escova de dentes, muito aqui é feito de bambu. A comida, também orgânica, vem principalmente de fornecedores locais. A cadeia de hotéis dinamarquesa aposta em ideias ecológicas, de bicicletas a cardápios de madeira. Durante a reforma, o antigo piso do hotel naturalmente ganhou nova vida.
Foto: L. Wendt
O maior albergue
Disfarçado num antigo colégio imperial, perto da Ostkreuz, está o maior albergue da juventude de Berlim, que abriu as portas em 2016 no moderno bairro de Friedrichshain-Kreuzberg. Seus 125 quartos de vários tamanhos, com banheiros privativos, têm design moderno. A acomodação de baixo custo é apreciada por famílias e turmas escolares, mas também por casais e viajantes solitários.
Foto: L. Wendt
Para nostálgicos
Com seus teatros de variedades e salões de dança, a década de 1920 moldou Berlim como nenhuma outra época. O Hotel Provocateur oferece quartos em estilo art déco, com cenas de dança burlesca projetadas nas paredes. Mas à noite uma dançarina de verdade também recebe os clientes do restaurante, e artistas vestidos de cabaretistas os convidam para uma selfie.
Foto: Hotel Provocateur
Para os amantes de história
Berlim foi fundada no século 13 na pequena Ilha do Spree, cuja extremidade norte é a hoje mundialmente famosa Ilha dos Museus. Na ponta sul, entre a água e o tráfego ensurdecedor, o Hotel Capri oferece desde 2017 143 apartamentos com cozinha, para estadas de longa duração. No saguão, o piso de vidro permite ver escavações de antigas casas do período de fundação da cidade.
Foto: Frasers Hospitality
Do rústico ao chique
Sem mobiliário uniforme, tudo misturado e com sinais de uso: esse é o tom de muitos albergues de Berlim. O Wallyard Concept Hostel (foto), numa antiga fábrica de Moabit, impressiona com arte, um ar de sala de estar caseira e o bolo da mamãe. Já no palácio industrial da estação Warschauer Str., vagões de trens cortados pela metade e malas históricas dão realce aos interiores simples.
Foto: L. Wendt
Um grande canteiro de obras
De antigo muro fronteiriço da Alemanha Oriental a mundialmente famosa galeria ao ar livre, a East Side Gallery atrai milhões de turistas todos os anos. Diante dela, as grandes cadeias Meininger, Indigo e Hampton by Hilton abrem seus hotéis em 2018, como parte de um novo bairro de diversões, com salas de eventos, cinemas, pistas de boliche, restaurantes e bares.
Foto: L. Wendt
Berlim do futuro
Com 368 metros, a Torre de Televisão da Alexanderplatz, é o edifício mais alto da Alemanha e um marco de Berlim. É também a inspiração para o hotel mais disputado da capital: o Estrel Hotel, em Neukölln. Em 2021 ele deverá inaugurar a maior torre hoteleira da Alemanha. A uma altura de 175 metros, ela promete se tornar um dos hotéis mais espetaculares de Berlim.