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Maior empresa imobiliária de Berlim é alvo de campanha

2 de julho de 2018

Por meio de uma consulta popular, grupo pretende promover estatização da Deutsche Wohnen. Empresa de capital aberto possui cerca de 110 mil apartamentos na capital alemã.

Prédio da Deutsche Wohnen em Berlim
Prédio da Deutsche Wohnen em Berlim Foto: imago/Schöning

Recolher 20 mil assinaturas em seis meses. É disso que a iniciativa Expropriar a Deutsche Wohnen precisa para dar início a um processo de consulta popular que visa combater a especulação imobiliária em Berlim. Organizadores escolheram como primeiro alvo o maior proprietário privado de imóveis na cidade.

O objetivo da consulta popular é forçar a estatização dos cerca de 110 mil apartamentos que pertencem à empresa de capital aberto do setor imobiliário. Por trás da Deutsche Wohnen estão diversos investidores, incluindo o fundo soberano da Noruega.

A escolha da Deutsche Wohnen como alvo da iniciativa não se deu por caso. A empresa é conhecida por suas práticas duvidosas contra inquilinos. Há diversos casos de abandono dos prédios para economia em serviços e também para pressionar antigos moradores a deixar suas casas, visando a aumentar o valor do aluguel com novos inquilinos.

A Deutsche Wohnen também é criticada por ignorar reclamações de moradores com problemas que deveriam ser solucionados pelo locatário. Em outras situações, a empresa realiza obras desnecessárias para aumentar o aluguel. Há ainda casos de cobranças indevidas.

A jornalista Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008Foto: DW/G. Fischer

Por ser uma das gigantes do setor, a Deutsche Wohnen também contribui para a especulação imobiliária que está tornando impagáveis os preços dos aluguéis em Berlim. A empresa tem investido em peso seu capital na compra de imóveis na cidade. Em 2017, seu lucro foi de 1,8 bilhão de euros.

Para justificar a expropriação da empresa, a iniciativa argumenta que a legislação berlinense prevê o direto à moradia e estipula que esse direito seja garantido pelo governo. Além disso, a Constituição alemã também determinada que a expropriação é permitida se for para o bem da população.

Entre os organizadores da iniciativa estão diversas associações de inquilinos, inclusive a de moradores da Deutsche Wohnen. Após o recolhimento das 20 mil assinaturas, uma petição deve ser apresentada ao parlamento local para a análise. Se for recusada, a iniciativa tem quatro meses para recolher cerca de 200 mil assinaturas. Se a meta for alcançada, o governo precisa promover a consulta popular.

Diante a insatisfação dos inquilinos em Berlim, acredito que não será difícil para o grupo conseguir as assinaturas e, até mesmo, ter o apoio necessário para aprovar a consulta popular. A aprovação não garante que a proposta seja aplicada pelo governo local, mas geralmente os governantes alemães costumam respeitar o que a população deseja.

Em 2011, uma iniciativa semelhante promoveu uma consulta popular que aprovou, com 98,2% de apoio, a reestatização da empresa de saneamento que havia sido privatizada em 1999. Com o resultado, o governo local recomprou os 49,9% da firma que haviam sido vendidos.

Se a expropriação da Deutsche Wohnen for o desejo da maioria, os organizadores da iniciativa acreditam que o governo teria que desembolsar entre 6 bilhões e 7 bilhões de euros para comprar os apartamentos, cujo valor é calculado com base nos imóveis de empresas públicas de moradia, e não no mercado.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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