Placa de gelo com mais de 4,3 mil quilômetros quadrados, quase três vezes a área da cidade de São Paulo, se separou da parte noroeste do continente gelado, no Mar de Weddell, segundo a Agência Espacial Europeia.
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Uma gigantesca placa de gelo se desprendeu da borda congelada da Antártida no Mar de Weddell, dando origem ao maior iceberg do mundo, afirmou a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) em um comunicado divulgado nesta quarta-feira (19/05).
O iceberg, denominado A-76, tem cerca de 170 quilômetros de comprimento e 25 quilômetros de largura. Sua área total é de 4.320 quilômetros quadrados, superfície correspondente a quase três vezes a área da cidade de São Paulo, segundo imagens de satélite capturadas pelo Copernicus, programa de monitoramento das mudanças climáticas da ESA.
O A-76 se separou da plataforma de gelo Ronne, no noroeste da Antártida, e foi detectado pela primeira vez pela instituição britânica de pesquisa da Antártida British Antarctic Survey (BAS). Ele também foi detectado pela missão Copernicus Sentinel-1, da ESA, que envolve dois satélites em órbita polar.
O Centro Nacional de Gelo dos Estados Unidos confirmou o iceberg usando as imagens do Copernicus Sentinel-1.
O A-76 assumiu o posto de maior iceberg do mundo, até então ocupado pelo A-23A, que também flutua no Mar de Weddell e tem aproximadamente 3.380 quilômetros quadrados.
A plataforma de gelo Ronne é uma das maiores das várias camadas gigantescas de gelo flutuantes que se conectam à massa de terra do continente e se estendem para os mares circundantes.
Embora o desprendimento regular de grandes pedaços das plataformas de gelo faça parte de um ciclo natural, algumas plataformas sofreram um rápido rompimento nos últimos anos.
Mudanças climáticas
Cientistas dizem que o fenômeno pode estar relacionado às mudanças climáticas, de acordo com o Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos.
Em novembro do ano passado, o que era então o maior iceberg do mundo parecia estar em rota de colisão com uma ilha remota do Atlântico Sul, santuário marinho, lar de milhares de pinguins e focas, ameaçando impedir sua capacidade de coletar alimentos.
O iceberg, conhecido como A-68A, se separou da plataforma de gelo Larsen, que aqueceu mais rápido do que qualquer outra parte do continente mais ao sul da Terra.
O A-68A, que tinha 160 quilômetros de comprimento e 48 quilômetros de largura, se partiu antes que pudesse causar qualquer dano à abundante vida selvagem no território britânico ultramarino da Geórgia do Sul.
md/lf (Lusa, EFE, AFP)
Mudanças climáticas reduzem populações de pinguins
Fevereiro foi mês mais quente já registrado na Antártida. Alterações do clima afetam seriamente a região remota, e a população de pinguins de Chinstrap caiu para menos da metade, como cientistas constataram recentemente.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Em missão antártica
Uma equipe de cientistas de duas universidades americanas partiu para uma expedição antártica no início de 2020. Por várias semanas eles estudaram o impacto das mudanças climáticas sobre a região remota. Mais especificamente, queriam avaliar quantos pinguins de Chinstrap restavam na Antártida Ocidental em comparação com a última contagem da população, na década de 1970.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Manso e curioso
Os pinguins de Chinstrap habitam as ilhas e costas do Pacífico Sul e dos oceanos antárticos. Seu nome se deve à estreita listra preta na parte inferior da cabeça. Mesmo antes de os cientistas escutarem os estridentes sons dos pássaros, um cheiro cáustico de excrementos indica a proximidade de uma colônia. Os pinguins não aprenderam a temer os seres humanos, por isso ignoram seus visitantes.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Resultados chocantes
Os cientistas usaram técnicas de contagem manual e por drones para contabilizar os pinguins de Chinstrap. Suas constatações revelaram que algumas colônias sofreram uma queda de mais de 70%. "Os declínios que vimos são definitivamente dramáticos", disse à agência de notícias Reuters Steve Forrest, biólogo da conservação que fez parte da expedição.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Cadeia alimentar em declínio
Os pinguins de Chinstrap se alimentam de pequenos animais marinhos, como krill, camarões e lulas. Eles nadam até 80 quilômetros todos os dias à busca de alimentos. Suas penas bem compactas funcionam como um casaco impermeável e permitem nadar em águas geladas. Mas as mudanças climáticas estão diminuindo a abundância de krill, o que dificulta a sobrevivência das aves.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Desafios de reprodução
Pinguins de Chinstrap preferem aninhar em lugares particularmente inacessíveis e remotos. Quando procriam, constroem ninhos circulares de pedras e põem dois ovos, que o macho e a fêmea se revezam para incubar, em turnos de cerca de seis dias. Como o aquecimento global está derretendo as camadas de gelo e reduzindo a abundância de alimentos, porém, a reprodução é menos bem-sucedida.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Implicações mais abrangentes
Estima-se que haja 8 milhões de pinguins de Chinstrap em todo o mundo, razão pela qual eles não foram motivo de preocupação até agora. Mas nos últimos 50 anos sua população na Península Antártica foi reduzida a menos da metade. Eles não estão em perigo iminente de extinção, mas o declínio de suas populações é um forte alerta sobre as grandes mudanças ambientais em curso.